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Música

O Amplifest começa amanhã

E eu decidi dizer-vos umas verdades sobre o melhor festival do ano.

Olá. O meu nome é Paulo Cecílio.

Tenho consciência de que tem sido o Miguel Arsénio a escrever os artigos sobre o Amplifest que têm lido por aqui, mas visto que ele é um conas e que não irá estar presente no Porto durante este fim-de-semana, tomei a liberdade de entrar com um artigo de última hora. Não porque vocês o mereçam, mas porque eu não tenho nada que fazer e esta cidade inspira-me. De cada vez que venho até ao Porto, os olhos marejam e o corpo ginga suavemente ao som da belíssima linguagem que escuto enquanto caminho — foda-se, quase me apaixonei pela mulher que, no café onde fui almoçar, não parava de gritar QUÉRO MAIS UMA SOUPA, naquele sotaque lindo, maravilhoso, musical. Estou tão excitado que estou prestes a descer à Ribeira só para bater uma sobre o rio. O Amplifest, que é, sem sombra de dúvidas, o cartaz do ano (bastava incluir o regresso dos GY!BE), começa só na sexta-feira, quando uma miríade bafejada pela sorte tiver a oportunidade de entrar no Passos Manuel para assistir ao concerto dos Barn Owl, que será imenso, intenso, e outros adjectivos acabados em -enso. Dou a dica: levem ganza. Montes de ganza. E se virem um tosco com um gorro na cabeça e com um possível cachecol do Futebol Clube do Porto ao pescoço, ofereçam-lhe ganza. Era um favor que lhe faziam. Se forem simpáticos, acabarão a noite num bar qualquer a espancar gin com pessoas igualmente simpáticas, vindas de todos os cantos que interessam, de Alverca ao Porto, de Ponte de Lima a Aveiro. Não quero com isto dizer que devam acabar todos cegos e sem disfrutar dos concertos como deveriam (ou talvez queira, fodam-se todos, vocês são jovens e a vida são dois dias). No sábado começarão os concertos a sério, isto é, aqueles a que todos os que tiverem bilhete poderão assistir, com destaque, claro, para os Bohren & Der Club Of Gore, que são a melhor banda de jazz noir deste lado do Atlântico. Quando se fala em jazz noir estamos, claro está, a falar de jazz para metaleiros: pesado, belicoso, assassino — um romance de faca e alguidar em tempo real, e algo que vos fará borrar a cueca toda se não estiverem preparados. E é claro que vocês não vão estar preparados, se seguirem o conselho que deixei entre parêntesis. Façam-no, que deve render boas fotos no Instagram. E não mintam, porque, se lêem a VICE, só podem ser uns hipsters de merda — e, por conseguinte, têm conta no Instagram. E visto que isto é uma análise rápida, resta falar do outro cabeça: os Godspeed, claro, que têm disco novo onde uma malha — a “Mladic” — irá situar-vos no Kosovo, à espera que vos atinjam todas as bombas que a NATO por lá deixou. Música para vos fazer pensar, politicamente falando. Esta descrição poderia soar merda, mas não é; os Godspeed não são uma banda anarco-punk parva. Se não os apanharam em 2002 quando ele passaram pelo Paradise Garage, esta é a vossa última oportunidade — não é assim tão fácil apanhar os canadianos por cá. O que igualmente significa que, se encontrarem o André Mendes, o ponta-de-lança da Amplificasom que tornou isto possível, não lhe devem dar ganzas: façam-lhe felácios. Embora esteja certo de que ele não se importa se optarem por ambas. Posto isto, que desculpa têm vocês para não vir? A crise, a puta da crise? Essa é aceitável. A falta de vontade? Era quem vos espetasse três putas nesses cornos (outra expressão que não me canso de utilizar quando cá venho). Reparem: o Amplifest é o único festival até hoje que me mereceu a celebração de um dia -1, ao invés do zero tradicional (e nem me venham com Paredes de Coura). Merece-o porque vai ser um festival do caralho. Merece-o porque ocorrerá na melhor cidade de todo o mundo Ocidental. Merece-o porque nós, e reparem neste truque jornalístico de utilizar a primeira pessoa do plural, assim o dizemos. Vão à confiança. Um fim de Outubro em grande espera-vos.