Este artigo foi originalmente publicado na nossa plataforma VICE News.Ainda há corpos presos debaixo dos destroços dos edifícios que colapsaram na cidade Indonésia de Palu, onde os serviços de emergência médica continuam a enfrentar dificuldades extremas em lidar com as consequências do tsunami devastador que assolou aquele destino turístico na última sexta-feira, 28 de Setembro.Até agora, mais de mil e 200 pessoas foram dadas como mortas, com centenas ainda desaparecidas, segundo alertam as autoridades indonésias. Pensa-se, aliás, que o número de mortes deverá subir significativamente nos próximos dias, à medida que as autoridades vão procurando pelas centenas de corpos que suspeitam estar enterrados debaixo dos edifícios destruídos.
Publicidade
Na sexta-feira, pouco depois das 18h00 (hora local), foi sentido um terramoto de magnitude 7.5 na escala de Richter, na ilha central de Sulawesi, que deu origem ao tsunami.
Palu, uma zona costeira conhecida pelos seus resorts turísticos, foi atingida por ondas de seis metros de altura, que devastaram edifícios, estradas e pontes e deixaram as casas enterradas debaixo de toneladas de lama. Centenas de pessoas estavam na praia para um festival local quando as ondas chegaram e arrasaram tudo o que lhes apareceu pela frente. Palu, com uma população de 350 mil pessoas, foi o sitio mais afectado. Milhares de casas foram destruídas, assim como um hotel de oito andares, um hipermercado e um hospital.
Noutra cidade costeira, Donggala, com uma população de 270 mil pessoas, o tsunami também causou grandes estragos, mas, dada a precariedade das linhas de comunicação, ainda não se sabe ao certo a magnitude dos danos. Apesar das sirenes de aviso de tsunami terem soado, não chegaram a toda a parte, já que o terramoto deitou abaixo redes de comunicação e de energia, impedindo o envio de mensagens de texto ou de sirenes de aviso.
A agência indonésia de meteorologia e geofísica, BMKG, enviou um aviso logo após o terramoto começar, alertando os residentes para potenciais ondas entre 0.5 e três metros. No entanto, os responsáveis têm sido alvo de críticas por terem suspendido o mesmo após 34 minutos. A agência defendeu o seu procedimento, ao dizer que o aviso só foi suspenso depois da terceira - e ultima - onda ter chegado a terra.
Publicidade
Agora, os serviços médicos de emergência estão com dificuldades em resgatar os sobreviventes, devido aos cortes de electricidade e à falta de equipamento para levantar pesos desta dimensão. Em alguns casos, voluntários têm simplesmente escavado a lama com as próprias mãos. "A comunicação é limitada, o equipamento pesado é limitado… Não é suficiente para a quantidade de edifícios que colapsaram", avança Sutopo Purwo Nugroho, porta-voz da Agência Nacional de Mitigação de Desastres.
Na segunda-feira, 1 de Outubro, foram escavadas valas comuns nas montanhas de Palau, com as autoridades a avisarem os voluntários para se prepararem para mil e 300 corpos.Para aqueles que sobreviveram ao tsunami de sexta, segue-se agora uma escassez de comida, de água e combustíveis. Alguns acabaram por pilhar lojas e bombas de gasolina, outros milhares estão no aeroporto à espera de conseguirem escapar à devastação, mas só sai um voo por dia.
"A situação nas áreas fechadas é um pesadelo," diz Jan Gelfand, director da International Federation of Red Cross and Red Crescent Societies (IFRC). E acrescenta: "A cidade de Pula ficou devastada e os primeiros relatórios de Donggala indicam que também esta sofreu grandes consequências devido ao duplo desastre natural".
Some Red Cross volunteers reported incidents of “liquefaction” where saturated soil has turned liquid and swallowed whole houses. On Sunday, Nugroho tweeted a terrifying video of liquefaction happening.
Publicidade
Alguns voluntários da Cruz Vermelha reportaram incidentes de "liquefação do solo", com os terrenos saturados a tornarem-se líquidos e a engolirem casas inteiras. No domingo, 30 de Setembro, Nugroho partilhou num tweet um vídeo assustador da liquefação a acontecer.
Segue a VICE Portugal no Facebook, no Twitter e no Instagram.Vê mais vídeos, documentários e reportagens em VICE VÍDEO.
A tragédia chamou a atenção para o sistema de alerta indonésio, que aparenta não ser de todo ideal, já que consiste numa rede de 170 estações de banda larga sísmica, 238 estações de acelerómetros e 137 medidores de maré. Um porta-voz da BMKG descreveu o sistema como "muito limitado", devido à falta de financiamento para manutenção."As nossas ferramentas actuais são insuficientes", avança Rahmat Triyono à BBC. E sublinha: "Aliás, dos 170 sensores de terramotos existentes, só temos orçamento para a manutenção de 70 deles". O sensor mais próximo de Palu fica a 200 quilómetros e subestimou significativamente o tamanho do tsunami que aconteceu na sexta-feira.
Segue a VICE Portugal no Facebook, no Twitter e no Instagram.Vê mais vídeos, documentários e reportagens em VICE VÍDEO.