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311 dias sem ela: ex-policial do BOPE é apontado como assassino de Marielle

Suspeito foi expulso da corporação por envolvimento com a máfia do jogo do bicho e atua como mercenário do crime organizado.
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Imagem via Wikimedia Commons.

Já somam um pouco mais de dez meses sem qualquer elucidação do assassinato da vereadora do PSOL Marielle Franco e Anderson Gomes. Embora a investigação possua como forte suspeito o vereador Marcello Siciliano como mandante do crime e suspeita que a motivação da execução envolve milícias e a grilagem de terras em comunidades cariocas, não foram colhidas provas que possam ligar o vereador ao duplo homicídio cometido em 2018 e ser o bastante para o Ministério Público apresentar uma denúncia formal contra os envolvidos.

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Após inúmeros percalços na investigação liderada pela Delegacia de Homicídios e o Ministério Público do Rio de Janeiro, a Polícia Federal anunciou em novembro que conduzirá uma investigação para elucidar possíveis interferências na apuração do caso de Marielle e Anderson. O envolvimento de milicianos e agentes públicos do Estado foi confirmado pelo ex-ministro de Segurança Pública, Raul Jungmann. Agora em 2019, o caso parece estar mais próximo de sair da fase da investigação.


Assista o nosso vídeo sobre Marielle Franco:


Segundo a reportagem do site Intercept, seis testemunhas interrogadas pela polícia apontam que a autoria do crime é de um ex-policial do BOPE (Batalhão de Operações Especiais) que, ao lado de um grupo paramilitar formado por dois antigos membros da corporação, atuam como mercenários do crime no Rio de Janeiro e possivelmente foram os responsáveis pela execução. As informações do inquérito foram obtidas ano passado pela TV Globo, mas a justiça do Rio de Janeiro proibiu a veiculação dos autos para não atrapalhar as investigações.

Ainda de acordo com o texto, o ex-PM foi expulso da Polícia Militar por conta do seu envolvimento com a máfia do jogo do bicho. Altamente treinado para matar, o ex-policial ingressou na Academia Dom João VI, o centro de formação de oficiais da Polícia Militar e posteriormente fez o curso para o BOPE. Ao perder o cargo, começou a atuar como mercenário do crime.

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Além do depoimento das testemunhas, a Delegacia de Homicídios também reviu dois casos de assassinatos cometidos em 2016 ainda sem solução: os de dois ex-sargentos da PM, Geraldo Antônio Pereira e Marcos Vieira de Souza, executados respectivamente em maio e setembro de 2016, cujo crime mantém as mesmas características de Marielle e Anderson.

O caso de Marielle e Anderson traz à tona desdobramentos macabros que podem revelar os complexos desdobramentos do crime organizado no Rio de Janeiro que envolvem policiais supostamente treinados para proteger a sociedade, funcionários públicos do estado e membros de milícias que trabalham em conjunto. Com a Polícia Civil e o Ministério Público em sintonia para encerrar as investigações, parece que agora é questão de tempo o caso ter uma denúncia formal e ir a julgamento.

Durante o longo período em que a sociedade esperou respostas, a imagem de Marielle foi revirada e desrespeitada inúmeras vezes por políticos, cabos eleitorais e até pelos próprios aliados do clã Bolsonaro. A vereadora foi alvo de notícias falsas ligando ela com o tráfico de drogas, foi tema de piadas cruéis, teve sua morte esvaziada e tratada como "qualquer outro caso de homicídio".

Durante as eleições no ano passado, o governador eleito do Rio De Janeiro, Wilson Witzel, participou de um vídeo ao lado de dois candidatos que rasgaram uma placa de rua homenageando Marielle.

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