Uma celebração das grandes fotógrafas da diáspora africana
Todas as fotos por Laylah Amatullah Barrayn.

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Viagem

Uma celebração das grandes fotógrafas da diáspora africana

Laylah Amatullah Barrayn destaca vozes pouco representadas em sua fotografia e curadoria.
Madalena Maltez
Traduzido por Madalena Maltez
MS
Traduzido por Marina Schnoor

“Minha mãe estava sempre documentando a família”, diz Laylah Amatullah Barrayn a VICE. “Ela tinha essa urgência em fazer uma foto.” Os encontros de família em sua casa no Brooklyn rendiam muitas imagens que acabariam se tornando um arquivo de família. Primos, avós, bisavós, todos documentados, a memória deles mantida mesmo por parentes que nunca os conhecer, graças aos rostos cimentados em imagens. “Acho que isso realmente me impactou”, ela diz. “Isso se tornou um jeito importante de saber quem eu era, através da minha família e das imagens que minha mãe criava. As fotos dela eram poderosas e me afetaram — quem sou e quem sei que sou.”

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Desde então, Barrayn transformou sua criação de imagens numa carreira de sucesso como fotojornalista. Recentemente ela ganhou a En Foco's Photography Fellowship de 2018; seu trabalho foi exibido no Museum of Contemporary African Diasporan Arts e no Museu de Fotografia Contemporânea, entre muitos outros; suas fotos já apareceram em publicações como The New York Times, Vogue e The Washington Post.

Nos últimos 20 anos, Barrayn tem viajado regularmente para o Senegal, interessada na população de maioria muçulmana e na cultura pesadamente influenciada pelo sufismo. Como cresceu numa família sufi, ela se identificou profundamente com o que encontrou no Senegal. As imagens que Barrayn cria são explosões de cores, espíritos e até admiração. Seu trabalho é respeitoso com as comunidades que ela visita, enquanto mantém uma intimidade que você não conseguiria com um envolvimento apenas casual.

“Trabalho devagar, então provavelmente é isso que você vê: eu tirando tempo para conhecer o ambiente onde estou, conhecer as pessoas em particular com quem estou trabalhando e me comunicando”, ela diz. “É um processo lento. Tento respeitar e entender todas as coisas éticas envolvidas no trabalho como fotógrafa documental e jornalista. Adoro estar no continente africano e adoro o Senegal em particular, então acho que isso também foi algo que senti quando estava criando essas imagens.”

Sua nova série no Senegal foi feita em Baye Fall, uma conhecida comunidade muçulmana sufi do país. Imagens da série estão na exposição “Baye Fall: Roots in Spirituality, Fashion, and Resistance”, no Taubman Museum of Art na Virgínia até 15 de julho. Nos últimos três anos, Barrayn também vem fotografando mulheres que viveram o conflito Casamansa no sul do Senegal, documentando suas vidas e fazendo retratos delas. Ano passado, ela passou um tempo em Zanzibar, no Cairo e no Senegal, documentando diferentes tipos de cura e limpeza espiritual através do exorcismo. Foi esse trabalho que rendeu a ela o En Foco Fellowship.

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Além de seu trabalho no Senegal, retratos de mulheres de Nova York, e trabalho freelance para o New York Times, Barrayn também cofundou o jornal de fotografia MFON: Women Photographers of the African Diaspora com a artista e educadora Adama Delphine Fawundu. Batizado em homenagem a Mmekutmfon “Mfon” Essien, que morreu de câncer de mama antes de seu trabalho estrear na exposição “Committed to the Image: Contemporary Black Photographers”, o jornal é dedicado a compartilhar obras de fotógrafas de ascendência africana. A primeira edição apresentava mais de 100 artistas. Futuras edições vão apresentar quatro ou cinco fotógrafas, além de entrevistas e ensaios. A próxima deve sair em setembro, bem a tempo do Photoville, o evento anual da United Photo Industries.

“Não há muitas fotógrafas negras ou africanas com a plataforma que merecem”, diz Barrayn. “Não podemos deixar outra fotógrafa desaparecer nas nossas memórias. Queremos trazer nossas irmãs conosco, mostrar seu trabalho e apoiá-las.” Esse apoio também se estende ao novo MFON Legacy Grant, que todo ano vai premiar “uma fotógrafa de ascendência africana que demostrou compromisso com a criação de imagens no espírito da obra de Mfon”.

Things Unseen, da série "Cleansing the Spirit" Zanzibar, 2017

Evelyn Coly, da série "Women of Post-Conflict Casamance", Ziguinchor, 2017

Family, da série "To The East", Abu Dhabi, 2015

Dra. Kaila Story, da série "You May Sit Beside Me: Visual Narratives of Black Women and Queer Identities", Filadélfia, 2014

Khassida à Thiès, da série "Baye Fall: Roots in Spirituality, Fashion, and Resistance" Thiès, 2014

Respect to Mame Diarra Bousso, da série "Baye Fall: Roots in Spirituality, Fashion, and Resistance", Prokhane, 2015

Sonia Sanchez, da série " Her Word as Witness: Women Writers of the African Diaspora", Filadélfia, 2011

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