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Feminisme

Quais as chances de você morrer sozinho?

Depois de ler várias matérias sobre pessoas que morreram sozinhas, perguntei a um estatístico qual a probabilidade de ter o mesmo destino.
MS
Traduzido por Marina Schnoor
Foto por Audrey Shtecinjo via Stocksy.

Matéria originalmente publicada no Broadly .

A vida inteira – desde os anos da minha adolescência como virgem de monocelha até os dias de hoje – tem um tipo de matéria que sempre adorei ler mais que todas as outras: contos de pessoas que morreram sozinhas, ficaram se decompondo por períodos indeterminados até que o cheiro se tornou forte demais e os vizinhos chamaram as autoridades.

Em 2006, os restos de Joyce Vincent foram encontrados em seu flat em Londres, onde ela ficou por quase três anos depois de sua morte, com a TV ainda ligada. George Bell estava morto há uma semana antes de seu corpo ser encontrado, e só porque ele estacionou o carro do lado errado da rua e seu vizinho notou as multas se acumulando no para-brisa. Essas histórias rendem manchetes no mundo inteiro, e fazem muita gente se questionar sobre quem procuraria por elas se elas nunca mais saíssem de casa. Alguém notaria uma irregularidade na sua rotina? Você pode acabar como Bell e Vincent – sem ser notado e com ninguém de luto por você?

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Quando não consigo dormir, muitas vezes fico deitada na cama calculando as possibilidades de acabar apodrecendo ignorada no meu apartamento. É um tema a que vivo retornando no meu trabalho, sempre que pergunto a médicos quais as chances de falecer sozinha (eles ficaram mais preocupados com meu cabelo), ou consultando especialistas em comportamento felino sobre se seu gato vai te comer se você morrer de repente (provavelmente não).

Mas, afinal, quais as chances reais de ver o fim dos meus dias sozinha? Até agora, só tenho os testemunhos de alguns médicos e amigos mais próximos (que acham que só vou morrer sozinha porque sou uma baita chata narcisista). Eu precisava de respostas definitivas, e rápido, então perguntei ao especialista em estatística Alan Salzberg da firma de consultoria Salt Hill Statistics. Vou morrer sozinha? Leia o que ele disse abaixo:

VICE: Oi, Alan. Obrigada por falar comigo. Do ponto de vista estatístico, como você definiria alguém que morre sozinho?
ALAN SALZBERG: Tradicionalmente, quando você pensa em alguém que morre sozinho, tendemos a pensar em pessoas que não têm filhos. Se você tem um filho, é muito improvável morrer sem que ele ou ela perceba.

Então você deve ter filhos se tem medo de morrer sozinho?
Claro, e a maioria das mulheres têm filhos, apesar de que a partir de uma certa idade, tipo uns 50, é muito improvável engravidar, mas quem é mais jovem tem muita chance de ter filhos. Para mulheres que não têm filhos, a probabilidade de morrer sozinha é muito maior porque as mulheres vivem mais. Com menos homens conforme você vai ficando mais velha, a probabilidade de morrer sozinha se torna maior. [ Nota do editor: Supondo que você não está num relacionamento com outra mulher.] Mas muito disso depende da sua saúde. Você se sente com boa saúde e acha que vai viver muito tempo? Então pode ter um problema. Você tem muito mais chances de morrer sozinha.

Então, se você tem medo de morrer sozinha, é uma boa ideia não dar a mínima para a saúde?
Claro, se você não quer morrer sozinha é bom tentar morrer antes, acho.

Morrer jovem ou ter filhos são as duas únicas opções quando se trata de não morrer sozinho?
Sim, você precisa morrer cedo ou ter filhos. Ter filhos ajuda muito.

Algum outro fator?
Em geral, pessoas mais ricas e com mais educação tendem a viver mais, porque têm acesso a serviços de saúde. E fatores como depressão também afetam o tempo de vida. Mas as pessoas só são extremamente deprimidas quando são muito pobres, não só um pouco pobre. Então acho que se você é muito pobre e muito deprimido, você provavelmente vai morrer jovem e talvez não sozinho. Mas esse também não é um bom resultado.

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