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fidget spinners

Me tornei um fidget spinner para tentar entender a modinha

Eu não conseguia entender por que tanta gente tinha pego essa febre. Até me apaixonar por ela.

Esta matéria foi originalmente publicada na VICE US.

Fidget spinners são como os ioiôs e os Beyblades antes deles, um simples brinquedo que, por razões desconhecidas, se tornou intensamente fascinante pra molecada em geral. O brinquedinho – inicialmente vendido para aliviar o stress e ajudar com problemas de deficit de atenção ou ansiedade – foi co-optado pela criançada com uns trocos pra gastar.

Modinhas vêm e vão, e muitas vezes é inexplicável por que e como elas estouraram antes de sumirem. Em 2017, fidget spinners são uma Modinha com "m" maiúsculo. E não entendo o por quê.

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Todas as fotos por Jake Lewis.

Então fui para Rye Lane no sul de Londres – lar de centenas de estandes de reparo de celular que agora vendem fidgets de baciada – para tentar decodificar o mistério dos spinners.

Se alguém entende de modinhas, são as mães, então procurei algumas delas no parquinho mais próximo. Essa jovem mãe (à esquerda) descreveu como o brinquedo se tornou uma febre na escola do filho de cinco anos. Quando ele usa seu spinner, segundo ela, ele fica "hipnotizado".

"É difícil dizer por que ele ficou tão obcecado", ela explica. "Ele nem consegue girar direito, mesmo assim é vidrado nisso."

Como alguém fica hipnotizado com algo que nem funciona direito para ele? Ela balança a cabeça, conformada. Como podemos entender melhor os fidget spinners? "Não vamos", ela disse, sendo um tanto apocalíptica. "Mas com sorte logo eles somem."

Tom e Hannah

Bom, não diga isso em voz alta, dona mãe, porque não foram só os corações do prézinho que acabaram capturados; mas também casais de millennials descolados. Como o Tom e a Hannah, que estão nessa há "quase três semanas".

"Eu estava no Primavera [um festival de música na Espanha] semana passada, e todos os meus amigos compraram spinners metálicos lindos. Eu também. Então esse spinner aqui é internacional", diz Hannah, girando seu spinner para mim.

"No show do Aphex Twin no Field Day [um festival de música de Londres]", acrescentou Tom, "alguém na minha frente tinha um fidget com luzinhas, e fiquei olhando mais para ele do que para o show de luzes da banda."

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Mas por quanto tempo um pedaço de plástico pode deixar gente grande entretida? "Bom, ainda não me encheu o saco", diz Tom. "Sempre acho que encheu… mas aí giro de novo."

Então, com as possibilidades aparentemente ilimitadas desses intrusos metálicos, será que já são usados entre quatro paredes? "Ainda não", confirmou Hannah. "Mas vi um comercial com um butt plug ligado a um spinner, mas não tenho um desses." Tom parece acanhado. Fala a real, Tom.

"Tentei girar o spinner no meu pau outro dia", ele diz. "A Hannah tinha saído." E ele prosperou nessas condições? "Não. Mas acho que isso diz mais sobre mim do que sobre o spinner."

Claramente há uma energia primitiva no spinner que não podemos explicar: ele atrai todo mundo, até nossos pintos; ele hipnotiza. Mas como entender essa coisa?

"É simples", diz Tom, parando seu spinner. "É só girar."

Girar? Simples assim? Poderia o mundo desse ingênuo repórter virar de cabeça para baixo com uma simples rotação?

Decidi fazer a mesma peregrinação que os comerciantes da Rye Lane me disseram que "mais de 300 crianças" fazem todo dia.

Segurando meu spinner recém-comprado – uma coisa tão pequena e preciosa – a questão permanecia: Qual é a graça?

Relembrando as palavras das mães e do Tom, a coisa logo ficou clara.

Para entender o fidget spinner.

Você precisa.

Se tornar um fidget spinner.

Só assim qualquer repórter sério pode realmente medir a que extensão eles estão moldando o mundo e nossas ruas.

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Muitos argumentam que os spinners podem "aliviar o stress" – que eles podem ajudar com os desafios que encontramos no dia a dia.

Já foi dito que simplesmente brincar com eles pode trazer luz pra vida de uma pessoa.

E é verdade, mas como todo mundo sabe, para realmente sacar como esses spinners que cabem na palma da mão fazem isso, é preciso fazer o que eles vieram ao mundo fazer: girar.

Enquanto as crianças gritavam "fidget spinner", se pendurando em mim, quase rasgando a coisa toda, os pais filmavam o espetáculo em seus celulares. É um barato vertiginoso para uma mania que você espera que suma abruptamente, o Pokémon Go da indústria de brinquedos de plástico.

Tudo que é bom dura pouco e todas as modinhas acabam alguma hora. Essa parece ser uma conclusão inevitável que – mais cedo ou mais tarde – o mundo vai passar para alguma coisa completamente diferente.

Mas aprendi uma coisa sendo um fidget spinner.

Entre ver bombados de academia tentando esconder o riso a posar para grupos de estudantes tirando fotos, eu experimentei uma felicidade muito intensa de todo mundo por quem passei. As crianças não veem o rapaz com cara de bolacha por trás do spinner gigante: elas viram algo além do humano, gritando "fidget spinner" para mim continuamente, como se eu fosse um conceito. A milhões de quilômetros dos armazéns onde eles são vendidos em Bloomingdale's, os fidget spinners estão disponíveis em literalmente cada esquina, de Londres a Nova York, por apenas $4.

Acho que o que estou tentando dizer aqui é: fidget spinners são a moda do povo. Eles têm um apelo de inspirar uma alegria banal e acessível para unir todos nós – pelo menos pelas próximas três semanas – até outra modinha aparecer.

Tradução: Marina Schnoor.

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