"Mais uma barreira que o rap quebra", diz Criolo sobre participar de 'Irmão do Jorel'
Foto: Kel Lima/VICE

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"Mais uma barreira que o rap quebra", diz Criolo sobre participar de 'Irmão do Jorel'

Colamos na sessão de gravação do rapper para o desenho do Cartoon Network, cuja terceira temporada estreou nessa segunda (16).

Se você assistiu à estreia da terceira temporada de Irmão do Jorel nessa segunda (16) no Cartoon Network, deve ter prestado bastante atenção na hilária batalha de rap entre um tomate e uma batata que aconteceu no episódio. Discutindo se o Tomate pode ou não ser considerado um legume, a dupla batalha com uma habilidade que só entendeu quem leu os créditos ao final do desenho. Ambos Tomate e Batata são interpretados pelo Criolo, o segundo rapper a aparecer em Irmão do Jorel após a participação do Emicida na segunda temporada.

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A vontade de participar saiu do próprio artista, que viu o episódio com o Emicida e se encantou pelo desenho. Após conversar com um membro da sua equipe que conhecia os criadores da série, Criolo entrou em contato com Juliano Enrico, o principal roteirista, e demonstrou seu interesse em participar. A VICE colou nas sessões de gravação do episódio Jardim da Pesada em dezembro para conversar com a dupla sobre desenhos animados, rap e as similaridades entre as duas formas de arte.

Ao longo de sua carreira, o Criolo já demonstrou interesse por outros desenhos — como o título “Lion Man” de uma faixa no Nó na Orelha, uma citação a Naruto em “Convoque Seu Buda” —, mas o rapper parecia nervoso quando sua sessão de dublagem começou, bem no começo da tarde. A ideia inicial era que Criolo fizesse somente a Batata, mas, em meio às gravações, o artista tomou gosto também pelo personagem do Tomate e o pegou para si.

Depois do fim sua sessão, em que gravou algumas opções de voz para cada personagem enquanto era dirigido por Juliano, Criolo me contou que a aparência nervosa era, na verdade, uma intensa concentração em tentar colocar sua voz de um jeito único para cada personagem. “Se expressar dentro de um texto que outra pessoa concebeu é uma experiência muito diferente. É um exercício de interpretação bem diferente com o seu timbre de voz, com a sua respiração, com a troca com todo mundo”, disse o rapper, que também comentou sobre a exigência do seu público. “Com criança não passa nada. Se não tem um calor ou uma verdade aquilo não se conecta.”

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Criolo após as gravações. Foto: Kel Lima/VICE

A música é intrínseca a Irmão do Jorel. Em outros episódios, o desenho já utilizou também o reggae, o hard rock e até a música caribenha. “A música ajuda a contar a história que está sendo narrada no episódio. É um recurso muito legal pra fazer piadas que acabam ajudando no ritmo das cenas, quebra um pouco os diálogos”, fala Juliano. Geralmente compostas pelo roteirista em parceria com Daniel Furlan, as canções são depois encaminhadas para o diretor musical do programa, Ruben Feffer, que se encarrega de dar os últimos detalhes — como uma orquestra ou um grupo de mariachis. As batidas de Jardim da Pesada, porém, têm uma particularidade: todas foram compostas pelo Edson Edy, membro da equipe de segurança onde o elenco grava suas dublagens e rapper.

“Certa vez, ele me mostrou os raps dele. Achei muito incrível e aquilo ficou na minha cabeça por muito tempo. Quando chegou o momento de fazer o episódio de rap com o Emicida, de primeira eu chamei ele pra ajudar a fazer as batidas. Agora [com o Criolo], fizemos um trabalho até mais amadurecido porque esse é um episódio mais musical, do começo ao fim”, falou Juliano. Além das batidas, que vão do Miami bass ao trap, passando pelo gangsta rap, Edson também interpreta o personagem da Cebola no episódio.

Fã do desenho, Criolo avaliou sua participação e de Emicida em Irmão do Jorel como “mais uma barreira que o rap quebra”. “O desenho animado faz parte de muitas crianças. Na maioria dos lugares você só tem a televisão enquanto referência de lazer, e o desenho acaba sendo um companheiro”, falou o rapper. “[Participar do desenho] é histórico pra gente que veio do rap, é um marco.”

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Juliano Enrico após as gravações. Foto: Kel Lima/VICE

Juliano concorda, e comenta sobre a importância de expôr seu público ao hip hop desde cedo. “Acho que muitas crianças vão ouvir rap pela primeira vez pelo Irmão do Jorel. Coisas que soam como Grandmaster Flash, Beastie Boys, Public Enemy vão entrar no coração das criancinhas primeiro pelo desenho, e depois elas vão entendendo todo o conceito e a história do rap”, fala. “Como roteirista, a gente vai pensando em coisas e depois vê o que fez. Depois do episódio do Emicida, eu recebi um vídeo de duas meninas gêmeas de seis anos cantando rap uma pra outra. Entrou algo novo ali na vida de alguém que talvez demoraria um pouco mais pra conhecer se não fosse o desenho.”

Confira mais fotos do making of do episódio abaixo.

Criolo durante as gravações. Foto: Kel Lima/VICE

Foto: Kel Lima/VICE

Foto: Kel Lima/VICE

Raul Chequer (voz da Cenoura, Limão e Uvinha no episódio), Juliano Enrico, Edson Edy e Melissa Garcia (Vovó Juju). Foto: Kel Lima/VICE

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