Marcello Fumaça, da banda Os Virgulóides, morre aos 51 anos

Paulinho Jiraya foi quem confirmou a notícia para a VICE. Baterista e vocalista do clássico grupo de samba-rock brasileiro Os Virgulóides, que marcou os anos 1990, Jiraya revelou por telefone que seu companheiro de banda, Marcello Cassettari, morreu nesta segunda (20) aos 51 anos. A causa que levou Fumaça, como era conhecido artisticamente, foi um escorregão no banheiro de casa que lhe custou duas costelas quebradas. Marcello morava em Mongaguá, litoral paulista, e foi levado para um hospital público em Santos, segundo Jiraya. “O que me deixa triste é que ele morreu por negligência médica. O médico mandou ele para casa e uma perfuração dos órgãos internos pela costela quebrada o matou”, lamenta o amigo.

Marcello foi levado à Unidade de Pronto Atendimento Quietude, onde, erroneamente, foi submetido a um raio-x da bacia. Sem condições de atendê-lo de maneira devida, indicaram que fosse ao Hospital Irmã Dulce. Segundo a filha dele relatou, não foi oferecido transporte ao paciente. Depois de aguardar horas pela demora no atendimento no Irmã Dulce, lá ele foi instruído a ir para casa e retornar à noite para buscar o resultado de um exame de sangue. Fernanda Cassettari disse ainda que seu pai reclamou de dores fortes na região das costelas, mas a equipe do hospital ignorou a gravidade do problema. A possibilidade de perfuração interna dos órgãos, segundo ela, sequer foi cogitada.

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Fumaça cantava, tocava guitarra e cavaquinho n’Os Virgulóides. Em outras bandas de rock no litoral, ele tocava baixo. Entrou na formação pouco antes de eles assinarem com a Polygram e lançarem o Só Pra Quem Tem Dinheiro?, álbum que teve a participação de Bezerra da Silva em “Alcoólatra da Fumaça”, e Raimundos, na faixa “Eu Sou Rebelde”, regravação de um sucesso da Jovem Guarda.

Com As Aventuras dos Virgulóides, a bem-humorada banda de Cidade Dutra, Zona Sul de São Paulo, ficou ainda mais famosa, mas este foi também o último disco. O maior sucesso de todos os tempos d’Os Virgulóides, no entanto, sempre será a faixa do primeiro disco, de 97, “Bagulho no Bumba”. O riffzinho de cavaco na introdução de “Bagulho no Bumba” é muito pegajoso, e marcou uma época do rock nacional, principalmente para quem assistia MTV. O que mais chamava atenção n’Os Virgulóides era a ironia das letras e a mistura de ritmos aparentemente incompatíveis pra época, mas que deram uma boa cadência.

A banda foi apadrinhada do Carlos Eduardo Miranda, que produziu o primeiro álbum. Logo no CD de estreia os caras venderam 200 mil cópias. Pela marca, Fumaça pôde comemorar com os camaradas o recebimento do prêmio MultiShow de Música Brasileira na categoria revelação. A última apresentação d’Os Virgulóides foi na edição carioca do Rock in Rio em 2001. Marcello havia saído um pouco antes.

Depois de um período sem contratos, os integrantes encerraram as atividades e seguiram a vida. Em 2012, o conjunto se reuniu para tocar na Virada Cultural de São Paulo. Marcello não esteve nesse reencontro, mas nunca deixou de tocar em bandas. Nos últimos tempos, ele integrava o grupo Matilha BR e trabalhou como auxiliar de fiscalização e motorista no IPEM-SP (Institutos de Pesos e Medidas do Estado de São Paulo).

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