100 anos de conflito no Brasil em fotos
Revolta de Aragarças: Rendição de amotinados. Aragarças, GO, dez. 1959. Arquivo digital. Campanella Neto/CPDOC JB

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100 anos de conflito no Brasil em fotos

338 imagens de um país pouco pacífico.

No centro da foto, um homem ajoelhado, mãos pra trás, tem o queixo erguido enquanto uma faca corta seu pescoço. O retrato, feito por autor desconhecido, registra a degola de um um revoltoso durante a Revolução Federalista, no Rio Grande do Sul, em 1894. Hoje, mais de um século depois, a cena não parece tão distante das cabeças que vimos rolar durante a crise do sistema penitenciário no Brasil no começo de 2017.

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Revolução Federalista: Execução de um revoltoso. Rio Grande do Sul, 1894. Acervo da Fundação Biblioteca Nacional – Brasil

Esse Brasil em conflito, um país pouco pacífico, é tema da exposição Conflitos: fotografia e violência política no Brasil 1889-1964, que será aberta no Instituto Moreira Salles do Rio de Janeiro neste sábado (25). Separada em 15 temas, a mostra reúne 338 imagens em que é possível ver revoltas populares, a ação das Forças Armadas e inúmeras tentativas de golpe de Estado no país.

Revolução de 1930: Empastelamento da Gazeta de Notícias. Av. Rio Branco, Rio de Janeiro, 24.10.1930. Agência O Globo

O recorte da exposição, que reúne imagens da Proclamação da República ao Golpe de 1964, é a ação das Forças Armadas no Brasil. Heloisa Espada, curadora da mostra e coordenadora de artes visuais do IMS, me diz por telefone que as imagens expostas têm um paralelo com o Brasil atual. “Estamos vivendo um momento super conflituoso e sempre conseguimos achar uma raiz na história.”

Suicídio de Getúlio Vargas: Motins. População ataca veículos de O Globo. Rio de Janeiro, 24.08.1954. Agência O Globo

Para a curadora a mostra “não é um retrato de um país feliz, é o retrato de um país em convulsão, onde há muita luta, luta de classes e muita gente em busca do poder”.

Maria Bonita em 1936. Fotógrafo desconhecido/Coleção Ruy Souza e Silva

A exposição também lança luz na história da fotografia documental no país. Isso porque, como me conta Espada, a autoria de fotógrafos no Brasil é algo tardio. Entre as fotografias expostas, muitas delas não possuem autor conhecido e outras tantas são de profissionais amadores da sua época. “O que é mais revelador [na exposição], é que só nos anos 1960 se começou a ter uma preocupação em colocar os créditos dos fotógrafos nos jornais, por exemplo.”

Levante dos Colonos do Paraná: Destruição dos documentos e escritórios da CITLA [Clevelândia Industrial e Territorial Ltda.]. Francisco Beltrão, PR. 15.10.1957. Fotógrafo desconhecido/Acervo Correio da Manhã/Arquivo Nacional

A ideia da mostra, diz Espada, “é fazer as pessoas refletirem sobre por que a sociedade chega a um nível de violência tão extremo. O que está em jogo para decapitar a cabeça de alguém? É uma reflexão sobre os poderes em jogo”. A exposição tem entrada gratuita. Conflitos chega a São Paulo em maio de 2018.

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Conflitos: fotografia e violência política no Brasil 1889-1964
Abertura: 25 de novembro, às 18h, com visita guiada pela curadora
Visitação: 26 de novembro de 2017 a 25 de fevereiro de 2018
De terça a domingo, das 11h às 20h Entrada franca - Classificação livre

Saque mais imagens da exposição:

Revolução de 1924: Secretaria do 1º Batalhão do Quartel da Luz. São Paulo, 1924. A. de Barros Lobo/Acervo Instituto Moreira Salles

Golpe de 1964: Tomada do Forte de Copacabana. Acervo Evandro Teixeira

Coluna Miguel-Costa Prestes. Guaíra, PR, 1924. Fotógrafo desconhecido/Acervo Biblioteca Nacional

Golpe de 1964: Brigada Militar dispersa passeata pró-Jango. Porto Alegre. Acervo Instituto Moreira Salles

Revolta de Jacareacanga, 1956: capitão Cazuza morto por militar do Exército. Fotógrafo desconhecido/Agência O Globo

Guerra do Contestado: Vaqueanos da Serraria Lumber. Três Barras, SC, 1915. Claro Jansson/Coleção Jandira Jansson

Revolução de 1924: Residência afetada por bombardeio. Fotógrafo desconhecido/ Acervo Monsenhor Jamil Abib

Guerra de Canudos: "400 jagunços prisioneiros", 1897. Flávio de Barros/Acervo Instituto Moreira Salles

Guerra de Canudos: "prisão de jagunços pela cavalaria", 1897. Flávio de Barros/Acervo Instituto Moreira Salles

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