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Vê este arrepiante documentário de 1973 sobre Charles Manson

"Manson", de 1973, faz o mais completo perfil do líder do culto Manson Family e reúne fala dos seus seguidores.

Este artigo foi originalmente publicado na VICE USA.

Na sequência da morte de Charles Manson no último domingo, aos 83 anos, temos assistido a uma nova onda de histórias sobre Manson, a sua "Família" e os crimes horrendos que cometeu. Apesar de ter passado a maior parte da vida na prisão, Manson exerceu uma estranha influência sobre a cultura norte-americana. Por um lado, devido ao quão famosos os crimes que cometeu se tornaram, por outro porque deu imensas entrevistas a partir da prisão - é fácil vê-lo a meter-se com Geraldo Rivera, ou a fazer caretas. No entanto, há ainda outra razão: é bastante difícil entender o porquê de os seguidores de Manson terem feito coisas tão horríveis.

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É por isso que o documentário definitivo sobre Manson, não é com o próprio Manson - que passou a vida a manipular pessoas -, mas sim com a sua "Família" e as arrepiantes entrevistas que alguns dos membros da seita dão em Manson, de 1973.

Este documentário seminal, realizado por Robert Hendrickson e Laurence Merrick, assenta basicamente em imagens reais do quotidiano da Manson Family na sua comuna, intercaladas com entrevistas. Num dos primeiros momentos do filme, Lynette "Squeaky" Fromme - que mais tarde seria condenada pela tentativa de assassinato do presidente Gerald Ford - discorre sobre os valores da seita. "Fazes o que for necessário fazer. Quando é preciso matar alguém, não há mal nenhum. Fazes e segues. E agarras numa criança e leva-la para o deserto. Agarras o maior número de crianças possível e matas quem se atravessar no teu caminho. Isto somos nós".

Mais adiante, Fromme mostra um vestido feito com madeixas de cabelo de membros, que cortavam para provar a lealdade a Manson depois de o seu próprio cabelo ter sido rapado na cadeia. Estes momentos arrepiantes tornam-se ainda mais efectivos pela forma mundana como Fromme fala sobre homicídio e sobre a sua fé em Manson. O resto do documentário dá bastante tempo de antena a outros membros - muitos dos quais jovens mulheres -, permitindo-lhes mostrarem as suas armas e falarem sobre as crenças hippies deturpadas de Manson e da sua moral relativista em relação ao homicídio.

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"Nós somos aquilo em que vocês nos tornaram", diz uma das mulheres, Brenda, a dada altura. E acrescenta: "Fomos criadas com a vossa televisão. Fomos criadas a ver Gunsmoke, Have Gun Will Travel, F.B.I., Combat. Combat era a minha série favorita".

O documentário foi filmado por Hendrickson e Merrick entre 1969 e 1972 - depois de Manson e outros membros terem sido presos pelos crimes, mas antes de a história se ter cimentado como um marco cultural no livro de 1974, Helter Skelter. As filmagens da "Família" foram gravadas na sua maioria na comuna de Spahn Ranch e em Death Valley. De acordo com o site AFI, Manson estreou no Festival de Cinema de Veneza de 1972 e foi nomeado para um Óscar da Academia nesse mesmo ano, mas nunca chegou a ter uma distribuição mais alargada até meados da década. Hoje em dia, não é fácil encontrar o filme, a não ser que se compre uma cópia em DV-R autografada pelo próprio realizador. Ou então, podes vê-lo no Youtube, claro está.


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