Como os smartphones transformaram a indústria da moda (e a tua vida)

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Como os smartphones transformaram a indústria da moda (e a tua vida)

Hoje em dia, todos somos fãs de mil e uma coisas ao mesmo tempo. Eu sou fã da forma como a tecnologia na palma da mão mudou a minha relação com a indústria da moda.

Há pouco tempo fui a Paris. Visitei o Museu Yves Saint Laurent e um dos privilégios que mais recordo foi o de poder observar a simulação do atelier do designer com os objectos dispostos tal e qual como ele os preservava: livros, quadros, cadernos, mil canetas e lápis, prémios, tecidos… Não pude deixar de pensar que, se fosse hoje, estaria ali o seu smartphone - que gosto de imaginar em dourado - e de como o seu trabalho teria sido influenciado pela tecnologia dos nossos dias.

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Ando também a acompanhar a segunda temporada da série American Crime Story, sobre o assassinato de Gianni Versace, outro alto nome da indústria, como sabem, e, pensando nisso agora, pergunto-me se alguns dos dilemas e maiores acontecimentos da casa poderiam ter tido outros contornos. Aquele momento em que Gianni leva Donatella, sua irmã/musa, à festa dos 100 anos da Vogue, em 1993, vestida num modelo idealizado pelos dois, causa uma onda de furor.

Aquele momento, não só catapulta Donatella para algo mais do que irmã/musa, como acaba por ser um dos pontos de viragem da marca na esfera pública. No respectivo episódio da série, Penélope Cruz - que por acaso encarna uma belíssima Donatella - pergunta o que mais se poderia fazer para atrair atenções para a Versace. Hoje, a minha questão é outra: com a existência de um smartphone, aquele momento seria, sem dúvida, categorizado como viral, certo? E, certamente, iria parar em segundos aos mais variados feeds de Instagram, incluindo o meu.

E, já que estamos a falar dos Versace, é curioso ver aquilo que Donatella respondeu recentemente à mais conhecida revista de moda do Mundo. Segundo ela, o que aconteceu de mais excitante à moda, nos últimos tempos, foi… a tecnologia. Suspeito que a nós também, enquanto seguidores, admiradores, curiosos, criativos e, claro, não esquecer os haters, que ganharam muito com que se entreter.

Afinal, aquelas botas que não me saem da cabeça estão no meu bolso, tal como estão no meu bolso todas as tendências da última Semana da Moda de Paris, ou o talento absurdo de um novo designer proveniente de uma qualquer terrinha para lá do sol posto. Se, de manhã, ao acordar, o meu espírito estiver flat, Pinterest, “aqui vou eu!” ter com as tuas mil ideias confinadas no meu álbum “life influencers”. É. O meu telemóvel torna-se muitas vezes um assistente pessoal, um estilista e a melhor e mais rápida maneira de gastar dinheiro, obviamente.

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Marca que se orgulhe tem um site feito à medida de um ecrã, seja ele qual for e não negligencia a eficácia e proximidade do seu sistema de ajuda ao cliente, que pode acabar com todas as nossas dúvidas e fazer com que não se perca o foco na peça a adquirir. O Google confirma tudo isto ao ter apostado num novo serviço chamado “Google Express”, que lhe permite ficar com parte do lucro das vendas que são promovidas através do browser.

É esta a revolução. Não só estão diferentes as formas de ver e consumir, como, de facto, toda a gente se viu forçada a aprender as novas regras do jogo para subsistir. O relatório global da “Business Wire” sobre meios de pagamento online, diz-nos que um terço dos consumidores utilizadores da Internet, usa o pagamento mobile para as suas compras. Dados que estão a crescer todos os dias. Portanto, sim, a Google fez bem. Já para não falar nos algoritmos que funcionam em todas as redes sociais e pesquisas e que me sugerem, quatro vezes por dia, peças de roupa de Verão se andar, por exemplo, a pesquisar voos para Bali. Está tudo ligado.

Mobile Love Industries

Isto é comigo e, claro, muito a sério, com todos os millennials para quem o smartphone é tão importante como o oxigénio que respiram. É nele que está a sua porta para um mundo de possibilidades, guardem eles o objecto na mochila/bolsa/ou wherever. É esse o grande romance dos nossos dias – eu e o meu smartphone. E foi por isso mesmo que os millennials se tornaram a actual massa crítica. O poder de dar a algo uma boa ou má review está à distância de um clique, e olhem que eles fazem muitos cliques.

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Veja-se a nomeação da modelo Kendall Jenner como cara da Estée Lauder. A marca atribuiu parte do potencial da miúda para este papel, aos seus 25 milhões de seguidores no Twitter e outros tantos no Instagram. Não é à toa que as marcas têm vindo a experimentar novas formas de publicidade, não só recrutando influencers para lhes dar a cara e criatividade, mas também usando as novas plataformas em si. Já todos assistimos a vídeos e vimos campanhas exclusivamente criadas para o Instagram, em que o próprio utilizador poderá dar o seu input… É a era do engaging. Os desfiles de moda já não se medem pelos metros que uma Gigi Hadid percorre. Hoje, tem tudo a ver com o eco digital que os mesmo metros representam.

O destino final é sempre o mesmo - o imediato. É importante que esteja toda a gente a ver, a falar e a passar palavra. O que era cool hoje, amanhã já está atrasado. Claro que todos já ouvimos a expressão “isso é tão semana passada!”. Ora, actualizem-se, são sinais de um tempo em que as novidades deixam de as ser just like that! Em 2016, Scott Galloway, fundador da L2, public speaker e nome indicado várias vezes como um dos melhores professores destas coisas, afirmou que os consumidores e as plataformas digitais não teriam recebido o memo que dita que a moda sempre viveu de quatro estações.

Chegamos então à conclusão que o caminho para o sucesso é feito de dualidades – se por um lado parece mais fácil pela acessibilidade que a tecnologia nos oferece, é também cada vez mais desafiante criar formas inovadoras de alcançar objetivos e de ter uma capacidade de resposta que se destaque. Nem nós, pessoas, ficamos a salvo disso.

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É de pensar que designers até agora desconhecidos, são só parvos se não aproveitarem as facilidades que permitem levar o seu trabalho a todo o lado. A outra face disto é que toda a gente compete com toda a gente e isso é brutal.

Mas, não quero ser essa pessoa e focar-me-ei apenas na facilidade. Quantos fotógrafos de moda (e de outras áreas) surgiram ultimamente graças à câmara de qualidade que vem com o seu smartphone? A capa da Elle australiana de Junho de 2017, foi captada com um e é ilustrativa desse fenómeno. Vão ver que nem dão pela diferença. Quantas web stores funcionam e dão razão aos sonhos dos seus criadores e riqueza aos armários de várias it girl? Quantas miúdas não viram it girls, descobertas pelas redes sociais? Quantos não recebem milhões por criarem aplicações com ofertas que, se não fossem os smartphones, para nada serviriam?

O que vos quero dizer é que há cada vez mais sangue novo – pessoas e ideias - por todo o lado e o seu meio de transporte de eleição é o smartphone. Escolham bem o vosso, pode muito bem ser o vosso novo melhor amigo.


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