Baratas-Ciborgues com Microfones nas Costas Podem Ser Usadas em Resgates
Crédito: Bozkurt/NCSU

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Tecnologia

Baratas-Ciborgues com Microfones nas Costas Podem Ser Usadas em Resgates

Baratas são candidatas ideais para ajudar socorristas em operações de busca e resgate por conta dos mesmos motivos que as tornam repugnantes.

Baratas são candidatas ideais para ajudar socorristas em operações de busca e resgate por conta dos mesmos motivos que as tornam repugnantes: elas conseguem se embrenhar em cantos inacessíveis, e matar os monstrinhos é bem difícil. Além disso, é fácil rastreá-las com sensores e eletrodos, potencialmente atribuindo às baratas-robôs — ou biobots — um valor inestimável para as equipes de resgate que chegam primeiro às áreas de desastre, para que possam saber o que se passa nos locais impenetráveis.

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A última novidade em rastreamento é uma ideia de pesquisadores da Universidade do Estado da Carolina do Norte, e soa quase fofinha, se ignorarmos que são baratas. Os pesquisadores prenderam mochilas com placas de circuito nas criaturinhas e instalaram nelas redes de microfones unidirecionais. Os microfones transmitem sinais sem fio a um computador remoto. Ao monitorar a amplitude dos sinais, em testes controlados, os pesquisadores conseguem estimar a fonte de um som.

Insetos de mochila — que ideia encantadora, não? Não muito. Os pesquisadores também implantaram eletrodos nas baratas cirurgicamente, para estimular seus músculos com eletricidade, guiá-las na direção do som e enfim chegar à fonte. Alpert Bozkurt, principal pesquisador do projeto, me contou em um email que as baratas-robôs com sensores acústicos podem ser usadas para procurar e localizar sobreviventes de um desastre, rastreando os gritos de socorro.

"O objetivo é usar os biobots com microfones de alta resolução para diferenciar sons importantes, como pessoas pedindo ajuda, de sons irrelevantes, como um cano com vazamento", disse Bozkurt numa declaração da universidade. Assim que identificarmos os sons importantes, poderemos usar os biobots equipados com as redes de microfones para investigar os locais de onde vêm os sons.

Segundo um estudo que Alper e seus colegas apresentaram semana passada, no Congresso IEEE Sensors de 2014 , em Valência, na Espanha, a tecnologia poderia ser modificada com um único microfone unidirecional, no lugar de uma rede de microfones, para gravar sons ambientes e enviá-los de volta aos socorristas em tempo real. Se, por exemplo, uma barata com uma rede de microfones localizar um sobrevivente, outra barata com um microfone unidirecional poderia segui-la e estabelecer uma linha de comunicação entre elas e a equipe de resgate.

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A noção de transformar insetos — especialmente baratas — em redes de sensores móveis já existe há um tempo, a tecnologia é que ficou mais fácil de ser implementada. Um kit faça-você-mesmo de barata-robô, de 99 dólares, alcançou seu objetivo com êxito no Kickstarter ano passado, e cientistas da Universidade de Osaka recentemente descobriram como transformar as próprias baratas em baterias para abastecer os sensores que elas carregam. Cientistas adoram hackear as pestes.

"É mais fácil intermediar os sistemas neurais dos insetos com eletrônica, porque, em primeiro lugar, os comportamentos deles são movidos por reflexos e podem ser modificados com mais facilidade", Bozkurt me escreveu. "Segundo, seus sistemas neurais são menos complicados. Terceiro, os insetos são pequenos. Não temos robôs desse tamanho. Quarto, a maioria das evidências biológicas sugerem que eles não sentem dor como sentimos. Por isso, muitas questões éticas que se aplicam a animais vertebrados são relativamente mais brandas no caso de insetos."

O projeto de baratas-ciborgues sensíveis ao som ainda precisa resolver alguns impasses para ser usado em campo, caso seja mesmo usado, e parte deles envolve fazer com que os insetos sigam a nossa vontade. A questão está praticamente resolvida no papel, embora a tecnologia não seja perfeita. Bozkurt e seus colegas estão testando uma espécie de "cerca invisível" para controlar os instintos naturais dos insetos, com limitações demarcadas por um Kinect. Quando uma barata tenta ultrapassar as fronteiras, um estímulo elétrico a guia de volta.

Os pesquisadores também precisam lapidar os detalhes de calibragem dos pequenos microfones, para que possam mesmo captar os sons miúdos. Descobrir uma maneira de amplificar os sinais do microfone, para que sons mais distantes possam ser analisados, também está na agenda.

Só resta saber como os sobreviventes de um desastre lidariam com baratas carregando circuitos e eletrodos na direção deles. Podem me chamar de ingrato, mas eu surtaria.

Tradução: Stephanie Fernandes