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Música

Discos: Q’Hey

O reinado de Core.

Core
Torque
8/10 O que diz a Q’Hey um amigo que anda à sua procura há bastante tempo? “Q’Hey, been trying to meet you”. Depois da péssima piada, há que apresentar o seu sujeito Masaya Kyuhei (daí o aliás Q’Hey): experiente produtor de techno japonês, patrão da label Moon Age, curador de eventos vários e figura bastante activa na angariação de donativos para ajudar as vítimas do último grande terramoto no Japão. Masaya Kyuhei é, além de tudo isso, um músico paciente que, só após 15 anos de carreira, edita o seu primeiro álbum a solo: um Core não só decidido a ser um testamento de assinalável envergadura (em formato físico, ocupa quatro vinis de 12 polegadas), como o disco mais capaz de colocar a Torque de Osaka no mapa-mundi da techno. Core é de tal forma imponente que me obriga a utilizar duas das três palavras que, normalmente, tento a todo o custo evitar. Consegue ser colossal na sua média de seis minutos por faixa e aqui temos 12, sem que o aborrecimento espreite mais do que uma ou duas vezes. Tantas vezes é também quase tribal pela forma como associa a techno e as suas ramificações a um propósito principal: fazer dançar até que a noite dê lugar ao dia. A terceira palavra a evitar era esvoaçante, mas essa não precisou de ser utilizada. Só faz falta nas críticas a discos de pós-rock, que por agora terão mesmo de baixar as orelhas, enquanto Core goza do seu reinado.