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Música

O Ubunto quer levar o bass das regiões periféricas para o mundo

O baiano João Gabriel mistura candomblé, bahia bass e o que mais lhe der na teia em seu álbum de estreia, 'Piva'.
Foto: Vtao Takayama

"Ubuntu" é uma palavra filosófica do dialeto xhusa, falado no centro-sul da África, que, em termos simples, pode ser traduzida simplesmente como "compaixão" ou "generosidade". Numa definição mais complexa, porém, ubuntu é a fraternidade que liga todos os seres humanos; é o senso de compreensão é colaboração mútua, é a filosofia que busca por uma comunidade construída coletivamente. Em 2012, um jovem de 16 anos, o baiano João Gabriel Pereira, errou a grafia da palavra ao escolhê-la para nomear seu mais novo projeto "solo".

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Saído de uma recente colaboração com um amigo e ex-membro de banda, a noção que João (ou Ubunto) queria rejeitar era, justamente, a de que ia realizar um trampo sozinho. "Não vou chegar e escolher só meu nome, colocar DJ João Gabriel. Não funciona assim, eu acho isso um puta egoísmo inclusive", conta. "É uma questão de: beleza, você tá fazendo o bagulho sozinho mas você não chegou lá sozinho." Levando a teoria à prática, ubuntu é o fio que puxa o primeiro trabalho de Ubunto, Piva.

Piva conta com seis faixas que misturam axé e música eletrônica, instrumentos tocados e sampleados, flautas e tambores com synths. É o tal do bahia bass, sim, mas é também muito mais: João coloca na mistura diversos sons oriundos de sua religião, o candomblé. Tudo com muito respeito e cuidado. "Eu não levanto no peito o candomblé porque não acho justo. Tenho apenas como referência. Tudo que eu faço é muito muito muito muito bem pensado pra não cair em ideias erradas do tipo apropriação cultural", explica. "Hoje em dia muita gente viu o universo afro como uma porta pra ganhar dinheiro. Mas eu nunca quero levar isso como o ponto principal da minha música."

Foto: Vtao Takayama

O álbum foi gravado ao longo de muitos meses, parcerias e viagens — principalmente para lugares afastados e fora do alcance dos holofotes da bass music. Para João, esse é o principal lance do seu som: "É essa bandeira que eu levanto: música das periferias sonoras, não mundiais", conta, citando o coletivo N.A.A.F.I. e a Babylon Recordings como alguns dos sons mais "moderninhos" que o influenciam.

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Definindo Piva em poucas palavras, João diz que o álbum é "um grande mix de sons que são referências tanto do global bass mais conhecidão tanto quanto das periferias sonoras" e conta de algumas viagens que fez a Belém do Pará e ao interior da Bahia que o ajudaram a compôr o álbum; além da parceria com Sants, que o ajudou a mixar e masterizar o álbum.

"Ou seja, todo esse rolê… Só demonstra o que eu te falei em cima sobre o significado de ubuntu, sabe?"

Ouça Piva:

"Ubuntu" é uma palavra filosófica do dialeto xhusa, falado no centro-sul da África, que, em termos simples, pode ser traduzida simplesmente como "compaixão" ou "generosidade". Numa definição mais complexa, porém, ubuntu é a fraternidade que liga todos os seres humanos; é o senso de compreensão é colaboração mútua, é a filosofia que busca por uma comunidade construída coletivamente. Em 2012, um jovem de 16 anos, o baiano João Gabriel Pereira, errou a grafia da palavra ao escolhê-la para nomear seu mais novo projeto "solo".

Saído de uma recente colaboração com um amigo e ex-membro de banda, a noção que João (ou Ubunto) queria rejeitar era, justamente, a de que ia realizar um trampo sozinho. "Não vou chegar e escolher só meu nome, colocar DJ João Gabriel. Não funciona assim, eu acho isso um puta egoísmo inclusive", conta. "É uma questão de: beleza, você tá fazendo o bagulho sozinho mas você não chegou lá sozinho." Levando a teoria à prática, ubuntu é o fio que puxa o primeiro trabalho de Ubunto, Piva.

Piva conta com seis faixas que misturam axé e música eletrônica, instrumentos tocados e sampleados, flautas e tambores com synths. É o tal do bahia bass, sim, mas é também muito mais: João coloca na mistura diversos sons oriundos de sua religião, o candomblé. Tudo com muito respeito e cuidado. "Eu não levanto no peito o candomblé porque não acho justo. Tenho apenas como referência. Tudo que eu faço é muito muito muito muito bem pensado pra não cair em ideias erradas do tipo apropriação cultural", explica. "Hoje em dia muita gente viu o universo afro como uma porta pra ganhar dinheiro. Mas eu nunca quero levar isso como o ponto principal da minha música."

Foto: Vtao Takayama

O álbum foi gravado ao longo de muitos meses, parcerias e viagens — principalmente para lugares afastados e fora do alcance dos holofotes da bass music. Para João, esse é o principal lance do seu som: "É essa bandeira que eu levanto: música das periferias sonoras, não mundiais", conta, citando o coletivo N.A.A.F.I. e a Babylon Recordings como alguns dos sons mais "moderninhos" que o influenciam.

Definindo Piva em poucas palavras, João diz que o álbum é "um grande mix de sons que são referências tanto do global bass mais conhecidão tanto quanto das periferias sonoras" e conta de algumas viagens que fez a Belém do Pará e ao interior da Bahia que o ajudaram a compôr o álbum; além da parceria com Sants, que o ajudou a mixar e masterizar o álbum.

"Ou seja, todo esse rolê... Só demonstra o que eu te falei em cima sobre o significado de ubuntu, sabe?"

Ouça Piva:

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