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Música

A Eskimo Recordings Mantém a Tradição de Qualidade da Dance Music em Ghent, na Bélgica

Conheça a história lá gravadora belga que lança música sem róulos, em algum lugar entre o indie e a música eletrônica.

Somente nos últimos meses, a Eskimo Recordings chamou a atenção do THUMP em diversas ocasiões – primeiro com a tropimelancólica faixa de indie-house "Found My Place", do Alexander Skancke, e depois com o lançamento da Green Collection, da qual apresentamos em primeira mão a mistura de dark tech e house do Trulz & Robin, "Me To You". Recentemente, declaramos que "Running", do Blende, com participação do Gustaph, do Hercules & Love Affair, era "a parada mais funky que escutamos este ano". Certamente é um conjunto impressionante de releases, mas a real é que há muito tempo os selos de Ghent mantêm um padrão altíssimo de qualidade.

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No fim dos anos 80, a Bélgica foi tomada pelo New Beat, um movimento cultural local que misturava o estilo industrial e techno da vizinha Alemanha (sob o nome 'Electronic Body Music') com o house de Chicago e vibes de acid que emanavam do Reino Unido e além. O fenômeno teve um papel fundamental na explosão da cultura rave que aconteceu em seguida na Holanda e permanece forte entre a geração atual, vinte anos depois. No centro de tudo estava a segunda cidade mais populosa da Bélgica e capital informal da cultura – Ghent. A cidade medieval de 250 mil habitantes tem sido a rampa de lançamento para todo mundo, da R&S Records ao Soulwax e, por sua vez, influenciado a cultura dance ao redor do mundo.

Ghent ao anoitecer. Foto por Geoff Wah. 

A tradição dos selos em Ghent começou no final dos anos 80 com Renaat Vandepapaliere, um agitador entusiasmado que nutria certa implicância com a dance music. A sua gravadora, a R&S, passou as últimas três décadas abraçando e abandonando gêneros eletrônicos e  perpetuamente reinventando-se ao revelar todo mundo, do Joey Beltram ao Aphex Twin, passando pelo Lone.

Esta convergência natural do eletrônico com o orgânico é um tema frequente na música belga, e também está presente em um dos artistas exportados pela cidade. David e Steven Dewaele, mais conhecidos pelos pseudônimos Soulwax e 2ManyDJs, chamaram a atenção pela primeira vez como uma banda pós-grunge, em fins dos anos 90, fazendo sucesso com a contagiante "Much Against Everyone's Advice", antes de mudarem totalmente seu foco para faixas feitas para as pistas e influenciarem o eletro de meados dos anos 2000, que foi o começo de toda essa parada EDM nos Estados Unidos.

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"Tem muitos talentos aqui na Bélgica", diz o atual chefe do departamento de A&R da Eskimo, Nadiem Shah. "E Ghent tem uma cultura de clubes muito rica – muita música eletrônica, muitos DJs – especialmente DJs ecléticos", diz Shah. "Eclético é a palavra que sempre me vem à mente."

Foi sob este ethos que a Eskimo Recordings começou. Como muitos bons selos, a label começou como uma festa – que cresceu a ponto de ocupar cinco ambientes, com um público de sete mil pessoas durante os sets de indie-dance, que ultrapassavam as barreiras de gênero, do The Glimmers (que depois viriam a ser The Glimmer Twins). Os primeiros lançamentos do selo, em 2000, foram mixtapes da dupla, que estabeleceram a identidade da Eskimo – disco, funk, house e indie-pop/rock com uma inclinação eletrônica, tudo interligado por um ar divertido e um estilo elegante.

Nadiem Shah fala mais sobre o som: "Tem algumas palavras que me vem à cabeça quando penso na Eskimo", ele conta ao THUMP. "Definitivamente é eclético, mente aberta também. Depois, as palavras mais importantes para mim, pessoalmente, são: música atemporal e qualidade." Shah está ciente da aderência cultural de Ghent a esta tradição. "Eu estava numa conferência com o Renaat, que fundou o R&S", ele explica. "Ele tem a mesma visão sobre o selo dele – contanto que ele goste da música, ele não se importa com o gênero."

Acima: "The Monster", da Atella, e abaixo, "I Love You", do Brynjolfur 

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"As mixtapes moldaram musicalmente o selo e foram muito importantes para construir a comunidade certa, o público certo", continua Shah. "Abriu caminho para caras como o Lindstrøm e o Prins Thomas. Os dois primeiros discos deles nos definiram como selo. E depois, há alguns anos, o disco do Aeroplane fez dele o 'rei da nu-disco'. Esses lançamentos realmente se destacam, e muita gente nova descobriu a Eskimo através deles."

A música que a Eskimo apresenta ao mundo preserva um certo feeling sem ficar presa a qualquer fórmula rígida, e a gravadora tem buscado a divisa entre o indie e a música eletrônica com uma entrega total, sugerindo que não há divisa alguma. "O que estamos fazendo é estabelecer a Eskimo como um gênero em si", diz Shah. "Se assino uma faixa ou a coloco em uma composição ou seleção de faixas exclusivas, quero poder ouvi-las daqui dez anos e pensar que ainda são ótimas."

Bem, por falar em faixas ótimas, confira a playlist do Nadiem de lançamentos essenciais da Eskimo Recordings.

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Siga Jemayel Khawaja no Twitter - @JemayelK

Tradução: Fernanda Botta