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Comida

Por que você tem tanta larica quando enche a cara?

Uma pesquisa aponta que a manguaça desencadeia um estímulo neurológico que dá aquela fome do lanche podrão.
Phoebe Hurst
London, GB

Esta matéria foi originalmente publicada no Munchies.

Poucos desejos são tão fortes quanto aquele de ir atrás de comida depois de uma noite enchendo o caneco. A famosa larica de goró, se você preferir. Não importa quantas vezes você prometa ir pra casa direto do bar e só engolir uma aspirina e um copo de água antes de ir pra cama, lá está você sentado na frente da geladeira, metendo uma colherada de lasanha fria na boca e tentando lembrar onde guardou aquele chocolate de emergência. Pior ainda em termos de cintura, mas muito superior em satisfazer suas papilas gustativas ébrias, no lanchão da esquina pedindo um X-tudo com maionese de alho extra. Ah, e uma porção de batata frita com esse cheddar laranja fluorescente aí.

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Mas segundo um novo estudo do centro de pesquisa do Instituto Francis Crick de Londres, sua fome bêbada pode ser um mecanismo neural.

Tá vendo? Não é culpa sua cair de boca nos carboidratos e queijo vagabundo quando está mamado. É do seu cérebro.

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No estudo publicado no início do mês no jornal Nature Communications, os pesquisadores injetaram um grupo de ratos com o equivalente a um "final de semana alcoólico", o que dá mais ou menos duas garrafas de vinho e de seis a oito pints de cerveja. O segundo grupo de ratos não recebeu nenhum álcool.

Sem surpresa, os ratos da manguaça comeram mais que seus colegas sóbrios. Embora essa comilança induzida pelo álcool já tenha sido ligada a perda de consciência do consumo de calorias ou o chamado "efeito aperitivo", os pesquisadores do Francis Crick dizem que há um fator biológico em jogo.

Segundo o estudo, no cérebro o álcool estimula os neurônios "AgRP", que controlam a fome e são encontrados em ratos e humanos. Quando esses neurônios são estimulados, isso leva ao consumo excessivo de comida, "mesmo sem uma falta de energia" que justificaria a fome monstra.

Os autores explicaram que: "Se você tem um aumento de consumo de álcool, então, como resultado disso, através do efeito do álcool no seu cérebro, você vai ter um consumo maior de comida". Eles acrescentaram que quando os neurônios da fome AgRP eram desativados em alguns dos ratos, o exagero na comida decorrente do álcool parava.

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Gary Wittert, da Escola de Medicina da Universidade de Adelaide, não estava envolvido no estudo, mas discutiu o fenômeno com a ABC. Como ele explicou: "O álcool é ativo no cérebro num grupo de células nervosas na área que controla o consumo de alimento, e essas células nervosas fazem uma proteína chamada r-agouti — então esses são os neurônios AgRP. E quando os neurônios fazem essa proteína, eles regulam o consumo de comida, e o álcool está modulando o efeito desses neurônios para aumentar o consumo de alimentos".

Enquanto a pesquisa do Francis Crick está interessada em focar na ligação neurológica entre beber e comer demais, outros especialistas já destacaram as limitações desses experimentos em ratos. Scott Sternson, do Instituto Médico Howard Hughes de Nova York, disse a Scientific American que comparado com os ratos, o comportamento humano é complexo e fatores sociais ou ambientais podem impactar quanto comemos depois de beber.

Parece que seu desejo das 3 da matina por lanche podrão vai continuar sem explicação por mais um tempo.

Tradução: Marina Schnoor

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