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Sexo

O catolicismo arruinou a minha vida sexual

Há quem tenha passado demasiados domingos na igreja.

Depois de meses a fazer aquele sexo aborrecido e rápido, sempre na mesma posição (missionário, claro), com o meu namorado da altura, convenci-o a tentar algo diferente. Não tentámos cenas demasiado fora. Só lhe preparei um jantar romântico, com direito a uma banheira cheia de sabão e rodeada de velas, na esperança que, após uma longa e agradável troca de olhares, tentássemos um acto sexual mais excitante do que o habitual.

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Entrámos juntos na banheira e, de uma maneira estranha, escorreguei em cima do corpo dele. Mas toda a gente que já tentou ter um banho sensual sabe que nem tudo é como nos filmes. Para começar, há sempre sabão a ir para os olhos. E tentar coreografar os movimentos mútuos de dois corpos no meio disto tudo é como tentar caminhar sobre pedras macias e viscosas (sem sapatos). Então, persuadi-o a sair da banheira, queria que ele se sentasse na borda (que tem um espelho enorme à frente) e, de frente para o espelho, disse-lhe que queria ver.

"Ver? Mas ver o quê?", perguntou-me ele. "A nós! Não achas que isso é sensual?", respondi. "Talvez…", disse-me ele, a medo.

Na minha cabeça, comecei a pensar que tipo de homem é que estaria hesitante em apreciar uma gaja de 20 anos com mamas fresquinhas a dar cambalhotas com a sua pessoa. Naquele momento, também eu fiquei hesitante. Será que as minhas mamas não eram tão perfeitinhas quanto eu pensava que eram? Será que era assim tão grotesca que ele não me queria ver na totalidade? Mas virei-me e continuei a fodê-lo. Conseguia ver-nos reflectidos no espelho e pensei que estava o máximo (sim, durante algum tempo, fiquei maravilhada, a olhar para mim própria). Mas, ele… Ele tinha a sua cara enfiada no meu ombro. ELE NÃO ESTAVA A OLHAR!

"Amor, olha para nós. Olha!", incentivei-o. O que ele disse a seguir foi o início do nosso fim: "Não consigo, é só nojento. É errado!"

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Se achas que a pior altura de extrair a pila de alguém de dentro de ti é quando estás mega chateada, imagina como é que te sentirias se o teu namorado te fizesse sentir como se fosses a maior puta de sempre. E não estamos a falar de uma puta qualquer, nem sequer estamos a falar daquelas velhotas desdentadas que aparecem nos filmes de piratas, com as tetas descaídas à mostra. Depois de ter colocado um fim à nossa malfadada aventura aquática, ele não me conseguiu olhar nos olhos. Tomou banho, vestiu o pijama e foi dormir. Deitei-me ao lado dele e revirei-me pela cama até ganhar coragem para o acordar. Queria perguntar se ele me achava sensual.

"Não é que não sejas sexy, eu é que não fui educado para ver o lado sexy de alguém. Faz-me sentir estranho." Contou-me tudo sobre a sua infância católica, do quão pecaminoso era fazer sexo fora do casamento e que a mãe morria se alguma vez descobrisse que ele já não era virgem. Eu era apenas a segunda miúda com quem ele já tinha dormido, mas, ainda assim, fez-me sentir uma verdadeira prostituta.

Gostávamos um do outro, mas ele encarava a nossa intimidade como algo de repulsivo. Por vezes, senti que ele me tinha rancor por eu permitir que fizéssemos sexo. Por vezes, quando não fazíamos sexo durante semanas, implorava-lhe por uma mera foda (sim, implorei-lhe por sexo, não finjas que nunca o fizeste. Até porque implorar é erótico) e ele respondia cenas como "o sexo é a parte menos importante da nossa relação" ou "é ofensivo para mim ver o quanto te preocupas com sexo". Ou então, quando eu o chateava a sério, dizia que a minha "promiscuidade" era "pouco atraente".

Em retrospectiva, não deveria ter ficado tanto tempo com ele. Mas a minha mãe não me educou para ser uma desistente e, além disso, ele era giro e divertido. Só tínhamos problemas na cama. E, às vezes, na snobice. E no racismo. Convencia-me (ou ele é que me convencia) que isso não era importante e ambos utilizávamos o catolicismo como desculpa. Nunca lhe permitiram que tivesse educação sexual na escola, os pais dele nunca discutiram o sexo abertamente e toda a sua vida ouviu dizer que o sexo era mau, portanto a maneira como ele me tratava não era, de todo, culpa dele.

O problema é que, afinal, até era. Há católicos que estão sempre a ter sexo, tipo a Madonna. E não esqueçamos que, tirando o tempo em que viveu com os pais, ele cresceu num ambiente liberal, acompanhado por pegas como eu. Depois de termos acabado, encontrámo-nos numa festa. Ficámos ambos siderados. Ele levou-me para a casa de banho, onde me tirou o vestido à bruta, empurrou-me contra o lavatório e atropelou-me sexualmente. Foi o melhor sexo que alguma vez tive.

Já passado esse momento de êxtase, enquanto nos vestíamos, trocámos um olhar e posso jurar que descortinei alguns laivos de ódio a atravessarem-me, a cortarem, tipo laser, a minha vagina de pega. No entanto, ele abraçou-me antes de sairmos do WC e fiquei a pensar que talvez ele estivesse mudado. Uma semana depois descobri que ele contou a todos os amigos que eu era uma grande puta. Mas, e como uma amiga próxima me disse uma vez, "por amor da santa, a namorada de Jesus era uma prostituta, nem tentes dizer-me que o gajo não está sempre a sacar vaginas ordinárias".

Oremos a isso.