Boliches Norte-americanos São um Pedacinho do Purgatório na Terra

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Boliches Norte-americanos São um Pedacinho do Purgatório na Terra

É uma atividade esportiva/competitiva/de lazer tão simples que fico sem graça de explicar em voz alta: “Bom, hum, sabe, você tenta derrubar os pinos com a bola”.

É um "passatempo" no sentido mais verdadeiro da palavra, algo que só uma espécie com muito tempo livre poderia ter concebido. É uma atividade esportiva/competitiva/de lazer tão simples que fico sem graça de explicar em voz alta: "Bom, hum, sabe, você tenta derrubar os pinos com a bola". E, como tema, isso provavelmente não merece um pensamento contemplativo muito profundo – ou, mais de acordo com o que você vê aqui, uma exploração desse universo através de palavras e fotos.

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No entanto, alguns meses atrás, comecei a jogar boliche regularmente e percebi que, quando piso numa pista, seja do tipo que existe como um vestígio de outra era, seja do tipo que tenta sem sucesso se manter atualizada com o presente, começo a me sentir vagamente mal. Não fisicamente doente: isso é tipo um Humpty Dumpty existencial precariamente equilibrado e vulnerável por definição. Assim que sinto o cheiro do desinfetante que eles usam nos sapatos ou escuto o som de desenho animado de um strike, sinto como se estivesse perdendo a razão.

Minha hipótese é que os prédios em estilo hangar das pistas de boliche lembram um pouco um purgatório. Há algo no jogo e nos espaços onde isso acontece que, de alguma forma, destaca ou mesmo exagera a possível ausência de sentido da vida e quão entediados estamos. Só sei que nunca senti simultaneamente tanta atração e repulsa por alguma coisa. É como estar morrendo de fome, mas com uma dor de estômago extremamente chata.

Então, neste verão, o fotógrafo Eli Durst e eu passamos algum tempo jogando boliche e pensando sobre isso em Connecticut. Ele tirava fotos, enquanto eu escrevia palavras. Derrubamos muitos e muitos pinos. O objetivo era ganhar algum entendimento de como algo tão sem peso pode parecer tão pesado – como alguma coisa tão benigna pode ter dentes tão afiados.

GIDEON JACOBS

Tradução: Marina Schnoor