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O Primeiro Videogame de Corrida da Coreia do Norte É Horrível

No começo, um aviso é mostrado: "Este jogo foi desenvolvido em 2012 e não tem intenção de ser uma maravilha tecnológica de sucesso do século XXI, mas sim um jogo divertido de corrida (estilo fliperama) no qual você dirige por Pyongyang e aprende mais...

A Coreia do Norte tem estado nas manchetes ultimamente por uma razão muito assustadora, mas não é todo dia que o reino eremita da Ásia lança um videogame de corrida, né? E quando isso acontece, pode apostar que será uma simulação muito entediante sobre dirigir numa rodovia reta mal decorada.

Assim como o Tetris veio como uma surpresa da União Soviética em 1982, a Koryo Tours, uma companhia de turismo dirigida por um bando de britânicos, encomendou da firma de TI norte-coreana Nosotek o primeiro jogo para PC com apoio do governo desenvolvido na Coreia do Norte, o Pyongyang Racer. Esse jogo profundamente desinteressante dá ao jogador a emoção de dirigir pela capital do país sem um guia turístico sancionado pelo governo para ficar te espantando de lugares que você não pode ver. Ele até te deixa ver toda a pista de concreto que seu coração louco por velocidade e amante do cheiro de gasolina desejar. Completamente sozinho.

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No começo, um aviso é mostrado: "Este jogo foi desenvolvido em 2012 e não tem intenção de ser uma maravilha tecnológica de sucesso do século XXI, mas sim um jogo divertido de corrida (estilo fliperama) no qual você dirige por Pyongyang e aprende mais sobre os principais locais da cidade".

Em outras palavras, é retrô. Tem uma guarda de trânsito que aparece na sua frente às vezes, um minigame para coletar gasolina e talvez você até consiga dirigir de maneira levemente imprudente se estiver a fim de fazer uma loucurinha. O objetivo do jogo: dirigir numa linha reta por um longo tempo. Só isso.

Pedi ao George, meu irmão obcecado por videogames, para dar suas impressões sobre o Pyongyang Racer. Ele disse o seguinte: "O jogo é mal programado e desenvolvido toscamente. Cheio de glitches e bugs, e muito chato".

Assim como a ditadura do Amado Líder, o jogo é extremamente restritivo. Você é forçado a jogar o jogo da forma que eles querem que você jogue, e as paisagens têm todo o deslumbramento visual de uma zona rural genérica.

Como Jason Torchinsky do Jalopnik disse: "É exatamente igual a dirigir de verdade em Pyongyang: lento, altamente entediante, vazio, incrivelmente restrito e pelo menos uma década atrasado tecnologicamente. É uma paródia perfeita sem ironia de si mesmo".

O carro pimpado no qual você passeia virtualmente pelas ruas digitais foi feito pela Pyeonghwa. Recentemente espalharam-se rumores de que o presidente da companhia, Park Sang-Kwon, teria vendido a Pyeonghwa. Triste, porque é a única companhia da Coreia do Norte a fazer propaganda com outdoors e comerciais de TV (Ei, Geico, esta é sua chance!).

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Guardas de trânsito norte-coreanas nervosinhas: uma emoção vagamente erótica.

A parte mais emocionante do jogo é quando a guarda de trânsito Barbie-ho grita com você. O pico de insulto do jogo é quando a guarda de trânsito diz: "Siga em frente. Não olhe para mim. Estou em serviço".

Nick Bonner, um cineasta da Inglaterra que dirige a Koryo Tours desde os anos 1990, criou o jogo de corrida de Pyongyang depois de conversar com Volker Eloesser na Nostek. Ele gostou da ideia de trabalhar num projeto "divertido, não-violento e apolítico" com os jovens norte-coreanos. Estudantes de computação da Universidade Kim Chaek de Tecnologia de Pyongyang ajudaram a desenvolver o jogo juntamente com a Nostek.

Por que o jogo é tão retrô? Segundo Bonner, porque isso é muito "descolado".

"Eu era um moleque nos anos 1970 e lembro dos melhores fliperamas — os primeiros da Nintendo, Space Invaders, os primeiros games de corrida. Eu adoro a simplicidade deles", ele escreveu por e-mail de Bruxelas, onde está filmando uma comédia romântica norte-coreana.

"Eu ia adorar se o jogo tivesse trólebus e bondes cruzando a estrada para dar mais desafios ao jogador", escreveu Bonner. "Talvez quando o atualizarmos."

Até lá, siga em frente.

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