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Entretenimento

Como ver a Temporada 4 de "Black Mirror"

Uma dica: não é na ordem que os episódios foram disponibilizados.
Imagens cortesia da Netflix.

Este artigo foi originalmente publicado na VICE USA.

Black Mirror é o actual apogeu televisivo do "a relva do vizinho é sempre mais verde que a tua". As coisas podem já não estar bem, mas o espelho quer mostrar-te algo ainda pior. Toda aquela tecnologia que adoras, esvaziada de todos os seus benefícios, até dares por ti numa quinta, de chapéu de palha na cabeça e a coçar o queixo.

É o que Black Mirror, de Charlie Brooker, faz sucessivamente bem. Agarra na nossa confiança cega na tecnologia moderna, ao mesmo tempo que a atira à nossa cara e lhe chama "série televisiva" - com o desastroso niilismo distópico incluído.

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Depois de ter visto a quarta temporada e de forma algo perturbadora, posso dizer que nada disso mudou. Ainda assim, e tendo isso em conta, parece-me importante partilhar a forma como entendo que alguém deve ver a série. Não podes simplesmente tragar a coisa de um só gole. Há que serenar as emoções. Há que saber navegar por todos os seus géneros e diversidade de tons. Equilíbrio é a palavra-chave, para que fiques a pensar, claro, mas, mesmo assim, consigas olhar para o teu smartphone sem o atirar janela fora.

Episódio 1: "USS Callister"

Até pode parecer a básica paródia e meia de Star Trek, mas é também um episódio tremendamente digerível. Não é daqueles enredos típicos Black Mirror, que se apagam da memória em três tempos. Ao contrário de outros, aqui há um conceito à volta da realidade virtual e da moral que se deve estender a esses mundos, através do cliché absoluto que é o tema da "fronteira final". J

esse Plemons (Friday Night Lights, Breaking Bad) a encarnar uma imitação de Captain Kirk completamente conseguida, é apenas um pequeno extra quando comparado com o episódio em geral. Espreita este primeiro, em jeito de precursor para a real alucinação que virá depois.

Episódio 3: "Crocodile"

O que faz uma boa mentira credível é o facto de soar credível. Mas, esquece toda a merda que tens a acumular no cérebro, todas essas frases feitas sobre os factos alternativos. Manda tudo fora.

É esse o cenário que Crocodile apresenta; uma peça de tecnologia que pode ler-te a mente, como um episódio projectado num ecrã. Quão longe estamos dispostos a ir para manter esses segredos quando já não o podemos fazer? É melhor terees uma bebida à mão para veres este.

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Episódio 4: "Hang the DJ"

Depois de Crocodile, este é, definitivamente, um momento para respirar um bocado. O conceito é simples. Imagina um Mundo onde, literalmente, seguimos os nossos matches do Tinder. Como se fosse lei. Fazemos match, un-match, até encontrarmos o outro perfeito.

Hang the DJ é uma ode perfeita ao amor na era das redes sociais, com um "ligeiro" twist e uns salpicos de WTF. É, muito provavelmente, a única espécie de história de amor que vais encontrar na quarta temporada de Black Mirror, portanto desfruta.

Episódio 5: "Metalhead"

Basicamente, isto é o Terminator, se o Exterminador fosse um cão de metal, sem uma história de apoio e essas merdas. Comparado com os temas mais propícios a causarem perturbação, este será o menos problemático, muito porque ainda não chegámos a território Skynet. É o menos credível, portanto.

No entanto, em termos de tensão, está lá em cima, principalmente por causa do que não nos é contado. Estamos tão habituados a tecnologia sem rosto. Aquelas que não expressam emoções. Mas, imagina os nossos maiores medos moldados como algo de que é suposto gostarmos. Algo que nos ultrapassa em número e que nos quer matar. Com o que é que se pareceria? A que soaria? Como é que se sentiria? É o episódio mais próximo do que será um estilo Black Mirror. E se gostas de cinema, é aquele que é filmado de forma mais artística.

Episódio 2: "Arkangel"

Quase toda a gente será capaz de se identificar com este. Se tiveste um pai, um irmão, que te amou, mas que te amou tanto que quase conseguias sentir o peso extremo desse amor doentio, este é o tal. Como váruos outros, Arkangel recorre a uma peça de tecnologia para jogar com o tema do apego excessivo de uma mãe a um filho e a super protecção.

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Tal como os actuais aparelhos de localização que os pais colocam nos seus filhos e animais de estimação, há aqui um nível extra de vigilância em causa. Um que "namora" perigosamente com os limites da moral e da privacidade. Não há cá robots assassinos, ou algo do género, mas há muito para reflectir e para os pais questionarem.

Episódio 6: "Black Museum"

Este vai trazer-te de volta à Terra. É o episódio quintessencial de Black Mirror, dentro de um episódio de um episódio de Black Mirror… Lembra-te de Tales From the Crypt, mete um pouco de tecnologia à mistura e tens Black Museum.

À medida que a história avança, deparas-te com uma rapariga que dá por ela num museu do crime, a braços com um curador que lhe começa a contar histórias sobre as peças de tecnologia que enchem o espaço. É, ainda assim, o episódio que menos me satisfez, porque me pareceu uma daquelas lições de "não metas drogas". Passa-se um bom bocado, mas não fica na memória.


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