Por que você transa e fica com infecção urinária?
Foto: Imani Clovis via Unsplash

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Semana do Sexo

Por que você transa e fica com infecção urinária?

Sim, xixi, ardência e dor são problemas para muitas mulheres e podem estar relacionados ao sexo.

A mulher que já teve infecção urinária provavelmente já escutou alguma piadinha ou comentário sobre sua vida sexual “muito ativa”. O pior é que a piada faz sentido. A maldita vontade eterna de fazer xixi e as idas ao banheiro que mais parecem visitas ao inferno costumam mesmo surgir depois de uma ou várias noites de muito sexo.

Quem causa esse sofrimento todo são bactérias – a mais comum chama Escherichia coli e seu habitat natural é o intestino – que infectam a bexiga e, em casos mais graves, os rins. E um combo de fatores faz com que elas migrem para o sistema urinário em algumas mulheres depois de transar.

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“A questão anatômica é que a uretra da mulher é curta, então o acesso à bexiga é mais fácil. E em algumas mulheres, ela fica mais perto da entrada da vagina e isso favorece para que na relação sexual a bactéria suba”, explica a dra. Marair Sartori, chefe do departamento de ginecologia da Escola Paulista de Medicina.

Mas como é que a bactéria foi lá do intestino para vagina? Bem, pra começar, tudo fica perto nessas áreas. Então não é difícil que, quando tudo está roçando nessa região, a bactéria acabe indo do períneo para a vagina. Quando chega ali, pode ser que nem alcance a uretra ou pode ser que a flora vaginal, que é ácida, combata a bactéria. Mas se a flora estiver desregulada ou a uretra ficar muito perto da vagina, a E. choli pode encontrar seu caminho para a bexiga.

Carolina Ambrogini, ginecologista do projeto Afrodite da Unifesp, conta que outros fatores podem aumentar a chance da bactéria pegar: imunidade baixa, uso de remédios que afetam a flora vaginal, como antibióticos locais, alterações hormonais e a menopausa.

Claro que, se estamos falando de um bichinho que vive no intestino, sexo anal também precisa ser mencionado. Não que o sexo anal seja um problema. O problema é tirar o pau, dedo ou dildo do cu e levar direto para a buceta. Se lavar antes, ou trocar a camisinha, tudo bem.

Vale saber que a infecção urinária não é uma DST, já que a bactéria é natural do seu próprio corpo.
Além disso, pode parecer que sexo seja um caminho sem volta para a infecção urinária. E não é bem assim. Não é porque a bactéria chegou na sua uretra que ela vai subir para a sua bexiga. É preciso um tempo para que ela se fixe e vire um problema.

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Às vezes, os próprios anticorpos do seu corpo mandam ela embora. Mas um método recomendado pelas médicas pode ajudar a evitar o problema: fazer xixi depois de transar. O jato de água vai lavar sua uretra e levar a bactéria embora.

Pau sujo e camisinha aumentam os riscos?

A Babi, que preferiu não expor seu sobrenome, contou que durante o relacionamento com o primeiro namorado tinha uma infecção atrás da outra e o problema só melhorou quando passou a obrigá-lo a lavar o pau antes de transar. Ela acha que o pênis sujo transmitia a bactéria.

As médicas explicaram que, de fato, falta de higiene facilita a proliferação de bactérias. Não costuma ser o principal fator causador da doença, mas, deixar o pinto limpinho não custa nada.
Outras mulheres ouvidas pela VICE contaram que têm infecção sempre que transam com camisinha. Mas, nesse caso, as especialistas foram enfáticas: camisinha não causa infecção urinária. “Elas podem ser alérgicas ao material e isso causa uma irritação na vagina, que altera a flora e pode facilitar a contaminação pela bactéria”, explica Marair. A sugestão é testar camisinhas de outros materiais, mas nunca desistir da proteção.

Existe até vacina

Ter infecção de urina até duas ou três vezes no ano é ok. O tratamento é sempre com antibiótico e existem remédios para diminuir a dor – eles deixam seu xixi colorido, de um laranja ou azul tão fortes que vão manchar sua privada para sempre. (Dica da repórter, nunca tome esse remédio e vomite em seguida, pode ser traumático.)

Agora, se a infecção rolar mais que três vezes no ano, os médicos chamam de "recorrente" e isso quer dizer que você tem maior tendência, provavelmente pela posição da uretra perto da vagina, de pegar a bactéria.

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Algumas mulheres, como essa que escreve a matéria, podem ter toda santa vez que transam. Para evitar, uma possibilidade é o antibiótico preventivo, que você tomar em dose pequena por três a seis meses. Eles combatem possíveis colônias da bactéria que podem existir no seu períneo. Outra é tomar antibiótico sempre depois do sexo.

E ainda existe uma vacina, um comprimido com a bactéria fragilizada, que deve ser usada por três a seis meses, e vão incentivar o corpo a produzir anticorpos contra a E. choli. Suco de cranberry também é considerado um preventivo eficiente pelas médicas.

Outra opção é sempre o celibato, mas… Fazer xixi depois do sexo, beber muita água e talvez tomar uns remédios parece ainda melhor.

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