No Sábado, Muçulmanos Rezaram em Frente à PM

Muçulmanos rezam em frente à PM.

Desde que a ofensiva de Israel contra o Hamas começou, há duas semanas, mais de 500 palestinos foram mortos – inclusive mulheres e crianças. Do lado de Israel, 20 pessoas morreram, sendo 18 soldados e dois civis. Em São Paulo, uma vigília pró-Palestina organizada na semana passada acabou com a Polícia Militar dando tiros para o alto.

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No último sábado (19), cerca de 50 coletivos, movimentos sociais e partidos de esquerda convocaram um novo ato, que teve início em frente à Rede Globo, na zona sul da cidade de São Paulo. Estampado com fotos pesadíssimas de crianças mortas e feridas, um caminhão de som puxava a passeata. Lá do alto, representantes pediam ao microfone que Israel cessasse os ataques e que o governo brasileiro rompesse relações comerciais com o Estado de Israel – inclusive a compra de armas. De acordo com a PM, 2.500 pessoas participavam da manifestação. Soraya Misleh, coordenadora da Frente em Defesa do Povo Palestino, contesta esse número e fala em cinco mil presentes.

Manifestantes protestam na zona sul de São Paulo.

Enquanto a tarde caía, a manifestação se dirigia para o consulado de Israel. Lá, a PM escudava o prédio.

Mulheres muçulmanas também participaram do ato.

O ato, repleto de mulheres e crianças de colo, foi totalmente pacífico. “Orientamos as pessoas e falamos da importância de uma manifestação grande para demonstrar solidariedade internacional, e as pessoas estavam com esse espírito”, diz Soraya.

Manifestantes protestam na zona sul de São Paulo.

Assim como na vigília da semana passada, o boicote aos produtos israelenses também entrou em pauta. Um dos representantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT) falou na possibilidade de divulgar uma lista com esses produtos. Representantes de movimentos da periferia diziam que as mesmas armas que matam em Israel, matam os jovens negros e pobres daqui.

Muçulmanos rezam em frente à PM.

Próximo ao fim do ato, um homem pegou o microfone e iniciou o “Adhan”, um chamado para a oração no islamismo. Nesse momento, muçulmanos se enfileiraram em frente à PM, jogaram panos ou suas próprias blusas no chão e rezaram. Atualmente, a comunidade islâmica do mundo todo está no Ramadã, período em que seus seguidores ficam de jejum – proibidos também de beber, fumar ou fazer sexo – entre o nascer e o pôr do sol.

Manifestantes queimam um cartaz com a bandeira de Israel desenhada.

“É fundamental que essa solidariedade cresça para mostrar ao mundo que não iremos mais aceitar esse tipo de massacre. Essas manifestações têm que crescer. Até porque os palestinos sozinhos em Gaza pouco podem fazer. É fundamental que a sociedade internacional se mobilize. Vimos manifestações em Londres, Porto Alegre, Campinas, Fortaleza, Brasília, Curitiba. É importante que o mundo se levante contra essa situação, que é inaceitável”, fala Soraya.  


No carro de som, uma faixa comparava a estrela de Davi, símbolo do judaísmo que estampa a bandeira de Israel, a uma suástica.

Provavelmente, um novo ato irá acontecer nessa sexta-feira (25).

Mulheres muçulmanas e crianças também participaram do ato.

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