O MPL SP Venceu, Mas Ontem foi Esquisito

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O MPL SP Venceu, Mas Ontem foi Esquisito

Acabou de ser anunciada a redução da tarifa do transporte coletivo em São Paulo, mas ontem o negócio foi estranho.

Fotos por Raphael Tognini.

Acabou de ser anunciada a redução da tarifa do transporte coletivo em São Paulo pelo prefeito Haddad e o governador Alckmin. Ontem, porém, na frente da prefeitura, a coisa ficou bem estranha.

A Praça da Sé foi palco da concentração do sexto grande ato organizado pelo MPL contra o aumento da tarifa do transporte coletivo. Polícia? Pouca. O clima era de paz total. Adolescentes secundaristas, gente mais velha e muitas, mas muitas bandeiras do Brasil.

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Por volta das 18h a caminhada começou, passando pelo Largo São Francisco até chegar em frente à Prefeitura de São Paulo. O MPL se dirigiu ao Terminal Parque Dom Pedro enquanto uma galera dissidente ficou em frente ao prédio da Prefeitura. Lá, uma grade baixa separava manifestantes da Guarda Civil Metropolitana (GCM), devidamente posicionada. Os gritos de ordem de quem estava no protesto evoluíram para empurrões. Algumas pessoas queriam derrubar a grade. Enquanto isso, a turma do deixa-disso gritava “Sem violência”.  Mas as grades foram ao chão, para o descontentamento de quem pregava um ato pacífico, “sem vandalismos”, como tantas vezes bradaram. Encurralada, a GCM começou a sacar o spray de pimenta e tentar conter os mais empolgadões. Sem sucesso, os policiais correram pra dentro do prédio.

Daí em diante, o tumulto começou. Pedras atravessavam a linha de frente dos manifestantes rumo às janelas de vidro da Prefeitura. As grades mais baixas, já derrubadas, serviam como um aríete improvisado para tentar arrombar um portão de madeira. Em vão. O quebra-quebra levou quase uma hora.  Além do helicóptero da polícia presenciando tudo lá do alto, nenhum sinal de homens fardados em terra firme. Acompanhando o que rolava no centro pela televisão, a internet inteira só falava em uma coisa: um cara branco, fortão, de camiseta branca, destruindo tudo o que via pela frente. Seria ele um policial infiltrado? Um skinhead? Um direitista? Todo tipo de especulação jorrou das redes sociais. Hoje a polícia declarou que ele é um estudante de arquitetura filho de um empresário dos transportes e que já foi detido. Um carro de transmissão da TV Record foi incendiado. Só meia hora depois os bombeiros chegaram.

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Assustados, jornalistas e fotógrafos andavam em grupos. Daí a pouco, lojas começaram a ser saqueadas, agências bancárias destruídas, uma lanchonete do McDonalds teve seus computadores quebrados e o caos foi, literalmente, instalado. Era difícil discernir manifestantes a favor  ou contra o quebra-quebra, moradores de rua, transeuntes. Pessoas passavam com TVs roubadas e roupas novas escondidas em sacos de lixo. O Choque só deu as caras por volta das 21h.

Enquanto a situação amenizava no centro, uma multidão já se locomovia para a Rua Augusta e a Avenida Paulista, que já estava ocupada. Na Augusta, barricadas com lixo eram montadas no asfalto e o Choque tentou conter a galera com as famigeradas bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha. Há informações que a UNE tomou conta de uma passeata liderada por poucos membros do MPL, num manobra que alguns classificariam como “stalinista”. Depois das 23h, a manifestação havia se dispersado e as duas vias da Paulista ainda eram tomadas por gente indo e vindo. Quase todas as entradas do metrô da linha verde estavam abertas. O clima de fim de festa esquentou quando algumas pessoas atearam fogo a um estranho stand promocional da Coca-Cola. Até a madrugada, 63 pessoas haviam sido detidas.

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