Felipe Kitadai quer quebrar mais uma medalha

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Felipe Kitadai quer quebrar mais uma medalha

Bronze nas Olimpíadas de Londres, o pequeno gigante do judô quer surpreender de novo na Rio 2016.

Um olhar desavisado para os míseros 60 quilos do paulistano criado no Rio Grande do Sul Felipe Kitadai não traz uma dimensão real de seu peso. Aos 26 anos, com 1,64 metros, o pequeno notável do judô brasileiro é uma das maiores forças da modalidade e um dos com mais condições de medalhas olímpicas. Este vídeo explica melhor o que estamos falando.

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Reviravoltas como essa são comuns na carreira de Kitadai. A sua última – e mais grandiosa – peripécia foi nos Jogos Olímpicos de Londres em 28 de julho de 2012, a data de seu aniversário de 23 anos. Na disputa pelo bronze com o italiano Elio Verde, durante o golden score (espécie de prorrogação, para os acostumados com futebol), ele, esgotado, aplicou um yukô e ganhou a luta. A primeira das 17 medalhas brasileiras na competição. Um feito e tanto para o menino mirrado que pintou na disputa na 19ª posição do ranking mundial. A medalha conquistada virou um capítulo tragicômico na saga do judoca. Durante a luta, que não foi das mais fáceis, Kitadai prometeu a si mesmo que não a largaria em hipótese alguma até chegar ao Brasil. Para que isso acontecesse foi preciso praticar sua rotina com um peso extra de 400 gramas no pescoço. Comer, dormir, ir ao banheiro, tudo isso era possível e, diga-se de passagem, até fácil. Mas e o banho? É, o banho foi um problema. Numa tentativa de se levar sem molhar sua preciosidade olímpica Felipe tomou um grandioso ippon da vida. Sua medalha de bronze caiu no chão e rachou. No fim, para sua sorte, o Comitê Olímpico tinha uma peça de reserva, e o judoca, mais precavido no banho e em outras tarefas domésticas, manteve seu prêmio nas mãos até chegar no Brasil.

Os adversários estão caçando suas falhas, mas o antigo patinho feio dos ligeiros fará de tudo para se manter entre os principais nomes do judô mundial

Lobinho, apelido que ganhou por uma vez uivar em seu quarto de hotel numa competição, tem muitas outras medalhas — até onde se sabe nenhuma outra quebrada no banheiro. Foi campeão do Pan-Americano de Guadalajara, em 2011, medalha de ouro na Copa do Mundo de Roma, em 2010 e bicampeão do Campeonato Pan-Americano com títulos em 2011 e 2012. Hoje está em 13º no ranking mundial e já não é mais uma promessa dos tatames. Ele é a realidade do esporte, um sinônimo de superação, dedicação e entrega.

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O respeito e precisão dos golpes, claro, não vieram fácil. Desde os cinco anos Kitadai esteve sempre perto dos Yama-arashis, Kata-gurumas e Tai-otoshis. Seu talento, desde muito novo, já era percebido pelos olhares mais atentos. O esporte, diz, nunca foi uma opção. Foi sempre a situação. Transformar o esporte em profissão foi algo natural como levar a medalha olímpica a todos os lugares. Sua rotina desde menino é pesada, sempre focada em extrair o seu máximo. São horas a fio de trabalho físico, técnico, fisioterapia, acompanhamento nutricional, psicológico e outros sacrifícios para manter as qualidades – principalmente a velocidade e a técnica, seus pontos fortes – e aprimorar os pontos fracos. Sabe aquela frase do filósofo Ben Parker, o tio do Home-Aranha? "Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades"? Pois bem. Ela se aplica à história de Kitadai. Depois do bronze em Londres e das outras conquistas, ele não é mais uma surpresa. Seus adversários estão sacando suas lutas e caçando suas falhas, a torcida já sabe seu nome e espera dele um motivo para comemorar. O patinho feio dos ligeiros é hoje um dos principais nomes do judô brasileiro e fará de tudo para manter seu lugar. Felipe, acredite. Há outras medalhas pra você quebrar, meu caro.