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Os Mapa das Mina

Hoje temos um jogo novo pra vocês. Fotografamos as tatuagens das MCs Lívia Cruz, Karol de Souza, Lurdez da Luz e Nathy.

Olá, internautas.

Hoje temos um jogo novo pra vocês. Fotografamos as tatuagens das MCs Lívia Cruz, Karol de Souza, Lurdez da Luz e Nathy. Também recolhemos depoimentos das gatas sobre suas artes corporais, porém não vamos te contar qual é de quem. Talvez os stalkers e/ou punheteiros de plantão até já saibam qual tattoo é de quem, mas achamos por bem dar a chance para todos vocês que fingem que não são stalkers e/ou punheteiros de descobrir o mapa das mina.

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Divirta-se!

Minha tatuagem é no meu braço direito, acima do cotovelo, e tá escrito "RAP até o fim" numa letra mais fina, mais feminina - um pouquinho deitada num traço fininho. Eu escolhi essa frase porque acho que vou fazer isso pra sempre, independente de ser, sei lá, vendedora de loja, secretária… Vou ficar fazendo rap pra sempre - mesmo que eu grave um samba ou faça qualquer outra coisa. O rap vai ser sempre uma música até o fim pra mim. Sei lá, uma hora que eu não possa mais cantar, seja como ouvinte ou apreciadora, vou ser pra sempre. É uma das únicas coisas que tenho certeza que não vou abandonar. Fiz em Curitiba num estúdio que chama Still Tattoo, com o Hugo - que é um grande amigo. Tem um ano, fiz em janeiro de 2011. As próximas são: o nome da minha avó, com quem morei até os 18 anos, até ela falecer. Acho que ela foi mais minha mãe que a minha mãe mesmo. Quero fazer o nome dela, que é Birda - apesar de ela ser negra o nome dela é alemão, ela nasceu em Joinville. Quero fazer aqui no meu pulso do lado de fora. Do braço esquerdo, pra toda vez que eu for cantar e segurar o microfone ela aparecer. Mas estou na dúvida se essa vem primeiro ou se a que vou fazer com as patinhas dos meus três cachorros - uma patinha de cada um. Eu tive cachorro na infância, mas esses são os que estão há mais tempo. Um já tem oito anos e os outros dois têm cinco.

A do coração, que eu tenho tatuada no peito, foi a mesma coisa: a viagem de uma tatuagem tradicional pra parecer realmente uma coisa de outra época, da década de 40, 30, sei lá, quando a tatuagem ainda não tinha todos esses recursos que tem hoje em dia. Ela foi a última que eu fiz. Já tem 13 anos. Uma vida, né? Fiz quando tinha 16. Eu trabalhava num ateliê de tatuagem do Zé Linares, na Galeria Ouro Fino - antes de a Galeria Ouro Fino ser tão badalada assim - eram só lojinhas de balé e tinha esse ateliê. Aí fiz o Sagrado Coração no peito, e quase fiz um colar de espinhos. Aí ele falou não, e tal, que eu era muito nova praquilo. Ainda bem que eu não fiz.

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Sobre a do braço esquerdo: são carinhas. Na verdade eu era viciada num gibi chamado Love and Rockets (que aqui no Brasil chamava Locas). E são os rostinhos das personagens desse gibi. Aí comecei a ficar doente pela parada e comecei a comprar fascículos de fora. Cada personagem tem sua série separada. Eu tinha minha personagem favorita que era a Penny Century, que queria ser superheroína - então ela ficava negociando com o homem mais rico do mundo pra conseguir super poderes -era meio amante dele pra conseguir as coisas, sabe? Aí é isso, tem a ver com esse momento da minha vida.

A outra do meu outro braço, as duas foram feitas por uma amiga minha na época que ela estava começando a tatuar, então eu era meio cobaia dela. Hoje em dia ela trabalha com artes plásticas. Essa outra também é de um mangá, que é uma menina socando a cabeça de um menino - então já era uma coisa meio feminista, essa é a do braço direito, foi a primeira que eu fiz e fiz só pra fazer uma tatuagem, aquele desespero de fazer qualquer tatuagem. Fiz quando eu tinha 15 anos. A das carinhas foi logo na sequência, na mesma época. 15, 16… É isso: minhas tatuagens são bem antigas, de uma outra época da minha vida, mas ainda gosto muito delas.

Da fita: música, acho que o primeiro contato que eu tive com o rap foi uma fita cassete. Essa deve fazer uns dois anos, fiz aqui em São Paulo. Eu pedia pros meus amigos gravarem pra mim, nem tinha aparelho de CD. Então quem tinha gravava, ou gravava da rádio. Em Curitiba tinha um programa de rap que passava uma vez por semana, então eu ficava esperando a semana inteira pra gravar, aí ficava ouvindo a fita.

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Estrela: eu sonhei com a estrela e sonhei. Fiz com o Markone aqui em São Paulo. Deve fazer uns dois anos no máximo. Foi um sonho que eu tive, que eu tinha que fazer a estrela, então eu fiz.

A terceira foi que eu tinha 15 anos e queria muito me tatuar, com muitas tatuagens. Só que eu tinha 15 anos. Eu queria desde novinha, mas minha mãe falou que com 15 anos deixava eu me tatuar. E foi meu presente de aniversário. Aí eu queria fazer uma estrela que cobrisse o ombro e tal, mas ela achou que era muito grande e… Será que eu conto a verdade ou só a parte legal? Acho que vou contar só a parte legal. É um símbolo japonês que significa verdade. Pronto, contei a verdade pra vocês.  Como eu queria muito uma tatuagem, queria que ela aparecesse. E como minha mãe que autorizou e tal, e me ajudou a escolher no final das contas - fui com a estrela na mente -, conversando com o tatuador ela achou muito grande, aí escolhi um símbolo que fosse mais legal assim… É isso. Mas queria muito que aparecesse.

Sobre a tatuagem do braço direito: é uma adaga com uma serpente. É uma tatuagem bem tradicional, sem… Na época que eu fiz acho que as técnicas estavam bem menos evoluídas. Lógico que já tinham tatuadores muito bons, mas fiz com o assistente do Maurício, que tatuava ali na Consolação, o Alex. Eu gostava dessa coisa realmente mais chapada, sem nada.

Família: família é família. Eu sou adotada também, né, então eu agradeço a Deus pela família que tenho… Acho que o apoio da família no trabalho que a gente faz é muito importante, então é uma homenagem a ela.

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Braço esquerdo: ah, essa eu demorei uns dois anos pra fazer, porque fui fazendo por etapas. Primeiro fiz uma flor, depois eu fiz outra flor, depois fiz outra coisa, depois fiz o fundo… Tentei puxar um pouco pro azul pra não ficar carregado no preto o fundo, e acho que mais esse negócio de flor mesmo, não tem muito esse negócio de significado. Só essa de cima que é a flor do peyote, né, que é a mescalina, do livro do Carlos Castaneda que eu peguei essa referência. Que é a flor do cacto. Essa já faz mais de cinco anos, mas o processo todo dela demorou quase dois anos.

É uma Araucária, o símbolo do Paraná, então eu fiz meio que em homenagem a Curitiba. Minhas raízes. Já tem uns três, quatro anos. Eu fiz aqui em São Paulo.

Partitura: quando fiz conservatório, durante três anos em Curitiba, fiquei muito amarrada em Bossa e essas coisas, e aí é uma frase do começo do "Samba da Bênção", do Vinicius de Moraes, que é "É melhor ser alegre que ser triste". Essa eu fiz em Curitiba, já deve fazer quase oito anos.

A da costela eu fiz esses dias. Comprei uma camiseta que estava escrita essa frase, que é "Só Deus Pode Me Julgar". Aí minha amiga tatuou e eu falei: "Preciso tatuar isso também". E tatuei. Doeu um pouquinho.

O dedo doeu mais. Que é o Keep to Real. É que nos EUA, no rap, eles usam muito essa expressão. Aqui eles dizem: não basta você ser real, você tem que manter-se real. Então é isso, é você manter-se real dentro da sua trajetória na música, no meio artístico, na fama… Acho que é importante você ser real pra você mesmo, porque pros outros, cada um vai interpretar seu trabalho de uma forma. Mas você se manter real pra você mesmo é o mais importante.

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Tá escrito "pain & gain", daquela expressão "no pain no gain", que sem esforço não existe recompensa. Ela tem um dia! Escolhi as mãos e o fato de eu identificar uma palavra em cada mão porque há um equilíbrio entre as duas coisas, né? Acho que você não pode só sofrer e não pode só ganhar na vida, então é mais ou menos essa a história da tatuagem. Queria que simbolizasse meio isso, uma mão leva uma parte da balança e a outra leva a outra parte. Escolhi fazer de pixação porque acho que é mais urbano, e acho também que ainda não se popularizou muito nos corpos. Foi na hora que a gente decidiu. Como eu já tinha decidido os dedos, que é simples… Não pedi pra ele fazer um projeto antes.

Arte: Xama (SP)

Ela é um coração que tem três rosas, uma coroa e um olho. E tem uma frase. Começou a ideia da tatuagem na frase. A frase é: "Tooth for tooth and eye for an eye", que é o dente por dente, olho por olho. Esqueci o nome do rapaz que inventou essa lei aí [risos]. Mas é uma frase famosa, antiga, que voltou com a música da Erykah Badu, que era uma música de amor em comum, minha e o meu companheiro, que ela fala "I love you tooth and tooth, eye for an eye, true and good, until the day I die". E começou com essa frase, mas fiquei pensando como ia fazer isso e o que essa frase inteira da música significava pra mim. E aí eu quis incorporar esse amor pelo meu companheiro e pelas mulheres da minha família, que são minha irmã, minha mãe e minha filha - as três rosas. A ideia do olho foi do tatuador, ele quis que tudo conversasse com a frase. Tanto que em cima da coroa, o topo, era um dentinho. Acho que tem uns dois anos. Foi feita em Brasília.
Arte: Da Cruz (Brasília)

A menina eu fiz em Curitiba há algum tempo, acho que uns três anos também. Comecei ela com um amigo meu lá e terminei aqui com o Markone. É mais uma coisa de MC mesmo, e da mulher, ao mesmo tempo que ela tá com um microfone ela tá com uma atadura de lutadora -- então tem a ver com isso.