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VICE News

A Repressão Policial na Final Copa do Mundo de 2014

Acompanhamos a truculenta repressão policial dos protestos no dia da final da Copa do Mundo de 2014 no Rio de Janeiro.

Na última sexta-feira, o secretário estadual de segurança pública do Rio de Janeiro José Mariano Beltrame anunciou a operação de segurança da final da Copa. Segundo ele, “a maior já realizada no Brasil”, reunindo 25 mil agentes dentre Polícia Militar, Forças Armadas, Força Nacional, Polícia Federal, Polícia Rodoviária, Guarda Municipal e Bombeiros. A presença de chefes de estado no estádio, e possíveis brigas entre torcedores argentinos e brasileiros foram as principais justificativas para as medidas, além, é claro, dos protestos marcados para domingo, às 13h na Praça Saens Pena, a menos de dois quilômetros do Estádio do Maracanã, onde Argentina e Alemanha entraram em campo às 16h para o jogo da decisão.

Na manhã de sábado, a Polícia Civil expediu mandatos de apreensão e busca, com validade até 2022 (o ano da Copa do Quatar), pedindo a prisão temporária de 28 militantes por cinco dias. Dezenove foram presos nesse dia, dentre eles Elisa Quadros, a “Sininho”, presa na casa do namorado em Porto Alegre, a 1.500 km do Estádio. Doze deles foram encaminhados ao Complexo de Gericinó, em Bangu. A maioria dos ativistas foi abordada em casa e, com eles, apreendidos máscaras, óculos, joelheiras, panfletos e um revólver .38 pertencente ao pai de um deles. Até o momento, todos continuam presos. No Facebook, a Frente Independente Popular convocava para um evento “Fifa Go Home”, protestando também contra a prisão ilegal dos manifestantes. Em outro evento, uma rede de moradores e coletivos de favelas quem vem convocando protestos sob a frase “A Festa nos estádios não vale as lágrimas nas favelas” lembrava um ano do sequestro, tortura e desaparecimento do pedreiro Amarildo, uma das várias vítimas da política de pacificação de favelas, em curso desde que a Copa e as Olimpíadas do Brasil foram anunciadas.