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A Liga de Defesa Inglesa Passou o Sábado Sangrando em Birmingham, Inglaterra

Mais uma passeata da Liga de Defesa Inglesa contra os muçulmanos.
Simon Childs
London, GB

Fotos por Lee Harper

E você pensando que a Liga de Defesa Inglesa já tinha explorado suficientemente o assassinato de Lee Rigby para seus próprios fins islamofóbicos, né? Mas não, Tommy Robinson e seu bando alegre de patriotas tapados nunca se importaram muito com coisas como decência, preferindo fazer de Rigby um mártir de uma luta contra todo homem, mulher e criança islâmicos do Reino Unido.

No sábado, uma galera da LDI foi até Birmingham para dançar no túmulo de Rigby. Fui atrás deles para ver se suas dancinhas continuavam estranhas e desajeitadas como sempre.

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O líder da LDI, Tommy Robinson, escoltado por seus capangas.

Chegando lá, topei com a LDI fazendo um esquenta numa boate e derramando cerveja por todo o lado. Provavelmente, para desgosto do English Disco Lovers, grupo contrário à LDI que subverteu a sigla do grupo de extrema-direita (EDL em inglês), e que responde à macheza violenta desses racistas tocando um Village People bem alto na cara deles.

Aqui, a visão de uma genuína LDI disco se realizou, e — para o choque de todos — não foi muito bonita. Em muitos aspectos, aquilo deveria ser um território familiar para a boate, um reduto tradicional de qualquer despedida de solteiro pelo centro de Birmingham. Só que, em vez de balbuciar a letra de “Get Lucky” para qualquer coisa parecida com uma saia, essa tropa de bombados encrenqueiros bêbados gritava “Alá! Alá! Quem diabos é Alá?” para um grupo de muçulmanos que passava do outro lado da rua. Ao julgar pela resposta deles, é provável que essa música nunca será um hit do verão.

Alguém também jogou uma lata de cerveja num grupo de espectadores, levando a uma rodada de “Enfie seu islã na bunda!” A lata errou o alvo e os membros da LDI foram escoltados para longe pela polícia.

E, como era de se esperar em um evento realizado por um monte de preconceituosos bêbados, a presença da polícia foi pesada. A LDI foi impedida de realizar uma marcha propriamente dita e teve que se contentar com um protesto numa praça definida, localizada a 100 metros da boate.

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No caminho até lá, um pequeno grupo carregando uma faixa da União Contra o Fascismo (UAF em inglês) conseguiu se aproximar até certa distância e insultos e vaias habituais foram trocados. Um cara da LDI começou a gritar empolgadamente “UAF UFO!”, desencadeando olhares enviesados dos antifas, de seus colegas racistas, da polícia, meus e dos colegas jornalistas ali presentes, das crianças e dos cachorros que passavam, e de qualquer pessoa sem criatividade suficiente para fazer a ligação entre oposição ao fascismo e vida em outro planeta.

Em geral, a resposta antifascista foi silêncio, algumas latas de cerveja e uma compreensão rudimentar do que é o Islã de verdade.

Uma vez na praça, metade da multidão caminhou até o palco, onde a liderança do movimento estava prestes a fazer seu discurso. A outra metade foi para cima da linha da polícia para tentar ultrapassá-la, sabe-se lá porquê.

A polícia trouxe os cães em resposta, aí a LDI começou a jogar mísseis de copos plásticos de cerveja lager. O problema é que isso não causava absolutamente nenhum dano ao inimigo, a não ser deixar uma ou outra pessoa melecada de cerveja. Algumas pessoas perceberam isso e começaram a jogar garrafas de vidro e tijolos.

O que, quando misturado a policiais armados com cassetetes, escudos e treinamento de combate, resultou em vários membros da LDI levando uma bela coça, como aconteceu com esse senhor.

Que não ficou muito feliz.

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Quando a gritaria e as garrafadas se acalmaram, os líderes da LDI começaram seus discursos. Não ouvi nenhum porque estava do outro lado da praça, assistindo a outro grupo que tinha decidido confrontar os policiais. Também passei boa parte desse tempo ouvindo que era para eu me foder por ser jornalista.

Aqueles dispostos a conversar comigo pareciam meio confusos. Um advogado de 47 anos chamado “Viking” me disse que era contra o fato do pão Kingsmill ser halal. Ele acreditava que, por ser cristão, isso o impedia de comer o pão dessa marca.

Outro homem me disse: “Não sou racista, mas odeio muçulmanos — horrível”.

Simon, um motorista de caminhão-tanque de 30 anos, me disse que tinha vindo expressar sua preocupação com “o que acontece com o islã, terrorismo e esse tipo de coisa”. Perguntei que evento em particular tinha formado sua opinião sobre o islã e ele disse: “Obviamente o 11 de Setembro e tal, mas isso está chegando perto agora — as coisas que aconteceram em Tipton, Wolverhampton, Walsall e as bombas em Londres”.

Apontei o fato de que Tipton, Wolverhampton e Walsall eram exemplos de mesquitas que foram atacadas. Ele disse: “Terrorismo é terrorismo — não importa de que lado isso venha”, embora estivesse participando de uma manifestação que, especificamente, atacava de modo violento o outro lado.

O comício logo chegou ao fim e a LDI foi levada de volta à boate, de onde os membros embarcaram em seus micro-ônibus e foram cada um para um lado.

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Um total de 20 prisões foram realizadas e três pessoas foram formalmente acusadas — uma por desordem violenta e duas por posse de armas ofensivas. Em geral, o comparecimento ao protesto da LDI foi bem alto, algo em torno de 2 mil pessoas.

Então, parece que o ressurgimento decorrente do assassinato de Lee Rigby não foi somente o fogo de palha que esperávamos. Dito isso, a LDI ainda está longe de ser uma organização coerente e, aparentemente, a única coisa que eles são capazes de fazer é realizar essas marchas inúteis e cheias de policiais que não levam a lugar nenhum. O mais assustador é que as pessoas continuam participando delas.

Siga o Simon (@SimonChilds13) e o Lee (@LeeHarperPics) no Twitter.

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