Jeff Leavell. Foto cortesia do autor.
Fui diagnosticado soropositivo em 2013, na ascensão de uma nova era do HIV — uma era de PrEP, superdrogas antirretrovirais e cargas virais indetectáveis (o que simplesmente significa que seus remédios para o HIV suprimiram o vírus no seu corpo até o ponto que ele não aparece mais em exames de sangue — e é altamente improvável ser transmitido para outros). Um tempo muito distante da era em que cresci, cercado pelos estragos da AIDS. Assisti a amigos da minha mãe morrerem, e vi de perto o estigma que acompanhava a doença.Na maior parte da minha vida adulta, HIV era um monstro embaixo da cama — a pior coisa, relativamente falando, que podia acontecer comigo.Mas então aconteceu. Era tudo que eu temia? Longe disso. Muitas vezes fico chocado com o impacto relativamente baixo que o HIV teve na minha vida. Mas isso mudou alguma coisa maior em como vejo o mundo, e como o mundo me vê.Ou seja, descobrir que eu tinha HIV colocou minha própria mortalidade em foco. Percebi que se isso podia acontecer comigo, qualquer coisa podia: aneurisma, câncer, uma bala na cabeça no meio da rua.Depois há aquela sensação sempre à espreita de que estou um pouco maculado, um pouco sujo. Outra conversa pelo aplicativo começou assim:"Espera… Você tem AIDS?"Os meus perfis nesse tipo de aplicativo dizem claramente que sou HIV+ com carga indetectável — é uma das primeiras coisas que as pessoas veem, assim não tenho que ficar falando isso sempre.
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