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Música

O Disco é Bom - She & Him - Classics

Desde miúdo sempre adorei duos mistos.

She & Him – Classics (Columbia, 2014)

Desde miúdo sempre adorei duos mistos. Tenho uma clara recordação de ao longo dos anos ir descobrindo parcerias musicais, das quais só muito tempo mais tarde me dei conta da sua importância para a história da música. Começando com Ella Fitzgerald e Louis Armstrong, que me fizeram descobrir o melhor da música popular norte americana, passando pelos inevitáveis Marvin Gaye e Tammi Terrel, Nancy Sinatra e Lee Hazelwood, ou o geográficamente mais próximo Serge Gaisbourg e a sua Jane Birkin. Mas há dois duos não tão evidentes de quem eu muito gostava, que são sem dúvida referências maiores dos nossos She & Him – Johnny Cash e June Carter e o meu querido Elvis com a sensual Ann Margret.

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Aos 6 anos, na audição de final de ano do conservatório, quando me selecionaram para tocar uma peça a 4 mãos com uma miúda cujo nome já não me recordo, ainda pensei que o destino me reservava esta mesma sorte, mas afinal não foi assim. Ela estava tão concentrada nas teclas do piano que nem olhava para mim.

É fácil gostar dos She & Him. Na parte masculina, M. Ward, porque é um dos mais talentosos compositores, guitarristas e produtores independentes que a América deu ao mundo nos últimos anos. Desde os seus álbuns a solo até às suas colaborações com a mais fina nata do indie rock norte americano, tudo onde este senhor mete a mão tem qualidade garantida. Na parte feminina, Zooey Deschanel, basta ver as fotografias para se perceber o porquê. Mas se tiverem a sorte que eu tive de estar a dois metros dela a ouvi-la cantar, tragam as botijas de oxigénio porque o mais provável é que venham a precisar delas.

Os dois encontraram-se casualmente em 2007 e foi "amor musical" à primeira vista. Em 2008 editam "Volume 1", ao qual se seguem "Volume 2" e "Volume 3" em 2010 e 2013, respectivamente. Em todos eles era evidente a influência que os clássicos tinham na obra da banda, seja nas suas composições próprias, seja pela inclusão de covers de temas clássicos, imortalizados pelos Beatles ou Smokey Robison, passando também pelos menos óbvios Skeeter Davis ou Johnny Mathis, que deve ser uma das grandes paixões dos dois meninos. Johnny Mathis, que precisamente gravava para a nova editora do duo, a clássica Columbia Records, onde sai este novo disco da banda integralmente dedicado a versões de clássicos mais ou menos óbvios e cujo título é "Classics", continuando um trabalho de enorme esforço e criatividade na criação de títulos que já vem dos discos anteriores (o outro nome que estava em cima da mesa era obviamente "Volume 4").

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Neste final do ano, onde os balanços e listas distribuirão unanimemente os elogios (uns mais merecidos que outros) aos discos dos The War on Drugs, da St. Vincent, do Mac DeMarco, do Damon Albarn, dos Swans ou do nefasto Ariel Pink, os She & Him serão obviamente ignorados.

Mas fica o aviso. Se eles vierem a sair em tournée em 2015 não deixem de os ver. Há sempre uma qualquer nova versão de um clássico para nos arrepiar como aconteceu em 2010 no late show do Conan. Por acaso, ou talvez não, também a melhor canção de 2014 ficou famosa noutro late show, o do Letterman. Fica aqui para os menos atentos em jeito de balanço do ano.

Então e o Disco?

O Disco é Bom!