FYI.

This story is over 5 years old.

Música

Canções que salvam vidas: Whyte Horses

Os Whyte Horses atiram-nos bombas psicadélicas a partir de Manchester. É gente de uma sabedoria infindável. Folk, krautrock, maradices turcas e brasileiras, cabe tudo nesta música que é nova, mas parece que sempre por cá andou.

Está a chover que se desunha. Está um calor infernal. É sexta-feira e estás em pulgas para a rambóia logo à noite e para fritares a molécula. Por outro lado, é sexta-feira, estás em pulgas para a rambóia logo à noite e para fritares a molécula, mas não tens guito. Não te apetece ir trabalhar. Não te apetece estudar. Vais é dar uma volta pela cidade. Espera, está a chover. Pronto, vais ver o mar, que está um calor diabólico. Alto, que isto está cheio de turistas e não dá para ir a lado nenhum. Nunca mais chega a Primavera! Primavera é que não, que é só alergias.

Publicidade

Um gajo nunca está contente. Se não é do cu é das calças. O que vale é que, como toda a gente sabe, há canções que salvam vidas (os Smiths cravaram-no a letras de ouro no cancioneiro pop para toda a eternidade). Semanalmente, e para que a tua vida ganhe um novo sentido e encontres a salvação possível, deixamos por aqui um desses bocadinhos de lírica e melodia (ou ruído e grunhidos selvagens, conforme a disposição) que têm a capacidade de, em pouco mais de três minutos, te salvarem. Se não a vida, pelo menos o dia.

Imagem cedida pela banda.

E é de Manchester que esta semana nos chega a salvação. "Oh, Manchester, so much to answer for…". Dom Thomas tem muito pelo que responder. Homem por trás da inigualável Finders Keepers Records (que fundou com Andy Votel e Doug Shipton) e colecionador incansável de pérolas perdidas e obscuras, é o cérebro aos comandos desta máquina psicadélica de melodias intemporais chamada Whyte Horses.

O colectivo lança a 6 de Maio o álbum de estreia, "Pop or Not" (CRC Music) - que inclui este primeiro avanço, "Feels Like Something's Changing" - , gravado ao longo de três meses numa zona rural de Itália. Rodeados de material de gravação analógico, guitarras baratas e muita vontade de quebrar barreiras. Do psicadelismo turco, à música brasileira mais tripalhoca, do acid house à electrónica, do punk ao dedilhar clássico da guitarra acústica, da folk exploratória ao krautrock imersivo. Tudo num sopro. Tudo em nome da busca pela beleza hipnótica e por uma perfeição quase poética.

Memórias e sensações que nos remetem para a obsessão pela descoberta que guia o seu mentor. Seja numa qualquer loja refundida do Vietname à procura da próxima grande cena do passado, seja numa quinta no meio do nada, a fazer música com os amigos. Salvem-se e não precisam de agradecer.