FYI.

This story is over 5 years old.

Música

Estivemos lá e vimos: Venus X

Abanar segundo a regra do ABC.

Galeria Zé dos Bois
Lisboa
9 de Maio de 2013 Momentos antes de subir os degraus da ZdB para escrever sobre esta noite perguntei-me: como raio se faz uma reportagem de um DJ set? Aponto os nomes das malhas que ela passou? Menciono que toda a gente curtiu bué e estava muito bêbeda? Digo que acabei a comer uma gaja na casa de banho enquanto snifávamos coca do tampo da sanita? Se assim for, estou na merda, porque nenhuma destas coisas aconteceu e só me lembro de uma remix da “Dead Wrong” do Biggie. O resto andou pelos lados do hip-hop/trap, latino-technices e nada de Smiths, mesmo que eu quase no fim tenha ido lá pedir-lhe para não se ir embora sem passar pelo menos uma canção deles. De resto, não havia muitos bêbedos, mas a julgar pelos moves que vi dentro daquele aquário toda a gente deverá ter gostado, ainda que a ZdB não me pareça o espaço mais indicado para um concerto destes, por oposição a uma discoteca manhosa e a cheirar a um misto de nicotina e suor onde pagamos um balúrdio para entrar e a cerveja sabe a mijo e não podemos usar ténis rotos senão não nos deixam entrar… Esperem, se calhar, a ZdB é mesmo o melhor sítio. Ao passo que o Tiago Miranda (TNT Subhead) começou a actuar primeiro para quatro pessoas e acabou com umas 20, naquela que foi a apresentação do seu futuro disco — não sei se isto é verdade, mas foi a Mariana Duarte da Time Out Porto que mo disse e eu confio nela — , a Venus, que veio até cá sem o cabelo estar verde (publicidade enganosa) teve sempre uma sala bem composta de gente de todos os quadrantes políticos, futebolísticos ou musicais, que se abanavam segundo a regra do ABC (Anca, Braços, Cabeça) a cada som que ela punha. Até eu o fiz e sou um branquela totó. No meio de tanta coisa que o meu lado hipster não acreditaria que eu um dia dançasse, de reggaeton a baile funk a kuduro à A MILLI A MILLI A MILLI (também tocou esta, lembrei-me agora), faço uma vénia a esta grande mulher: sabe dar espectáculo e nem precisou de tocar uma ou vinte versões da “Get Lucky”.

Fotografia por Rita Sousa Vieira