Querido pénis, bem-vindo à casa de banho

Olhando para esta imagem, não vais perceber. E, por vezes, também não me apercebo de nada até ter os pés mergulhados num mar de mijo ao pé da sanita. Sempre que visito uma casa de banho, seja qual for a altura do dia, penso sempre, enquanto estou a abrir a porta, no que me espera. Irei encontrar pequenos cagalhões na sanita? Será que verei bolinhas de fezes a flutuar? Haverá pingas de mijo na tampa da sanita? Sangue menstrual? Uma combinação de todas estas coisas? Tudo isto pode ser facilmente explicado com a seguinte frase: “Estou enojada e não sei como é que vou lidar com os meus pêlos púbicos e com as minhas necessidades básicas.” Mas o que eu nunca irei compreender, ou aceitar como desculpa, é que alguém entre num WC com a intenção de urinar para dentro de uma sanita (obviamente, o sítio correcto para o efeito) e, ao invés, acabe por despejar, alarvemente, o referido líquido no meio do chão. Dado que isto me acontece diariamente (entrar numa casa de banho utilizada por adultos e encontrar xixi no chão), passo muito do meu tempo a reflectir sobre este assunto. Penso tanto nisso e desenvolvi tantas teorias sobre a questão, sobre o que é que pode acontecer, que os meus pensamentos estão cada vez mais difíceis de organizar. Pensei que seria melhor escrevê-los, organizá-los. Pode ser que, assim, consigamos compreender este enigma. ANÁLISE CONTEXTUAL
Tenho uma vagina. Quando mijo, o xixi sai de um pequeno buraquinho que está situado no topo daquilo que é considerado a “minha vagina”. Urino sentada. Quando tenho de urinar e de me sentar, o líquido sai como se fosse água de uma mangueira. Se não fosse suposto eu urinar num WC (mas, imaginemos, num relvado, ou numa árvore), o xixi chegaria, muito certamente, até ás minhas coxas, ou até aos meus sapatos. Poderia até criar um riacho de mijo em linha recta se utilizasse um funil. Mas não tenho um funil e a minha urina nunca foi parar ao chão de um WC público. Nem uma gota. Nunca. NEM MESMO QUANDO ERA UMA BEBÉ. Um homem tem um pénis. É como se fosse um tubo de carne. Quando um gajo mija, a urina sai-lhe desse tubo de carne e aterra no alvo, num sítio pré-definido. Eles podem, literalmente, apontar o fluxo de mijo e fazer acrobacias e carradas de cenas, como escrever as iniciais no meio da neve, derreter cubos de gelos, mandar abaixo uma lata, ou urinar no sítio correcto. Mas um homem irá sempre mijar no meio de uma casa de banho. Um homem irá sempre deixar o seu xixizinho no meio do chão. Porquê? TEORIA DE MIJO NO CHÃO #1
Às vezes, quando uma pessoa está à rasquinha para mijar, tem de ir fazer xixi à pressa e debate-se com o fecho das calças (ou com qualquer peça de roupa), antes de começar realmente a mijar. E quando alguém tem muita vontade de mijar, acontece o seguinte: quanto mais perto está do WC, com mais vontade de mijar fica. É uma cena psicológica. Talvez os homens cometam o erro de mandar o mijo para o chão só porque estavam tão aflitinhos que nem dava para andar mais dois metros. E é assim que o xixi vai parar ao chão. As crianças, e os cães, julgo, cometem o mesmo erro. Bem, na verdade os cães não frequentam casas de banho, não têm essa opção, mas podem ser treinados para fazer xixi num determinado sítio. E digo-vos: eles vão SEMPRE acertar no sítio correcto. Um cão. UM CÃO CONSEGUE FAZER ISTO. TEORIA DE MIJO NO CHÃO #2
Demora sempre algum tempo para nos habituarmos a utilizar um novo dispositivo. Da primeira vez que comprei um smartphone, não pensei que conseguisse ALGUMA VEZ perceber como é que se enviava mensagens com aquilo. Mas agora até o faço só com uma mão, no escuro, drogada e bêbada. Ou seja, demora pouco tempo para aprendermos coisas novas. Talvez os homens ainda não tenham tido a oportunidade de perceber como é que os seus pénis funcionam. Talvez seja novo. Mesmo no hiato que vai entre os 20 e os 40 anos, um equipamento como um pénis é um utensílio sofisticado que pode, penso eu, demorar 55 anos a ser devidamente compreendido. Encorajo toda a gente a continuar a tentar. Façam-no um bocadinho, todos os dias. Estas coisas que nos desafiam é que nos levarão a algum lado. Um bocadinho de cada vez. Tentem extrair o sémen primeiro, depois tentem fazer uma criança. Depois de tratarem disso, passem ao nível seguinte: utilizem o vosso pénis para fazer xixi no sítio certo. A minha investigação e análise sobre esta temática levaram-me até aqui e estou exausta. Se lerem isto e sentirem que têm algo a acrescentar (tipo dicas, ou informações secretas), por favor, avisem-me. Adorava saber mais.