O fim da Cracolândia?

Uma imensa operação da polícia civil e militar deflagrada na manhã de domingo (21) dispersou moradores e usuários de droga da Cracolândia, na região central de São Paulo. A ação, que aconteceu no mesmo final de semana da “finada” Cultural, foi feita numa parceria entre prefeitura e governo do estado, mobilizando mais de 900 agentes no combate ao tráfico de drogas. A Justiça emitiu 70 mandados de busca e apreensão e 38 pessoas foram presas, além de outras tantas retiradas de seus barracos.

Foto: Alice Vergueiro/ VICE

Segundo o Estadão, a polícia desmontou 34 barracas no fluxo, área da cracolândia em que o crack era vendido a céu aberto. A região, de acordo com a reportagem, era controlada pelo PCC (Primeiro Comando da Capital), que faria até R$ 8 milhões por mês com a venda da droga.

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O governador Geraldo Alckmin (PSDB), em matéria da Folha de S. Paulo, disse que a ação foi um “primeiro passo” para acabar com a região. O prefeito João Doria (PSBD), por sua vez, já foi mais categórico e cravou que a “cracolândia acabou” — ainda que o tucano, em sua página no Facebook, tenha relativizado o “acabou”.

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A operação que dispersou as pessoas da região da Cracolândia acabou, efetivamente, com o programa Braços Abertos, implantado durante a gestão de Fernanda Haddad (PT), cuja gestão, como noticiado pela Folha de S. Paulo, apontou que a Cracolândia continuava como um ponto onde droga era vendida a céu aberto em decorrência da corrupção policial: “A Polícia Civil continuará com suas ações irmanadas ao tráfico na área central da cidade.” A gestão petista anterior também se defendeu ao dizer que “por quatro anos consecutivos a gestão anterior pediu uma ação efetiva de combate ao tráfico e não foi atendida. Atribuir ao programa Braços Abertos responsabilidade pelo tráfico é covardia.”

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Dependentes químicos agora passarão a ser tratados pelo programa do governo do estado Redenção, e a acolhida em albergues na região também chegou ao fim. Os prédios serão demolidos. O programa do governo, que existe desde 2013, prevê atendimento laboratorial a dependentes e internação — algumas vezes compulsória.

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O certo é que, historicamente, nenhuma ação botou fim à cracolândia até aqui. Moradores da região ouvidos pela reportagem da Ponte falam que é uma questão de tempo para o fluxo voltar à ativa. Enquanto não sabemos sobre o real desdobramento da ação, se fala em uma “guerra fria” entre Alckmin e Dória.

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