Quer tenhas uma perspectiva mais ao estilo Black Mirror, de que a privacidade como a conhecemos está na iminência de acabar e que as redes sociais e a pegada digital podem muito bem ser o fim das relações que têm por base a confiança, ou que penses que o simples facto de poderes mandar uma fotografia do almoço ao teu namorado que está a fazer Erasmus na Bélgica compensa tudo o resto, uma coisa é certa: o tema é forte e tem muito que se lhe diga.
Entre namorados, cada vez é mais complicado estabelecer os limites da vida privada. Revelas ao teu parceiro a tua password das redes sociais? O código de desbloqueio do telemóvel? O PIN do teu cartão de crédito? Segundo dados recentemente revelados pela Kaspersky, empresa de cibersegurança global, 70 por cento dos casais sabe as palavras-passe um do outro, os respectivos PINs, ou partilha as impressões digitais do telemóvel. Para além disso, 26 por cento tem algum dado íntimo guardado no telemóvel do parceiro – nudes, vídeos ou mensagens picantes -, cenas do momento que a tecnologia se encarrega de eternizar. Nada disto é um problema quando a relação vai de vento em popa. E quando acaba?
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De acordo com a Kaspersky, cujo trabalho consiste em proteger os dados de empresas, governos, consumidores ou qualquer infra-estrutura de ameaças digitais e que conta com mais de 400 milhões de utilizadores em todo o Mundo, 21 por cento das pessoas já espiou de alguma forma os seus ex-companheiros através de redes sociais das quais sabiam a password, 12 por cento dos envolvidos numa separação já partilhou, ou quis partilhar, informação íntima do ex como acto de vingança e 10 por cento admitiu já ter gasto dinheiro do seu ex parceiro online.
No que toca a comparar mulheres e homens – embora nós mulheres tenhamos fama de mais loucas, ciumentas e controladoras – são eles os que têm maior propensão para partilhar publicamente informação íntima como forma de vingança (17 por cento vs. 7 por cento no caso das mulheres) e para benefício próprio (17 por cento eles, 8 por cento elas).
As mulheres tomam mais a iniciativa de apagar todos os dados, fotografias e vídeos comprometedores depois da separação (55 por cento, enquanto nos homens ronda os 49 por cento), mas também são mais adeptas de tácticas dissimuladas. Sim, a nossa fama não vem completamente a despropósito, já que é mais comum nas mulheres espiar o ex através das redes sociais (33 por cento vs 28 por cento no caso dos homens).
Quer sejamos escravos das circunstâncias da evolução tecnológica, quer a tecnologia seja espelho daquilo que somos, adaptamos-nos às mudanças de forma quase automatizada, como se sempre tivesse sido assim. Mas, a verdade é que pouco sabemos sobre para onde caminhamos e em que aspectos é que a nossa vivência da privacidade será para sempre alterada. Torna-se complicado saber onde estão os limites: confundir querer manter privado o que é privado, com achar que o outro tem algo a esconder.
A Kapersky, contudo, garante que não partilha estes dados com o intuito de nos assustar, mas sim para nos incentivar a tomar medidas. Mudar todas as palavras-passe depois da separação é um dos conselhos, outro é usar softwares de protecção de dados como o Password Manager ou o Total Security. “Com uma proporção considerável dos indivíduos a ponderar abusar das informações íntimas que têm dos seus ex-parceiros, as pessoas devem garantir em primeiro lugar que são cuidadosas quando partilham qualquer informação sua”, explica Andrei Mochola, director de Consumer Business na Kapersky, num comunicado da empresa.
E conclui: “O mundo digital é uma óptima forma para os casais se manterem conectados, mas também apresenta riscos significativos de privacidade caso decidam terminar a relação”.
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