Bem-vindos a Memphis, a cidade com mais habitantes do Tennessee. É aqui que se encontra um parque público no qual está, desde 1905, uma estátua de bronze. Mas não é uma estátua gigante qualquer: é uma homenagem eterna a um oficial confederado chamado Nathan Bedford Forrest (NBF). É possível que nunca tenham ouvido falar dele, mas é o nome de um dos racistas mais famosos da história americana, além de ser oficialmente o primeiro líder do Ku Klux Klan. Por tudo isto, a figura histórica de NBF está longe de ser consensual e a sua estátua todos os dias deita limão nos olhos das tensões raciais. O general Forrest e a sua mulher, Mary Ann, estão enterrados no parque, que leva o seu nome, debaixo da estátua equestre do homem que nunca desistiu.
Em Fevereiro deste ano, a cidade quis mudar o nome ao Forrest Park — o Confederate Park e o Jefferson Davis Park, outras feridas abertas da cidade em formato de jardim público, já haviam mudado de designação oficial, o que não admira: 63 por cento dos habitantes de Memphis são afro-americanos. Logo após a decisão, o KKK organizou-se para protestar contra o que entendem ser um branqueamento histórico. Mais tarde, os Loyal White Knights foram autorizados a organizar uma manifestação nas escadarias do tribunal, na baixa da cidade — um dia antes da Páscoa, cinco antes do 45.º aniversário da morte de Martin Luther King no Lorraine Motel, em Memphis.
A coisa ganhou contornos de assunto nacional e o Rocco foi até lá para presenciar tudo na primeira pessoa.