O laboratório botânico dos artistas florais japoneses AMKK

Este artigo foi originalmente publicado na nossa plataforma Creators.

Quando a dupla artística AMKK se mudou para Tóquio nos anos 1990, o objectivo era formar uma banda grunge. No entanto, acabaram por fundar um “laboratório botânico” e, hoje em dia, dedicam-se a aperfeiçoar a arte dos arranjos florais

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Azuma Mokoto e Shiinuke Shunsuke, os dois discretos artistas por detrás do projecto AMKK, começaram a trabalhar com flores quando Mokoto arranjou um part-time no Mercado Ota, o maior mercado de flores do Japão e um dos maiores do Mundo. Agora, anos depois, entre as paredes refrigeradas do seu estúdio, germina uma fascinante colecção de obras de arte vivas. 

Numa série documental em formato podcast, realizada pela Maekan, uma publicação mensal digital, os dois artistas são acompanhados no seu dia-a-dia, enquanto fumam cigarros, fazem café fresco e se envolvem num processo que começa de manhã bem cedo e inclui verificar o estado de cada uma das habitantes do espaço. Um processo a que chamam “acordar as flores”.

O espaço do AMKK é semelhante ao de um laboratório de experiências. Um quadro de ardósia utilizado para apontar as ideias está preenchido por um caos ordenado de tarefas concluídas e projectos em potência. O “colectivo de arte floral” inspira-se tanto nos interesses pessoais de cada um dos seus elementos, como na história da sua comunidade. 

A influência da Ikebana, a tradicional arte japonesa dos arranjos florais com origens no século VI, é óbvia numa peça em particular, criada em colaboração com a Maekan, intitulada Damned Ikebana. A escultura, plena de cores vibrantes, entusiasma pela dimensão estrutural e pela sua essência ikebana e estilo minimalista. 

Para além das suas demandas criativas, a equipa desenvolve ainda trabalho comercial e vende arranjos originais. “É um pouco irónico que, ao tentar atender a vários desejos humanos… acabemos por criar flores com uma ligação humana e continuemos a usar energia para o fazer. Estamos num ponto em que temos mesmo de começar a pensar na forma como lidamos com a utilização de energia e com as flores”, diz o AMKK ao Creators. “Viajamos bastante por todo o Mundo e até em regiões em conflito, em países pobres, ou ricos, há sempre uma florista… isso significa que, para pessoas em todo o Planeta, as flores são necessárias”, salienta Makoto.

Para saberes mais sobre o processo e a história do AMKK, ouve a série audio-documental da “Maekan“. Para conheceres mais trabalhos do AMKK, visita o site