Há algum tempo atrás tropecei na obra de Pawel Kuczynski e só descansei quando, depois de vasculhar um bocado pela internet, a consegui ver toda. Resolvi então entrar em contacto com o Pawel e ver o que nos tinha a dizer sobre o seu trabalho e como se meteu nesta aventura. Sendo polaco e um gajo ocupado, não só não me deixou perguntar-lhe nada como se pôs logo a escrever-me em hieróglifos da sua língua materna misturados com inglês partido. Fiquem com o que consegui decifrar:
“Nasci a 1976 em Szczecin e graduei-me na Fine Arts Academy de Poznan, na Polónia, com uma especialização em grafismo. Hoje em dia vivo na pequena cidade de Police, também na Polónia. Há algum tempo atrás, em 2004, um dos meus amigos falou-me de uma competição de cartoons e foi aí que comecei a minha aventura. Foi um novo desafio, desenhar temas especiais para um público global.
Algumas pessoas dizem que faço trabalhos surrealistas mas eu acho que me considero um ilustrador realista dos nossos tempos, dos nossos tempos surreais. Utilizo essencialmente aquarela e lápis de cor. No meu trabalho tento dizer o que vejo, não sou um mensageiro nem quero mudar as pessoas. Fico feliz quando gostam dos meus trabalhos e quando conseguem encontrar ideias importantes neles, depois disto comecem a pensar em como podemos mudar.
A metáfora é uma linguagem universal. Às vezes uma boa metáfora consegue explicar uma ideia melhor que mil palavras. Tento transmitir o que penso sem palavras. É muito difícil mas dá-me grande prazer quando as pessoas interpretam o meu trabalho. Sou também um observador. Gosto de observar as pessoas e as relações que estabelecem entre si. Vivemos há tanto tempo juntos neste mundo e mesmo assim cometemos os mesmos erros: guerra, pobreza, divisões raciais, ecologia, dinheiro — estes são os temas que gosto porque são tão imortais como a arte.
Por vezes perguntam-me o significado e as interpretações do meu trabalho — gosto que o façam porque significa que o meu trabalho está vivo. Não quero que as pessoas o interpretem de uma só forma e consequentemente descartem tudo o que as outras pessoas possam sentir, claro que sou o autor e tenho uma razão para criar a obra, mas hoje em dia sinto que a obra já tem vida própria e fico contente (como um pai) que os meus ‘filhos’ tenham valor para os outros”.