O Pentágono anunciou na sexta-feira passada que elevou o status da força-tarefa de OVNIs depois de pressão do Congresso e vários relatos de objetos desconhecidos fazendo incursões em espaço aéreo militar.
Segundo uma declaração enviada por e-mail da porta-voz do Pentágono Susan Gough e uma declaração para a imprensa do Departamento de Defesa (DoD), em 4 de agosto, o exército aprovou a criação de uma Força-Tarefa de Fenômenos Aéreos Não-Identificados (UAPTF em inglês).
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“O Departamento de Defesa estabeleceu a UAPTF para melhorar seu entendimento, e ganhar insight, da natureza e origem dos OVNIs”, diz a declaração de Gough. “A missão da força-tarefa é detectar, analisar e catalogar OVNIs que podem representar uma ameaça para a segurança nacional dos EUA”.
O anúncio recente do Pentágono vem na esteira de uma cláusula adicionada à Lei de Autorização de Inteligência anual intitulada “Ameaças Aéreas Avançadas”. Na cláusula, o Comitê de Inteligência do Senado oferecia seu apoio para os “esforços da Força-Tarefa de Fenômenos Aéreos Não-Identificados”, e exigia uma “análise detalhada de dados e relatórios de inteligência de fenômenos aéreos não-identificados coletados ou mantidos pelo Gabinete de Inteligência Naval, incluindo dados e relatórios de inteligência mantidos pela Força-Tarefa de Fenômenos Aéreos Não-Identificados”.
Alguns interpretaram isso como o Pentágono de repente criando uma força-tarefa para OVNIs, equivalente a um Project Blue Book 2.0. Mas o que o governo realmente fez foi dar mais poder para seu envolvimento sigiloso mas antigo com OVNIs.
Começando em 2008, a Agência de Inteligência de Defesa (DIA) passou a estudar ativamente OVNIs. O Programa de Aplicação de Sistema de Armas Aeroespaciais Avançado ou AAWSP era um projeto de pesquisa de OVNIs contratado pelo magnata da hotelaria Robert Bigelow.
Em 2012, o DIA terminou o financiamento do AAWSP. Mas o ex-especialista do Departamento de Defesa Luis Elizondo diz que continuou investigando OVNIs em sua posição como diretor da Gerência de Pessoal de Programas Especiais. Sob o apelido Programa de Identificação de Ameaça Aérea Avançada ou AATIP, Elizondo dirigiu o ramo até o outono de 2017. Elizondo renunciou do DoD em protesto porque acreditava que oficiais sênior do DoD não estavam levando a sério relatos de encontros com objetos aéreos estranhos e inexplicáveis.
Mesmo com o Pentágono sendo muito cauteloso sobre seu envolvimento com OVNIs desde 2008, documentos vazados publicados pela Popular Mechanics mostram discussões sobre transferência de responsabilidades do AATIP para outro oficial anônimo na Subsecretaria de Defesa da Inteligência, logo antes da saída de Elizondo.
Numa declaração obtida em maio pelo escritor especializado em OVNIs Roger Glassel e publicada pelo Black Vault, a porta-voz do Pentágono Susan Gough reconhece que uma “força-tarefa entre agências”, liderada pela Marinha e sob responsabilidade do Gabinete do Subsecretário de Defesa da Inteligência, está operando já há algum tempo.
Alguns expressaram ceticismo e críticas com as investigações de OVNIs do DoD. Em vez de descartar a ideia, o Pentágono continua dando credibilidade de que realmente há objetos misteriosos no espaço aéreo dos EUA.
Em vez de estabelecer um novo programa, a autoridade da Força-Tarefa de OVNIs virá direto do topo da cadeia alimentar do DoD, através do Gabinete do Secretário Adjunto de Defesa.
Além dos vários ramos do Pentágono, indicações sugerem que “várias agências” estão trabalhando atualmente com a Força-Tarefa de OVNIs além do DoD. Sobre quem pode estar envolvido atualmente, um oficial do FBI disse a Motherboard: “O FBI tem uma autoridade legal que permite investigar crimes e ameaças para a segurança nacional”. Mas quando se trata especificamente de OVNIs, o oficial do FBI disse que “Vamos encaminhar isso para o Gabinete de Inteligência Naval para comentários”.
A NASA, por outro lado, disse que “através de seus satélites de observação da Terra, [a NASA] coleta dados sobre a atmosfera da Terra, muitas vezes em colaboração com outras agências espaciais do mundo. Enquanto esses dados não são coletados especificamente para identificar assinaturas tecnológicas atípicas, eles estão disponíveis para o público e qualquer um pode usá-los para procurar assinaturas tecnológicas atípicas”.
A agência conta com a comunidade científica no geral para ajudar a buscar e identificar assinaturas tecnológicas atípicas ou anormais, o que pode oferecer algumas respostas para o problema recente de OVNIs do DoD. Quando perguntamos explicitamente sobre a disposição da NASA para trabalhar com a Força-Tarefa de OVNIs, eles disseram que “A NASA está sempre aberta para colaborar com outras agências em áreas de interesse em comum”.
“Infelizmente, não posso falar oficialmente sobre a natureza atual da Força-Tarefa de OVNIs, mas tenho todas as indicações para acreditar que ela já está operando, e está executando a missão consistente com os princípios fundamentais do AATIP”, Elizondo disse a Motherboard numa entrevista em julho. Elizondo explicou que a força-tarefa atual tem mais recursos e é “muito mais robusta” que o AATIP quando ele trabalhava no Pentágono.
Essa força-tarefa, e o pedido do Congresso de informações sobre objetos aéreos não-identificados, deixou muita gente empolgada na comunidade de ufologia. Enquanto há muita esperança de que novas informações serão liberadas para o público, um oficial do Gabinete do Diretor de Inteligência Nacional disse a Motherboard que “Vamos avaliar a provisão proposta e como responder da melhor maneira ao interesse [do Senado]”.
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