O que aprendi a “estudar” as manhas da “Black Friday” nos últimos anos

Mês de Novembro, antes de Dezembro, a roçar o Natal, as campanhas histéricas, (“consome, consome”, já cantavam os Repórter Estrábico. Vídeo abaixo), castanhas e água pé, apesar das temperaturas de Outubro convidarem mais para uma salada de polvo e um rosé.

E vem o tia-dá-bolinho, as trancas no focinho, o pão-por-Deus, o Dia dos Finados, mas também a noite das bruxas americanizadas, assim como essa grande tradição capitalista, uma espécie de rebajas à americana, ou o dia do trabalhador à Pingo Doce. Pois sim, fala-se aqui da “Black Friday”.

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Com origem nos Estados Unidos – where else? – a coisa acontece na sexta-feira a seguir ao feriado do Dia de Acção de Graças e início oficial da contagem decrescente para o Natal, com todos os retalhistas a afinar estratégias. Daí até à importação do conceito, foi tão natural como a sua sede. Como isto é tudo boa gente que não perde uma boa bagatela, lá nos states são épicas as filas à porta de grandes superfícies, por vezes com acampamentos de véspera – qual teenagers do Justin Bieber à porta da Meo Arena, ou Altice Arena ou lá como raio se chama aquilo agora -, assim como as autênticas batalhas campais por causa daquele televisor de que não precisam.

Todos os anos é também certo que se instala a polémica e até a DECO, a defesa do consumidor, já alertou para essa “Black Fraude (magnífica escolha de palavras por parte daquela instituição, diga-se), revelando, entre outros, o clássico truque de ter um eletrodoméstico a mil paus, dias antes da “promoção” metê-lo a mil e setecentos e no dia em questão descê-lo para uns magníficos e irrecusáveis mil e quatrocentos euros. Quem é amigo, quem é? Só se for o Bôda… Quem é o Bôda? É esse mesmo!

Como o dinheiro não estica, aqui há dois anos, este escriba teve a necessidade de comprar um telemóvel e meteu-se à procura da melhor promoção. Já avisado sobre estes esquemas, a monitorização – chave essencial para não levares a banhada – começou logo no início do mês de Novembro. Escolhido o modelo a adquirir, segui com redobrada atenção essas flutuações de mercado, tal como no barril de petróleo, sendo sabido que, na maior parte das vezes, há muitas circunstâncias para subir e muito poucas para descer.

Chegada a data fatídica, nessa “Sexta-feira Negra” confirmou-se a prática habitual das promoções da treta. Porém, há aqui um pequeno detalhe, que pode ter sido sorte, já que só foi monitorizado um equipamento e não o mercado inteiro. É que, em relação ao início do mês, havia mesmo um desconto razoável, não o preço imbatível ou a loucura total que tanto apregoavam, mas sim, havia desconto e a compra foi feita na mesma. A decisão de comprar, mesmo sabendo que te estão a tomar por parvo, cabe a cada um, claro. E por acaso o preço do dito aparelho não desceu mais, nem na campanha seguinte de Natal, pelo que acabou por ser uma boa compra.

Fica aqui a sugestão, comecem hoje mesmo a monitorizar algo que eventualmente “precisem mesmo” de comprar e no dia ser-vos-á mais fácil confirmar se vale a pena ou não. Este ano a “Black Friday” calha a 24 de Novembro. Podem agradecer depois, é na boa!

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