Em entrevista no começo desse mês, Edi Rock me disse que o que resiste ao retrocesso é a arte. Eu não poderia concordar mais: por décadas, o que mais permaneceu conosco durante períodos sombrios da história brasileira como, é claro, a Ditadura Militar foram a literatura, a música, o teatro e todo o restante das resistências estéticas à repressão que sofremos durante décadas.
Durante esse período violento e pesado que foram as eleições do Brasil, o nosso hip hop fez questão de se posicionar quanto ao racismo, misoginia e incentivo à tortura do agora presidente eleito Jair Bolsonaro. Além de um vídeo que a comunidade do rap fez em apoio ao movimento #EleNão, alguns rappers se posicionaram nas redes sociais e em seus: Marcelo D2 arranjou até uma mini-treta com Bolsonaro no Twitter, enquanto Mano Brown causou discórdia na esquerda por criticar o PT no próprio comício do partido, mas declarou em um show que “Bolsonaro é o caralho!”
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Apesar de alguns poucos rappers que insistem em posicionar-se a favor do presidente eleito, o grosso da comunidade se mostrou contrário ao autoritarismo e isso transpareceu principalmente nos sons que foram lançados contra Bolsonaro. Listamos aqui os sons que dão um gostinho do que pode ser o rap brasileiro nos próximos quatro anos.
1. Coruja BC1, Akira Presidente, Black, Rod 3030, Don L – “Lei Rua Neles”
A Pineapple reuniu alguns os grandes rappers que temos hoje pra fazer uma cypher estilo “Poetas no Topo”, mas com a mira virada para Bolsonaro. O destaque especial vai pro verso do Don L, que deu um salve no Shawlin por apoiar o presidente eleito: “Se o Shawlin é aluno de Olavo / Eu sou Bruce Lee e mato MCs paga pau de mão branca.”
2. Diomedes Chinaski – “Disscanse em Paz”
O primeiro som a sair em repúdio a Bolsonaro, Diomédes não pegou leve na caneta pra demonstrar o desgosto pelo presidente eleito e cumprir sua missão de “salvar o Brasil”, fazendo um som que em alguns momentos vai na pegada bem violenta do horrorcore.
3. Bocaum, Leoni, Adikto, Axant, Mary Jane, Vk Mac & Dudu – “Primavera Fascista”
Novos e velhos nomes do rap capixaba se reuniram em “Primavera Fascista”, cypher que descreve mais do que alguns motivos para não eleger Bolsonaro: a homofobia, o fascismo, o racista, o retrocesso e muitos outros. Como Leoni bem coloca, “dá o Brasil pro hip hop que nós resolve o problema.”
4. Emicida
O Emicida tava tão puto com a — até aquele momento, apenas hipótese de — eleição do Bolsonaro que soltou um freestyle contra ele sem beat mesmo, direto no Instagram, falando que jamais votaria em quem relativiza escravidão e quer estragar o corre das minas por igualdade. E tá errado?
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