Pra quem é um tanto obcecado em imageboards esquisitos espalhadas pela internet e no quase-finado Tumblr, a mostra O Tempo Mata no Sesc Avenida Paulista parecerá estranhamente familiar. A exposição reúne obras de 17 artistas que juntos cobrem seis décadas de produções audiovisuais artísticas, abordando temas inevitavelmente atuais como gênero, identidade, raça e consumo. A exposição foi inaugurada no dia 21 de março para o público e ficará aberta até 16 de junho.
Ocupando dois andares do prédio do Sesc da Paulista, as instalações de vídeos dos artistas selecionados usam referências da música, cinema e de acontecimentos históricos despertando no espectador uma função quase de arquivista de imagens. A exposição foi feita em parceria com Julia Stoschek Collection, uma coleção privada de arte dedicada à obras de arte temporal produzidas em vídeo, filme, áudio ou tecnologias computadorizadas. Atualmente, a coleção particular só é acessível nas cidades de Berlim e Düsseldorf onde é possível visitar com hora marcada e chega pela primeira vez com obras selecionadas para o Brasil.
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Nos trabalhos selecionados, se destacam nomes de peso como o Chris Burden. Nascido em Boston (EUA), Burden foi um dos grandes nomes do movimento Body Art — praticando performances extremas que questionavam desde a ética artística à reações do público e lá pro final da sua extensa carreira artística assinou também esculturas impressionantes como a Beam Drop no Inhotim em 2008.
A frase que dá nome à exposição do Sesc foi, inclusive, tirada de um dos vídeos do artista criados na década de 1970, compondo uma série de inserções comerciais transmitidas em canais de televisão aberta para, segundo o artista, fazer com que a arte alcançasse um público maior que o das instituições.
Burden não é o único a se comunicar com o espectador através de uma linguagem acessível e bem sucedida a ser estranhamente familiar com a geração mais jovem já nascida com internet dentro de casa. No espaço do Sesc reservado à exposição, há também instalações que abordam o feminismo e a representação da mulher na arte como a obra Destroy She Said da italiana Monica Bonvicini.
Já a obra APEX de Arthur Jafa, artista norte-americano, aborda a cultura afro-estadunidense através de uma colagem de fotografias e imagens que quase resumem a formação básica da cultura pop ocidental. A familiaridade despertada pela colagem de Jafa fica evidente através também de outros trabalhos do artista nos clipes da cantora Solange Knowles e em filmes de Spike Lee.
Para o curador da exposição Rodrigo Moura, a familiaridade que o espectador pode vir a sentir perante às obras selecionadas está profundamente marcada pelo avanço dos meios mecânicos e eletrônicos. “Essa revolução começa com a reprodutibilidade técnica, mas avança com a transmissão por satélite e explode com a internet,” diz Moura que ocupa atualmente o cargo de curador adjunto de arte brasileira no MASP.
Além das obras selecionadas, a exposição O Tempo Mata contará também com o curso “Arqueologia de Imagens” que se iniciará em maio e será ministrado pela diretora de cinema Fernanda Pessoa, além de exibições de vídeos comentados por curadores de arte. A exposição é na faixa.
O Tempo Mata – Imagem em movimento na Julia Stoschek Collection
Quando: de 21 de março a 16 de junho de 2019
Horário: das 10h às 21h30 (terça a sábado), permanência até 22h; e das 10h às 18h30 (domingos e feriados), permanência até às 19h
Local: Av. Paulista, 119 – Arte I (5º e 6º Andar)
Quanto: Grátis – entrada livre
Classificação: Livre