FYI.

This story is over 5 years old.

Games

Por que os heróis de 'Overwatch' são tão diferentes em 'Heroes of the Storm'?

Pedimos para um jogador profissional avaliar as diferenças entre os personagens dos dois games da Blizzard.
Todas as imagens: Blizzard/Divulgação

Com o jogo de tiro Overwatch no topo da lista de franquias queridinhas dos fãs da Blizzard, não demorou muito para que colocassem alguns de seus heróis também em Heroes of the Storm, o MOBA que junta várias franquias da empresa sob o mesmo teto. Tracer, a protagonista fofinha de Overwatch, foi lançada no MOBA até mesmo um mês antes do jogo de tiro chegar às lojas. Mais de um ano depois, a Blizzard acaba de anunciar que Ana e Junkrat serão os próximos heróis a se unirem aos cinco já lançados em HotS.

Publicidade

Leia mais: Time brasileiro está nos planos da Overwatch League

Por ser a primeira a aparecer em HotS, Tracer deu pistas sobre o trabalho que os desenvolvedores teriam para adaptar outros heróis. Não parece fácil passar as mecânicas de um jogo de tiro em primeira pessoa para um MOBA em terceira pessoa. Enquanto as habilidades heróicas de Overwatch dependem do dano causado e da cura realizada pelos personagens para ficarem disponíveis, em HotS elas dependem da progressão de nível e do tempo de recarga.

Tracer atacando em 'Heroes of the Storm'.

Murillo "murizzz" Tuchtenhagen, um brasileiro que é ex-jogador profissional de Heroes of the Storm e atual jogador profissional de Overwatch, lembra que Tracer foi inserida no Nexus (o universo onde se passa HotS) com as mesmas mecânicas de seu jogo de origem, inclusive com a excelente Bomba Eletromagnética desbloqueada com dano. "Na hora que eu fui para a Tracer no começo do Heroes of the Storm, eu tinha uma certa facilidade porque eu já sabia mais ou menos como ela tinha que ser. Na real ela foi um dos únicos [heróis] mais parecidos [com o original]. Tem que dar tiro para [ganhar] a bomba e matar."

A transição de um jogo para o outro pode mudar totalmente a forma de jogar em relação ao original. "A questão da mira complica um pouco para comparar", diz murizzz. "No Overwatch, você consegue ficar [com a Tracer] atrás de uma parede dando tiro, escondido, fugindo do Soldado 76 adversário, e batendo nos tanques para farmar a 'ult' [habilidade mais forte de cada personagem]. No Heroes of the Storm não vai ter gente errando tiro, porque o ataque básico vai sempre pegar. Então, o gameplay dela no começo é parecido, mas em HotS ela é muito mais explosiva na hora de matar alguém, enquanto no Overwatch ela tem mais flexibilidade."

Publicidade

Zarya também sofreu com a mira. "No Overwatch ela tem a função de tanque, mas também é DPS. Ela é forte em todos os quesitos. No Heroes of the Storm não tinha como fazer ela dar muito dano no ataque básico. Seria forte demais. De qualquer jeito, acaba que ela só serve de DPS contra essas composições corpo a corpo, ou dar escudo para alguém enquanto dá dano de longe, sendo simplesmente um suporte", comenta murizzz.

Zarya apelando com sua 'ult' em 'Overwatch'.

Por ser em terceira pessoa, algumas habilidades heróicas em Heroes of the Storm não são tão eficientes quanto as originais. O Surto de Grávitons da Zarya é péssimo e raramente é escolhido em partidas competitivas, que preferem a Zona de Expulsão. "No Overwatch, mesmo sendo um tanque mais lerdo, você chega mais perto dos caras e consegue 'ultar' no seu pé vindo de uma esquina que o pessoal não vê e pega todo mundo, mas no Heroes of the Storm não acontece isso porque os caras vão sempre estar longe. Olhando de cima, é muito mais fácil ver uma habilidade e esquivar dela do que estando em primeira pessoa", diz murizzz.

D.Va talvez tenha sido o maior desafio de ajustes para a Blizzard. A Matriz de Defesa dela, que em Overwatch anula todo o dano de projéteis, é uma área pequena e fácil de evitar que reduz temporariamente o dano do inimigo em HotS. "Não acho que a Blizzard realmente tenha errado. Se colocassem a D.Va do jeito que é no Overwatch, seria muito ruim. A Matriz é uma mecânica meio idiota de tão forte que é, porque não é controlável. Tentaram balancear isso no Heroes of the Storm e ficou uma habilidade não muito útil, e eles colocaram coisa novas para realmente tentar balancear".

Publicidade

Por outro lado, o personagem brasileiro Lúcio caiu como uma luva, principalmente por aumentar a velocidade de movimento dos aliados, que é pouco comum no Nexus. "Ele ficou com uma essência bem parecida", comenta. "Um segundo de velocidade que você dá pode mudar o rumo da luta inteira. Um passinho para frente e você consegue pegar um abate, ou um passinho pro lado para desviar de algo, perseguir, fugir de uma ultimate que outro time usou, muda tudo."

Genji, o ninja cibernético que causa pânico nos inimigos (e nos aliados, se na mão da pessoa errada), também ficou fiel ao original depois de um tempo. "No começo do HotS, o pessoal não usava a Lâmina do Dragão, que é o ícone do Genji no Overwatch e todo mundo sabe que é forte. Usavam a outra ultimate do Corte Duplo. Hoje já a usam mais em combinação com a ultimate de outro suporte".

Genji, o terror dos inimigos (e dos aliados, se na mão da pessoa errada) em 'HotS'.

Ana será a sexta personagem de Overwatch no Nexus e murizzz diz estar ansioso para a chegada da suporte ao jogo, principalmente por ela adicionar mecânicas completamente novas a HotS, como uma cura que precisa ser mirada ao invés de apontar e clicar. "Tem suporte no Heroes of the Storm que fica forte porque você aperta um botão e o cara não morre. A Ana não é questão de número alto. Se ela conseguir ser uma curadora boa, vai ser forte [dependendo da] pessoa que está jogando ela. Acho que é muito bom para o próprio jogo."

Junkrat, que virá logo depois, deixou murizzz em dúvida sobre como ele poderia aparecer em Heroes of the Storm. "Ia ser bem peculiar. Acho que a Blizzard vai ter que ter um bom trabalho nele porque até no próprio Overwatch ele já é meio estranho. Não dá para prever o dano porque ele não tem muitos alvos. Pode ser que eles tenham um trabalho tipo o da D.Va, que tenham que fazer uma mecânica diferente para que ele se encaixe."

No entanto, ele lembra que, independente das grandes mudanças entre um jogo e outro, a Blizzard está sendo bem sucedida e está com o foco certo ao importar esses heróis. "Pode até colocar exatamente igual no Overwatch ou até exatamente diferente, mas essa medida tem que encaixar nos dois lados. Tem que ser útil e ter sinergias. Tem que encaixar realmente no Heroes of the Storm e eles estão conseguindo fazer isso. Acho que na real estão fazendo um bom trabalho."

Siga a VICE Brasil no Facebook, Twitter e Instagram.