kings of england
Todas as fotos por Graeme Oxby. 

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Viagem

Fotos dos ingleses obcecados por Elvis

O Rei não está morto, está sentado num pub inglês.

Este artigo foi originalmente publicado na VICE UK.

Há cinco anos, Graeme Oxby deu de caras numa estação de serviço de Doncaster, Reino Unido, com um tipo que conhecia, mas que há muito não via. O homem, de casaco dourado vestido, enchia o depósito do seu cadillac. Contou a Graeme que tinha mudado o nome para Elvis Parkin e que estava a "viver o sonho". Este foi o começo da jornada fotográfica de Graeme pelo mundo dos impersonators de Elvis, que resultou no projecto The Kings of England.

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Ao longo do tempo, o fotógrafo encontrou uma comunidade maior do que alguma vez esperou, constituída na sua maioria por homens de meia idade da classe operária. Falei com Graeme sobre os seus sósias de Elvis preferidos, o encanto do cantor para a classe operária britânica e a forma como o Rei permite que os homens explorem as zonas cinzentas nos limites da masculinidade.

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VICE: Porque é que achas que Elvis é uma figura tão importante para classe trabalhadora?
Graeme Oxby: Acho que há várias razões. O próprio Elvis era da classe trabalhadora, condutor de camiões antes de se tornar famoso. Há qualquer coisa nestas histórias, de quem vem do nada e chega ao topo, o chamado American Dream, que fascina as pessoas - particularmente as gerações mais velhas, que foram criadas à base de filmes americanos e cultura americana. A ideia de um homem da classe operária se tornar na pessoa mais famosa do Planeta - seguramente numa das pessoas mais fotografada do Planeta - é apelativa.

Para além disso, tem músicas incríveis. Se entrasses em qualquer clube de homens entre 1965 e 1980, verias que a sua música era omnipresente, transversal. E acho ainda que oferece aos homens da classe operária a oportunidade de explorarem os limites da sua masculinidade - arranjarem-se, mascararem-se, importarem-se com a aparência -, de forma a serem aceites na sua cultura. Por exemplo, se trabalham numa oficina ou nas minas, esta é uma forma de serem diferentes, de se exibirem. Uma maneira de expressarem a sua criatividade.

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Havia alguém que achasses particularmente vulnerável ao charme de se fazer passar por Elvis?
O que percebi nestes cinco anos a fazer este projecto, foi que muitas pessoas recorrem a Elvis em alturas de crise. Havia um homem cujo filho tinha morrido aos 21 anos; tinha morrido nos seus braços de ataque de coração. Para ele, juntar-se à comunidade Elvis ajudou-o a superar o seu próprio desespero. É quase como uma religião, suponho. Algo em que as pessoas podem canalizar as energias e é um ambiente muito inclusivo e uma comunidade muito unida.

Quais foram os Elvis que mais gostaste de conhecer?
Elvis Parkin foi definitivamente um deles. Outra que conheci foi Polk Salad Annie. Era uma mulher muito interessante, também de Doncaster e medium. Actuava como Elvis e teve a sorte de o conhecer nos anos 70. Viajou até aos Estados Unidos para ver vários concertos. Isso coloca-a numa posição muito interessante dentro da cena Elvis, porque a opinião dela sobre a aparência das pessoas, as suas músicas, como actuam, etc. é muito valorizada. É uma expert e continua em contacto com O Rei.

Ok.
Outro era um puto de Yorkshire, chamado Alfie. Parece ter usado Elvis para ultrapassar circunstâncias pessoais, porque foi vítima de bullying na escola. O pai tinha uma doença fatal e isso era, por mais inacreditável que pareça, a razão pela qual lhe faziam bullying. Mas, começou a ser um impersonator de Elvis, ganhou um concurso e, de repente, tornou-se alguém. Isto trouxe-lhe um sentimento de orgulho que silenciou os bullies. Agora, É uma grande estrela em toda a cena Elvis e tem apenas 14 anos.

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És fã de Elvis?
Claro que sim! Quando estava na escola de artes, trabalhava para um jardineiro paisagístico e ele era um grande fã dE Elvis. mostrou-me todas as músicas de início de carreira. Elvis, quando começou, era uma força da natureza, fabuloso e bonito.

Com o passar do tempo, as coisas tornaram-se um bocadinho mais desenxabidas, por vezes. Há fases que adoro e fases que nem por isso. Mas, acho que muito do que ele fez ainda é icónico. Já houve muitas pessoas a sugerirem-me que eu próprio me tornasse num Elvis impersonator, mas até agora tenho resistido.

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Este projecto será exibido na edição deste ano do Format Festival em Derby. O livro "The Kings of England" é publicado pela Bluecoat Press e está disponível aqui.


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