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Música

Um Funcionário do Google Fez um Musical Sobre o Burning Man e o Vale do Silício

Falamos com o compositor da peça sobre a sátira musical que envolve EDM e pessoas do Vale do Silício.

Burning Man: The Musical está chegando aos palcos — e este vídeo mostra em primeira mão como será o projeto se ele conseguir arrecadar fundos suficientes na sua campanha no IndieGogo. O musical é uma criação de Matt Werner, um escritor de Nova York que achou que a invasão escrota do Burning Man pela galera do Vale do Silício — que teve como resultado tanto os voos particulares da Burner Air quanto festas de protesto intituladas "Fuck Burning Man" — rendia uma boa sátira. Ironicamente, Werner trabalha no Google.

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O criador, Matt Werner, e o elenco de 'Burning Man: The Musical'

O espetáculo que se desenrola neste vídeo de cinco minutos narra a história de Joe, um jovem desenvolvedor de aplicativos que é jogado em um mundo de óculos de proteção customizados e art cars de DJs-celebridade. As cenas foram filmadas em um fim de semana, em Long Island City, Queens, e trechos da faixa de abertura do musical estão disponíveis no SoundCloud para que os DJs possam criar seus próprios remixes. Falamos com o compositor do musical, Gene Back, sobre como foi compor a trilha sonora e que técnicas específicas do EDM ele satirizou.

THUMP: Qual é o seu background como compositor musical?
Gene Back: Estudei violino clássico e aprendi a tocar guitarra sozinho quando era adolescente. A partir daí, comecei a compor e aprendi produção musical sozinho. Mas foi só depois de passar muitos anos em turnê com o The Books and Zammuto que comecei a compor de maneira mais comercial. Nos últimos anos, meu trabalho em tempo integral tem sido compor dentro de vários gêneros para agências de publicidade e grandes produtoras musicais, fazendo de tudo, de ambient electro a trilhas sinfônicas para Hollywood.

Você já curtia EDM antes de trabalhar neste projeto?
Sempre gostei de alguma forma de EDM antes do termo se tornar oficial como é agora. Nos anos 90, para mim, as trilhas sonoras eram uma grande fonte para descobrir música, e foi assim que descobri grupos como Crystal Method, Underworld e Chemical Brothers. Quando passei uma breve temporada no Reino Unido, meus amigos me apresentaram ao drum and bass e a alguns psy trance bem pesados, como o Infected Mushroom — que chamou minha atenção por causa dos seus arpejos estranhamente clássicos.

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Leia: Não Criemos Pânico, o Burning Man Não Está Banindo a Dance Music.

Quanto ao EDM mainstream como ele existe hoje, eu basicamente escuto para ficar ligado no que está sendo feito em termos produção e técnicas de engenharia atualmente. Adoro DJs como o Boys Noize, que já vi três vezes nos últimos anos, e caras como o The Presets — é incrível o impacto que a bateria ao vivo, combinada com bateria eletrônica, pode ter num set ao vivo.

Uma cena do musical chamada "What would Steve Jobs do"

Houve desafios específicos em compor para um musical sobre o Burning Man?
Principalmente, o desafio foi descobrir uma maneira de transitar imperceptivelmente entre deixas musicais de uma maneira que parecesse o set de um DJ, só que no formato musical. Sabíamos que precisávamos começar com um tema principal antológico: "What have you heard about Burning Man?" ["O que você ouviu a respeito do Burning Man?"]. Então, tínhamos que achar uma forma de incorporar um rap sobre uma linha de baixo acid, que levasse a uma balada folk, seguida por um círculo de bateria. Mas o mais desafiador foi reunir todas essas referências e ideias e, ao mesmo tempo, manter um "feeling" de musical, incorporando partes de coral, a composição de partes vocais clássicas, e deixar espaço de manobra suficiente na música para sustentar a melodias no estilo musical. Além disso, manter a autenticidade entre esses gêneros razoavelmente conflitantes durante a produção e a mixagem foi bastante complicado.

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Que técnicas musicais utilizadas no EDM você satirizou?
Algumas das técnicas do EDM às quais fiz referência foram coisas como sintetizadores pesados dos anos 80, as linhas de baixo cambaleantes do acid, vocais processados e picotados, que você ouve durante o rap e a última deixa musical, "What would Steve Jobs do". Então há o épico crescente de tarol, os temas clássicos de tarol do 808 e as linhas de sintetizador escorregadias e piscantes com um filtro mono. A música é definitivamente irônica, mas tentamos mantê-la séria o suficiente para que o ouvinte médio pudesse se identificar de uma maneira convincente.

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Pode explicar como incorporou a ideia de um "remix de DJ" à trilha sonora?
O remix de DJ entra com força total na última cena, "What would Steve Jobs do". Essa parte tinha que parecer mesmo um número tradicional de musical no começo, mas depois entrar numa espécie de modo remix. Começa com uma vibe meio de balada, só o piano acompanhando a voz com uma melodia contemplativa. Lá pela metade do refrão, os tambores aparecem do nada. Logo depois, todos os elementos do remix de uma balada começam a surgir, incluindo outra frase electro de piano, um sintetizador fortemente distorcido que vai crescendo vagarosamente, junto com o filtro passa-baixo e a equalização, os vocais das personagens femininas vão se fragmentado em notas rítmicas e, depois, são sincronizadas com o piano, e finalmente, há um grande arrebatamento, chegando ao clímax, quando o baixo começa a "sumir".

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Tradução: Fernanda Botta