campo de futebol na islândia
Todas as fotos por Ágata Xavier

FYI.

This story is over 5 years old.

Fotografia

Lá na Islândia os campos de futebol estão por todo o lado

No país que acaba de espantar a Europa do futebol, jogar à bola em sítios deslumbrantes é fácil... desde que não esteja tudo coberto de neve e gelo.

Uma pessoa vai à Islândia e já não volta. É uma chatice. Ficamos como aqueles amigos cansativos que ficaram presos em Erasmus e que dizem que lá na cidade onde estiveram nove meses, mesmo que fosse uma vila lituana onde o sol brilha cinco minutos por dia, é que era bom. Esta "islandite" estava mais ou menos controlada (admito, talvez o meu namorado já revire um pouco os olhos quando inicio as frases com "Lá na Islândia"), até começar o Europeu de França.

Publicidade

Quem diria que aquela equipa de gente que alinha em ligas secundárias (excepção feita a dois jogadores) e com um cineasta na baliza chegaria aos quartos de final. Eles, que nunca tinham chegado a uma fase final de um torneio e cujo golo mais importante da História foi marcado há coisa de duas semanas, precisamente contra Portugal, no empate a uma bola.

No fundo, pouco separava a Islândia da selecção da Samoa Americana, uma equipa que mereceu um documentário por ser tão má (chegou a levar 31 golos da Austrália) e que, após a contratação de um bom treinador, quase se apurou para o Mundial. Muita coisa mudou e a Islândia está bem melhor do que os seus distantes compadres do Pacífico (apesar da derrota nos Quartos com a França por 5-2).

Eles foram os responsáveis por deixar a Holanda fora deste Europeu e logo aí devíamos ter percebido que estes hidden people (no original diz-se Huldufólk, que significa elfos) se estavam a agigantar.

Empataram com Portugal e com a Hungria. Ganharam à Áustria e correram com a Inglaterra. Agora já todos sabem quem é o Gunnarsson, já todos se emocionaram com as palmas em câmara lenta que pediram emprestadas à claque escocesa e já todos sabem as declinações dos nomes em islandês (os homens são son e as mulheres dottir – pois, o nome completo da Bjork é Björk Guðmundsdóttir). Antes, tirando o Guðjohnsen que jogou no Barcelona e no Chelsea, nada mais se sabia desta equipa.

Publicidade

Foram uma surpresa e as comparações com a selecção da Dinamarca - que em 1992 foi repescada à última da hora, porque a Jugoslávia se estava a desmembrar, e acabou por ser campeã - têm sido muitas. Convém lembrar que Dinamarca já tinha Laudrup, Schmeichel e Olsen a puxar o lustro aos relvados, enquanto que a Islândia andava no seu característico lusco-fusco climatérico.

Lá na Islândia, país que visitei em 2014, há campos de futebol por todo o lado – e quaisquer traseiras ou jardins têm duas mini balizas brancas para divertir os miúdos. Na altura, um dos meus objectivos era viajar até Heimaey para conhecer o estádio do IBV, equipa onde alinhava o antigo guarda-redes da selecção inglesa, David James. Não deu, a geografia do país não ajuda a desvios, mas basta imaginar que é um campo no meio do Oceano com capacidade para 983 pessoas.

Consegui ver outros campos nos 1.500 quilómetros que fiz para dar a volta à ilha e até assisti a um jogo de futebol entre o primeiro e o terceiro classificado, o KR e o Valur - torci pelo último por ter uma águia no símbolo e ser o clube da casa. O estádio tem só uma bancada que leva até três mil pessoas, a maioria das quais da família dos jogadores, e o KR tinha uma criança a tratar das substituições - e que entrava em campo para celebrar os golos. É assim lá na Islândia.


Segue a VICE Portugal no Facebook, no Twitter e no Instagram.

Vê mais vídeos, documentários e reportagens em VICE VÍDEO.