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Drogas

Discos: Dãm-Funk & Snoopzilla

Funk, marijuana e honeys a fechar o ano.

7 Days of Funk

Stones Throw

Snoop Dogg tornou-se num paradoxo. Começou por inscrever o seu nome na história do hip-hop nos anos 90, com diamantes sonoros como

Doggystyle

 (1993) e

Tha Doggfather

 (1996), e acabou a colaborar, entre esguichos mamários simulados e gelados, com Katy Perry e o afilhado David Carreira. Se ao longo dos anos foi perdendo a veia qualitativa e imprevisível do início de carreira, acabou por se tornar numa piada com as colaborações

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pop-sprinkled

 por que enveredou. Certo é que, tudo o que fizesse a seguir, teria um enorme ponto de interrogação atrelado ao seu nome, que entretanto também sofreu metamorfoses: Snoop Doggy Dogg, Snoop Dogg, Snoop Lion, Snoopzilla.

Até que surge

7 Days of Funk

, uma colaboração de Snoop com um dos artistas mais

hyped

 da nova escola do funk, Dãm-Funk. Aqui, o rapper da West Coast norte-americana mostra que a Força está nele e prova (embora não precisasse) que tem tudo para ser um gigante da cena funkadélica. Por outro lado, Dãm-Funk está igual a si mesmo: um virtuoso

player

 de teclas sintetizadas, com sonoridades de tons cósmicos, electrónica deambulante e

beats

 secos.

7 Days of Funk

 é uma longa funky night com os boys num clube infestado de marijuana, honeys e coros telepáticos. O alerta dos tropas na casa é lançando logo no primeiro som, “Hit Da Pavement” (“Niggaz hit the pavement, real true statement / Grind 'til they pay me, real niggaz hit the pavement”). Em “Fadden Away”, Snoop revela-se no habitual flow descomprometido com um abusado jogo de teclas na sombra; e “Do My Thang” remete para o chavão de sempre de Snoop, agora sob os tais toques cósmicos do teclado de Dãm-Funk. E todo o disco gira num ritmo consistente, sem oscilações de humor e estilística, usando e abusando dos mesmos elementos em todas as faixas, sem que se esgote o conceito.

Dãm-Funk e Snoopzilla não falham ao estender a produção apenas por 30 minutos para um título que se impõe como uma semana de funk. Daí que entrou directamente para a minha lista de melhores de 2013, mesmo no encerrar do ano. Além disso, tenho para mim que Snoop Dogg sobressai tão bem no funk como a dropar 16 barras.