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Música

À conversa com a Scary Spice

Mais de uma década depois do fim das Spice Girls.

Sabes que a vida correu-te bem quando tens o teu próprio reality show na televisão. E depois de teres tido o teu próprio programa, de teres participado em muitos outros programas, de teres ganho montes de dinheiro com quatro documentários e de teres escrito uma autobiografia, é nessa altura que percebes que és a Melanie Brown, também conhecida como Scary Spice. Quando o grupo de miúdas — as cinco gajas com o gosto mais questionável de sempre em relação à moda — que mais vendeu em toda a história se separou, a Mel B não ficou parada. Já passou mais de uma década desde que as Spice Girls seguiram caminhos distintos e, desde então, a Brown apimentou a sua vida (para se lembrarem do que é bom, voltem a ver este vídeo) com uma carreira bastante variada. Até agora, lançou dois discos a solo, apareceu num filme produzido pelo Will Smith com a Kelly Rowland (!!!!), fez uma aparição nos Monólogos da Vagina, entre mil e uma outras coisas. Parece que a rapariga tem andado ocupada. Mais recentemente, a Mel participou como júri no X Factor do Reino Unido e da Austrália, no Dancing With the Stars, e na nova temporada do America's Got Talent. Depois de viajar desde San Antonio a Nova Iorque e daí a Nova Orleães, a Mel B ligou-me no último dia de audições em Chicago. Tinha descansado apenas 15 minutos, mas conseguimos falar sobre a Margaret Thatcher, sobre a entrevista com o Prince e também sobre o facto de gostar de dançar com os seus filhos. VICE: Olá, Mel! Há algum candidato no America's Got Talent que te recorde de ti própria quando ias às audições? Alguém tem um talento parecido ao das Spice Girls?
Melanie B: As minhas audições eram em salas cheias de gente. Estas pessoas têm de actuar num palco para seis mil pessoas. É uma escala muito maior, mas comigo os nervos actuam de forma positiva e fazem com que tente mostrar o melhor de mim. Temos visto actuações incríveis: números com serpentes, números de alto risco, mágicos, pessoas que engolem espadas ou bailes tradicionais. Acho que pelo menos uma dúzia deles devia ganhar o prémio de um milhão de dólares. Em 2012, assinaste um contrato com a EMI para lançar um disco em finais do ano passado. Ainda estás a trabalhar nesse álbum?
O que se passou foi que assinei com a EMI quando vivia na Austrália. Mas depois de meses a andar de um lado para o outro e ao aperceber-me de que, provavelmente, não iria voltar à Austrália, decidi que preferia estabelecer-me num lugar mais internacional. Neste momento, estou a trabalhar na minha música e com sorte sairá algo em breve. Mas não faz sentido falar disso sem ter o material. De outra forma, seria falar no vazio. Tiveste o teu próprio reality show, fizeste vários documentários, e escreveste uma autobiografia. Achas que a necessidade de documentar a tua vida surge por teres integrado as Spice Girls e de teres sido o centro das atenções durante muitos anos?
A minha vida está documentada de muitas formas. Mal saio pela porta tenho logo uma câmara colada à minha cara, seja a TMZ ou um paparazzi. Pensei que se as pessoas estivessem interessadas, eu poderia oferecer-lhes a história verdadeira. Aos meus filhos também lhes pareceu bem. Em Viva Forever!, a Geri [Halliwell] disse que os seus filhos não a conhecem como uma Spice Girl. Achas que o teu passado Spice faz parte de uma vida secreta que os teus filhos não conhecem?
Tenho um filho com 14 anos que chegou a vir connosco nas digressões e que conhece as outras miúdas. De vez em quando, o meu filho de seis anos pede que lhe ponha a minha músicas e os meus vídeos no YouTube. Quando actuámos nos Jogos Olímpicos, os meus filhos vieram aos ensaios. Acho que é importante que os meus filhos saibam que tenho de ganhar dinheiro e que gosto do que faço. Os teus filhos já mostram sinais de interesse em seguir os teus passos como bailarina ou cantora?
Qual é o miúdo é que não gosta de dançar? Todas as noites antes de dormir, dançamos para que os putos fiquem sem energia antes de se meterem na cama. Os meus filhos estão muito focados na escola, no desporto e nos seus amigos. Ainda que em seis meses tudo possa mudar, quem sabe. De todas as participações que já fizeste (Rent, AGT, X Factor, Monólogos da Vagina), qual foi a que mais gostaste?
Gostei de actuar na Broadway e no teatro de Londres, porque todos os dias tinha um público diferente, mas como existe um guião não se pode improvisar em demasia. Aliás, já com as Spice nunca sabíamos o que íamos dizer entre canções. Quanto a ser júri… Bem, sempre me julgaram durante toda a vida e eu também julguei toda a minha vida. Gosto de estar num programa de variedades e o X Factor é incrível porque encontramos cantores belíssimos que vêm do nada. Apetece mesmo perguntar-lhes: "Onde é que estiveram escondidos durante este tempo todo?" Há pouco tempo vi a segunda parte da tua entrevista com o Prince. Como é que conseguiste falar com ele?
Ele chamou-me e pediu-me. Foi simplesmente isso. Fiquei na dúvida, do género: “Estás a gozar comigo? Ele deve saber que sou uma grande fã dele.” Ele respondeu-me: “Não, há muitos anos que ninguém me entrevista e quero que o faças tu. Não quero que seja um jornalista chato. Quero que seja alguém divertido como tu.” Por isso, levou-me a Minneapolis e estive ali três ou quatro dias com ele. Nessa entrevista, vocês jogaram um jogo no qual tu dizias dez palavras e ele tinha de dizer a primeira coisa que lhe viesse à cabeça. Por isso, vou fazer o mesmo contigo. Preparada?
Chuta. Realities?
Televisão sem sentido. Pussycat Dolls.
Gajas boas. Fetichista.
Sexo. Camarões brancos.
O quê? O teu marido pediu camarões num encontro que tiveram num dos episódios de Mel B: It's a scary world.
[Risos]. Ele pediu camarões e eu pedi lagostins. Foi divertido. Margaret Thatcher.
Morreu há pouco tempo. Era um ícone. Defendeu tudo o que queríamos de uma mulher na sua posição defendesse. Conseguiu fazer uma mudança. Muitos artistas ingleses estavam contra ela. Ai sim?
A Geri e eu não estávamos. E o resto da banda adorava-a.