Festejando às Custas de Relações Públicas -- Festa de Espuma em Magaluf

Na semana passada, uma empresa qualquer de relações públicas me ofereceu um voo até Magaluf, na ilha de Maiorca, pra escrever sobre o Tiesto e um cara aí dos Black Eyed Peas, que iam tocar numa discoteca chamada BCM. Não faço ideia do motivo de eles terem me convidado, ou porque haveriam de querer que a VICE escrevesse alguma coisa sobre a tal discoteca, mas como não vou ter dinheiro para tirar férias nesse verão, decidi aceitar. Aqui vou euuuu:

Como cheguei durante o dia, decidi dar um passeio pela cidade.

Foi bom encontrar uma cidade com souvenirs de bom gosto. Geralmente, quando se visita esses lugares, é impossível encontrar alguma coisa que não seja em forma de piroca, por isso foi um alívio encontrar esse presentinho para levar para os meus avós.

Meu Deus. Só de pensar que existe alguém no mundo que usaria essa camiseta sem que fosse uma ironia me dá vontade de chorar. E me dá vontade de telefonar para os meus avós e dizer que adoro eles.

É quase tão deprimente quanto pensar que essa tatuagem existe realmente no corpo de alguém.

Demorei tanto tempo pra encontrar esse lugar que já estava ficando convencido que não existia. (Iiiirráááááa!).

Graças às diferentes línguas, às vezes quando visitamos países diferentes encontramos cartazes ou produtos que dizem coisas engraçadas. Esse é um desses exemplos (dyke = lésbica).

Fui até a praia durante algumas horas e, para me ocupar, inventei alguns jogos pra tentar adivinhar que tipo de pessoas eram aquelas. Tipo “preto ou muito moreno” (ilustrado na fotografia em cima), “sotaque nórdico ou polaco”, “estranhos preocupados ou gangue de estupradores”, “gay ou eurotrash” etc.

Até que, por fim, lá fui eu para a discoteca!

A primeira coisa que vi quando cheguei foi um concurso Miss Camiseta Molhada. É prazeroso ver a juventude de hoje a ir diretamente ao assunto e cagar e andar pras camisetas. É esse tipo de eficiência que me deixa ansioso para saber o que iremos conseguir alcançar daqui a alguns anos.

Apesar de estar secretamente à espera de odiar a discoteca, foi, provavelmente, um dos lugares mais legais onde alguma vez estive. Assim, nunca na vida nada vai conseguir competir com aquela emoção de se sentir obrigado a ir ver a banda de um amigo seu numa discoteca qualquer onde a cerveja é cara pra cacete. Mas, ainda assim, foi divertido.

Este cara também estava curtindo.

Essa mina já nem tanto. Pena que nessa foto não dá para ver o vômito dela misturado com a espuma e transformado num cocktail espumoso que o pessoal estava pisoteando.

Logo depois de tirar essa foto, saí da discoteca uns minutos e encontrei uma mulher de meia-idade sentada num banco, soluçando. Quando perguntei o que se passava, ela me contou que era uma avó de 42 anos, de Leeds, que estava ali de férias. Tinha vindo à festa da espuma, mas não sabia o que era e quando a espuma começou a encher a discoteca, aquilo estava tão cheio de gente que ela não conseguia se mexer. “Achei que fosse me afogar! Fiquei apavorada!”, contou. “Nem sequer tirei a minha carteira da chapelaria. Precisava mesmo sair dali. Achei que fosse morrer.”

O cara dos Black Eyed Peas que ia tocar lá era, afinal, o DJ Motiv8, um tal que saiu da banda logo antes de eles ficarem famosos. (Fico me perguntando se os membros atuais dos BEP sabem que ele anda por aí tocando sob o nome “Black Eyed Peas”.) Tentei entrevistá-lo pra tentar descobrir se ele estava contente com o fato de não ter nada a ver com o sucesso da “My Humps”, mas estava muito barulhento e ele não conseguiu me ouvir, por isso começou a falar sobre aliens. ("Se pudesse viajar numa nave espacial, levaria a minha mulher e os meus filhos comigo, porque eu ando sempre em turnê e nunca consigo vê-los.”)

Não tenho nenhuma foto boa do Tiesto. Tentar chegar perto o suficiente para conseguir tirar uma foto dele numa mega-discoteca em Magaluf é quase tão difícil quanto dar um murro na cara do Will e da Kate no dia do casamento real.

Caso as fotos não o demonstrem, as coisas ficaram muuuuito doidas.

E também ouvi dizer que tinha ectasy por todos os lados de Magaluf, mas não encontrei provas disso.

Só que comecei a ficar com sono e voltei para o hotel.

Decidi caminhar pela praia para poder molhar os pés no oceano.

Infelizmente, sem a supervisão dos seguranças da discoteca, a praia tinha se transformado numa versão mais pornográfica d’O Senhor das Moscas. Tirei alguma fotos, mas depois parei porque percebi que era pelo menos dez anos mais velho que a maioria das pessoas à minha volta, e isso me deixou assustado.

Por isso, bom, valeu BCM pela viagem grátis! Adorei. E, caros leitores, se alguma vez visitarem as ilhas Baleares, não deixem de ir à BCM. Foi uma experiência realmente mágica.

E, caso haja mais empresas de relações públicas interessadas em me pagar uma viagem a um país diferente durante um dia, estou COMPLETAMENTE disponível e prometo fazer uma cobertura do evento tão boa quanto esta que acabaram de ler.

POR JAMES GRITT VICE UK
TRADUÇÃO POR EQUIPE VICE BR