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Conheça os Seis Jihadistas que Foram Burros Demais para Explodir a LDI

Isso é o que acontece quando você é um terrorista mais ou menos.

O caminho de volta para casa. A pior parte de um plano terrorista fracassado. Dirigindo seu Renault Laguna, ainda ouvindo as gravações dos pregadores radicais que você passou a noite inteira gravando num CD só para “entrar no clima”. O doce alívio por não ter que passar por tudo aquilo, pelo menos não hoje. Hoje você pode ir para casa, tomar uma xícara de chá, ver o que está passando no Sky Sports e colocar os pés para cima em vez de ter que resistir desesperadamente com armas e facas entre as entranhas ainda quentes de centenas de fascistas mortos. Mas também a culpa persistente de não ter passado por isso tudo. Aquela sensação preocupante de que você falhou na vida por não conseguir se explodir com sucesso, aquela sensação chata de que Chris Morris tira sarro de gente exatamente como você.

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“Bom, acho que não tinha nada que a gente pudesse ter feito diferente”, você diz. “É, foi inevitável”, concorda seu colega conspirador. “Mas talvez no futuro a gente possa chegar lá um pouco mais cedo, né?”, você sugere. “Só para garantir…” Um silêncio desconfortável. Vocês dois olham pelas janelas para o céu cinza; a pregação radical atinge um crescendo de fúria e uma luz azul sinistra começa a piscar no retrovisor.

Deve ter sido bem assim para Jewel Uddin e Omar Khan, quando eles tiveram seu carro velho apreendido no último dia de junho de 2012 porque não tinham seguro. A dupla, mais quatro amigos, esperava explodir um comício de 750 pessoas da LDI (a Liga de Defesa Inglesa) em Dewsbury, Yorkshire. Mas o palestrante estrela do dia, o chefe da LDI Tommy Robinson, decidiu ligar o foda-se e nem apareceu. Então o comício terminou às duas da tarde e não às quatro. A multidão já tinha se dispersado quando eles chegaram lá.

A cagada foi quando eles tentaram comprar um seguro para o veículo, segundo a história que o tribunal de Woolwich Crown ouviria depois. Uddin digitou um número de registro errado no formulário online. Pior de tudo: eles só estavam tentando comprar seguro para um dia. Claro, a Inspire, a revista de recrutamento da al-Qaeda que eles tinham no carro e de onde eles copiaram à risca as receitas de bomba, nunca cobriu esse tipo de coisa. Jihadistas mais calejados poderiam ter falado sobre outra regra implícita bem conhecida dos terroristas: Pelo amor de Deus, não sejam mulambos.

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Três dias depois do veículo deles ser apreendido, uma bomba de pregos embalada com 457 estilhaços, confeccionada primariamente com papelão e fogos de artifício, foi encontrada no carro, juntamente com algumas facas e dez cópias de um bilhete que dizia:

“Esta é uma mensagem para os inimigos de Alá e seus mensageiros. Esta é uma mensagem para a diaba kafir(ímpia) que se autoproclama Rainha Elizabeth e seu maldito jubileu, enganando uma nação de ovelhas cegas com sua autoproclamada realeza e majestade.

Para a LDI (Liga de bêbados da Inglaterra). Oh, inimigos de Alá! Ouvimos e vimos vocês insultarem abertamente o Mensageiro Final de Alá… Vocês deveriam saber que para cada ação há uma reação.

Hoje é um dia de retaliação (especialmente) para sua blasfêmia de Alá e seu Mensageiro Maomé. Amamos a morte mais do que vocês amam a vida. A pena por blasfêmia de Alá e seu Mensageiro Maomé é a morte.”

Os jihadistas fracassados de Dewsbury (da esquerda para a direita): Jewel Uddin, Azal Hussain, Zohaib Ahmed.

Se eu fosse Jewel Uddin, com uma bomba só esperando para ser encontrada no porta-malas do meu carro no pátio de apreensão da polícia, eu pegaria o primeiro avião para o Paquistão. Mas não. Uddin provavelmente se radicalizou numa escola muito tosca de terrorismo. Na segunda, ele ligou para os policiais perguntando se poderia “retirar alguns itens do porta-malas” do seu Laguna. De novo: “Pelo amor de Deus, não seja mulambo”. Então os polícias foram dar uma olhada no carro. E aí ele apareceu no pátio. Aí eles prenderam o cara. Aí eles prenderam seus amigos igualmente bocós, que ainda estavam de bobeira em Brum, fazendo compras, arrumando umas coisinhas em casa e navegando pela deep web jihadista como se nada tivesse acontecido. “Atentado terrorista? Que atentado terrorista?”

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Os jihadistas fracassados de Dewsbury (da esquerda para a direita): Mohammed Saud, Mohammed Hasseen, Omar Khan.

Felizmente, esse é o tipo de gente com quem temos que lidar aqui. Olhar para as fotos do Time Jihad é como colocar os óculos de babaca-vision. Mohammed Saud parece um primo distante de um filme do Ernest P. Worrel. Anzal Hussain parece que em outra vida foi o cara que acaba tendo as bolas raspadas no meio da balada feia. Omar Khan parece uma prateleira semiconsciente e Jewel Uddin parece burro e preguiçoso demais para levantar a bunda do sofá e fazer qualquer coisa radical. Ou seja, um bando de terroristas meia-boca.

Mas para a igualmente idiota LDI, essa foi a maior propaganda que podiam querer — e eles nem tiveram que inventar dessa vez. Mesmo no comício de Dewsbury, membros da liga podiam ser vistos carregando cartazes de “Monitorem As Escolas de Treinamento Terrorista”. Imagine um partidário da LDI morto por causa de uma bomba de pregos jihadista ainda segurando um cartaz escrito “Monitorem As Escolas de Treinamento Terrorista”, seu alerta de “eu te disse” esticado sobre o túmulo, todos os jornais estampando a foto na primeira página, os comícios deles se tornando o ponto de encontro de uma geração de bombados recém-radicalizados determinados a “fazer alguma coisa” sobre mais uma notícia falsa de mesquita gigante sendo construída em Canvey Island.

Se eles tivessem conseguido, o que Uddin e sua turma teriam feito é dar o primeiro tiro do que esses dois lados realmente querem: uma guerra racial. LDI versus Islã radical em um conflito sem volta entre diferentes sabores do mesmo tipo de babaca, algo ligeiramente menos saboroso que uma luta de boxe entre Max Clifford e Piers Morgan, onde qualquer observador sensível poderia realmente dizer: “Não importa quem vença. Espero que todos eles se fodam pra caralho”. “Dê uma chance para a paz, sim, normalmente sim. Mas vamos dar uma chance para a guerra também e ver se conseguimos matar dois coelhos com uma cajadada só?” Não chegou a isso, mas se a gente já não estivesse deprimido, então o julgamento dessa semana nos mostraria que a única coisa que falta entre nós e uma guerra racial é a necessidade de Tommy Robinson passar mais tempo da sua tarde de sábado no salão de bronzeamento. Não são lá grandes notícias, de qualquer maneira.

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Ilustração por Marta Parszeniew.

Siga o Gavin e a Marta no Twitter: @hurtgavinhaynes / @MartaParszeniew

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