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A Coreia do Norte insultou os EUA e se gabou de sua nova 'bomba H da justiça'

O Conselho de Segurança da ONU condenou os mais recentes testes nucleares da Coreia do Norte, mas Pyongyang se recusou a abandonar a ideia e chamou os EUA de "gangue de ladrões cruéis."

O Conselho de Segurança da ONU condenou o último teste nuclear da Coreia do Norte na quarta-feira, e prometeu responder com medidas significativas contra o país, possivelmente mais sanções.

Os EUA e o Japão pediram a reunião do Conselho de Segurança horas depois que o governo da Coreia do Norte anunciou ter testado com sucesso uma bomba de hidrogênio. Dados sísmicos e avaliações de vários países indicaram que uma explosão nuclear realmente aconteceu no nordeste do país — conhecido oficialmente como República Popular Democrática da Coreia — mas ainda não está claro se a arma era de fato uma bomba de hidrogênio, que é mais avançada e poderosa que dispositivos atômicos convencionais.

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"Nossa avaliação inicial é que Coreia do Norte conduziu um teste nuclear no dia 6 de janeiro", disse Peter Wilson, representante adjunto permanente do Reino Unido na ONU. "Essa é uma violação clara das resoluções do Conselho de Segurança da ONU e uma ameaça para a paz e a segurança internacionais."

Na tarde de quarta-feira, a Casa Branca disse que suas primeiras análises indicavam uma explosão "não consistente" com a de uma bomba de hidrogênio, uma arma que — se for equivalente a bombas de hidrogênio nos arsenais de outros países — exige uma preparação mais elaborada e conhecimento prático para ser detonada.

Depois de reunião de emergência, o embaixador do Uruguai Elbio Rosselli, o presidente do Conselho no mês de janeiro, disse que os 15 países-membros devem começar a trabalhar imediatamente numa resolução visando a Coreia do Norte.

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O Uruguai é um dos cinco membros recém-eleitos do Conselho que começam a servir este mês. Os novos membros também incluem o Japão, que, dias depois do começo do seu mandato, viu uma de suas principais ameaças há décadas — o programa nuclear norte-coreano — se tornar o assunto principal da agenda da ONU mais uma vez.

Falando com repórteres depois da reunião do Conselho, o embaixador do Japão Motohide Yoshikawa disse que se o corpo internacional não agir, terá sua credibilidade questionada.

"Então o governo japonês pedirá que uma nova resolução do Conselho de Segurança seja adotada rapidamente… [e] deve ser robusta", disse Yoshikawa.

O embaixador não elaborou exatamente quais seriam essas medidas adicionais. A Coreia do Norte está sob sanções internacionais ligadas a seu programa nuclear desde 2006. O Conselho de Segurança aprovou quatro resoluções naquele ano, exigindo que a Coreia do Norte aderisse novamente ao Tratado de Não Proliferação Nuclear, do qual o país se retirou em 2003, e suspendesse seu programa de mísseis balísticos. O Conselho também atacou as importações do país, e impôs proibições de viagens e congelamento de bens de certos norte-coreanos ligados ao programa de armas do país.

Assista nosso documentário sobre a Coreia do Norte:

Minutos depois do começo da reunião do Conselho na quarta, a missão norte-coreana na ONU divulgou uma declaração bombástica atribuída ao governo em Pyongyang. O texto dizia que o programa nuclear norte-coreano não seria suspenso ou desmantelado "a menos que os EUA recuassem sua política hostil contra a Coreia do Norte".

"Os EUA são uma gangue de ladrões cruéis que tem dado duro para trazer até um desastre nuclear para a Coreia do Norte", dizia a declaração, que também chamava a nova arma do país de uma "bomba H da justiça contra os EUA".

Delegados da China, que é vista como principal aliado de Pyongyang, não falaram com a imprensa na reunião da ONU, mas tinham condenado os testes mais cedo. O embaixador da Rússia Vitaly Churkin disse que o Conselho deve dar uma "resposta proporcional", e pediu que "cabeças frias" prevalecessem.

Numa curta entrevista coletiva na manhã de ontem, o secretário-geral da ONU Ban Ki-moon chamou o teste nuclear de "profundamente perturbador", e disse que isso "desestabilizava profundamente a segurança regional".

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"Esse teste viola várias resoluções apesar dos pedidos da comunidade internacional para cessar tais atividades", ele disse no Conselho. "Isso também é uma contravenção grave da norma internacional contra testes nucleares."

Ban, ex-ministro das Relações Exteriores da Coreia do Sul, tem negociado com oficiais da Coreia do Norte para arranjar uma viagem a Pyongyang. Depois dos acontecimentos da quarta-feira, essa viagem parece mais distante que nunca.

Siga o Samuel Oakford no Twitter. Tradução: Marina Schnoor